Acho o fim da picada as desculpas que os dirigentes, em especial e no caso, das montadoras, dão para a não fabricação de modelos aqui. Logo antes da chegada do Tracker (e de outros modelos), era evidente que a importação de carros prontos estava aumentando bem rápido, era igualmente evidente que muitos projetos estavam indo para o México, especialmente, e para a Argentina, bem especificamente mirando o mercado brasileiro (lembrem-se que inicialmente o Trax/Tracker não iria ser vendido nos EUA), ou seja, um deslocamento de produção para lá, quando já se usava a plataforma do mesmo projeto aqui (Cobalt, Spin, Ônix/Prisma), já se tinha o motor aqui (Cruze, ainda que importado), bem como o câmbio (praticamente todos os citados) e ainda "apareceu" capacidade produtiva para termos o jipinho aqui, com o fim da fabricação da Meriva e Zafira, o que acarretou o desligamento de 1.200 metalúrgicos em SJC. Pelo próprio perfil do governo (nacionalista burro, mas nacionalista e intervencionista), eram favas contadas que, ainda que de modo para lá de desastrado, iriam brecar tal processo, o que efetivamente ocorreu. Agora, como "Inês é morta", vem com essa conversa, que no fim, pode ser verdade; infelizmente pode significar a produção de um modelo de baixo custo (o que do meu ponto de vista é péssimo, pois aqui, o custo pode ser baixo, mas o preço ao consumidor nunca é) ou, no mínimo, fica claro que ganharam alguns anos para ver o que acontece, inclusive a produção lá mesmo com importação para cá.
SÓ PARA ILUSTRAR E DAR DADOS AO QUE EU USUALMENTE FALO:
Apesar da crise, montadoras enviaram R$ 2 bi às matrizes em 2014
Renan Rodrigues
- Jornalista: Da Redação, com informações de O Globo
O ano de 2014 foi bastante conturbado para o mercado automobilístico no Brasil. As vendas caíram 6,9% e a produção de veículos novos caiu 15,3%, atingindo o menor número desde 2009. Uma das empresas mais afetadas foi a Volkswagen, que viu o seu reinado de 27 anos com o Gol cair por terra.
Nem mesmo a redução do IPI (imposto sobre Produtos Industrializados) ajudou a evitar a crise no setor. Com isso, o primeiro passo das empresas em 2015 foi reduzir custos. Até o momento, foram registradas 1.044 demissões, sendo 800 na Volkswagen, acarretando em greve dos metalúrgicos no ABC paulista. No ano passado, outras 12,4 mil vagas de trabalho foram encerradas.
Ainda assim, de acordo com coluna da jornalista Miriam Leitão no site do jornal O Globo, os dados sobre envios de recursos ao exterior mostram que
as montadoras enviaram R$ 2,06 bilhões em lucros para suas matrizes entre janeiro e novembro de 2014. No mesmo período, graças à renúncia fiscal, o governo gastou R$ 3,6 bilhões.
Os cortes do IPI foram defendidos sob o argumento de que a indústria automobilística gera muitos empregos, porém, de acordo com números da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), o número de empregados envolvidos diretamente com o setor era de 144,6 mil pessoas no final de 2014, contra 157 mil em 2013.
Financeiramente, durante a redução do IPI, que aconteceu entre 2009 e 2014, as montadoras enviaram R$ 49,9 bilhões ao exterior, levando em consideração a cotação do dólar da última segunda-feira. Enquanto o governo, de acordo com previsão da Receita Federal, deixou de arrecadar R$ 16,1 bilhões sem o imposto.
COMENTÁRIOS: Aqui, quero mostrar dados sobre o envio de lucros às matrizes, mas deixo claro que eu não concordo com esta conversa de que o "o governo gastou R$ 3,6 bilhões". De novo, é a conta que os caras fazem pensando que se não houvesse a renúncia fiscal, tal montante seria o apurado com as vendas no mesmo patamar. SERÁ QUE SEM A RENÚNCIA AS VENDAS FICARIAM NO MESMO PATAMAR? Eu, duvido.