Nº edição: 815 | Negócios | 24.MAI.13 - 21:00
A queda de Gandini Os negócios da kia encolheram quase 50% em 2012. Agora, o empresário paulista quer retomar o crescimento com a ajuda da chinesa Geely Por Rafael FREIRE
O empresário paulista José Luiz Gandini apagaria 2012 de sua história, se pudesse. Naquele ano, as vendas da coreana Kia, cuja marca representa no País, emagreceram dramaticamente, diminuindo em quase 50%, em razão do aumento de 30 pontos percentuais do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos importados. “Até o meu Palmeiras desceu para segunda divisão”, afirma Gandini, torcedor fanático do time alviverde, que a Kia patrocinou até o final do Campeonato Paulista deste ano. Gandini também renegociou com os concessionários e com os próprios coreanos para espremer as margens de lucro. Dessa forma, o aumento no valor dos carros não passou dos 15%.
Segundona: "Até meu Palmeiras desceu para a segunda divisão",
diz Gandini, que retirou o patrocínio da Kia ao clube
Agora, com a casa em ordem, o empresário quer voltar a acelerar. Sua reação envolve duas frentes. A primeira é a própria Kia. A meta é crescer 10%, o equivalente à venda de 45 mil veículos. Trata-se de um volume bem inferior aos quase 80 mil carros vendidos em 2011. O objetivo é promover oito lançamentos até o fim deste ano. A segunda envolve a representação oficial chinesa Geely para o Brasil. Dois modelos chegarão às ruas brasileiras, a partir de agosto: o compacto LC, que custará cerca de R$ 30 mil, e o sedã RC7, cujo preço é estimado em R$ 55 mil. Sobre essa nova investida, no entanto, Gandini desconversa.
“Não comento nada sobre a Geely, sou presidente da Kia do Brasil”, afirma. A única forma de conseguir o aval dos coreanos para trabalhar com outra companhia, de acordo com ele, foi comprometer-se a separar bem as duas operações. Para cumprir essa exigência, Gandini contratou o executivo paulista Ivan Fonseca, que já comandou a Ford, a Jaguar e a Aston Martin, para presidir a Geely do Brasil. A missão do executivo será nomear 20 concessionários e vender 20 mil unidades por ano até 2015. “É o volume máximo que podemos importar da fábrica da Geely no Uruguai”, afirma Fonseca.
Graças ao acordo do Mercosul, os veículos pagam menos impostos do que um carro importado diretamente da China. Piloto chinês: para separar a operação das duas marcas, Gandini contratou
como CEO da Geely o executivo Ivan Fonseca, ex-presidente da Ford
Foi exatamente essa condição que fez a parceria entre o grupo de Gandini e a montadora chinesa sair do papel. Apesar dessa conveniência, a Geely pensa alto e já estuda a construção de uma unidade no Brasil. O mesmo acontece com a Kia. Desde 1999, Gandini não esconde a intenção de ter uma fábrica local. Ele já possui um terreno em Salto, interior de São Paulo, com condições para instalar a unidade industrial. Com as atuais condições de importação, a negociação entre o empresário e os coreanos esquentou. “A Kia não vai desistir do Brasil e certamente teremos uma fábrica, mas ainda não está definido quando”, diz Gandini. “Construímos uma marca forte e temos uma rede estruturada, não faz sentido ficarmos limitados, quando temos potencial de passar dos 100 mil carros por ano.”
Enquanto isso não acontece, Gandini quer revitalizar a marca Kia, com uma safra de lançamentos. O primeiro deles é a terceira geração do sedã Cerato, apresentado no mês passado. Além da atualização visual, o modelo ganhou motor flex, opção já oferecida há mais de um ano por seus principais concorrentes – Toyota Corolla, Honda Civic e GM Cruze. O Cerato deverá ser o modelo mais popular da turma de novatos, com 1,2 mil unidades vendidas por mês, quase o dobro do desempenho de seu antecessor. Conformado em comercializar pouco mais da metade do volume vendido no passado, Gandini joga suas expectativas para o futuro, à espera da fábrica salvadora.
FONTE ISTO É DINHEIRO