16/04/2012 | 16:59
Canal de
Notícias Novo regime pode criar gargalos na indústria Executivos
das quatro grandes montadoras que atuam no país, levantam a
possibilidade de falta de alguns componentes a curto prazo Autor: Leonardo Faria/Foto: Divulgação
Carsale - Com a implantação do novo regime automotivo, algo que
obriga uma maior nacionalização dos carros produzidos no Brasil e
determina regras mais claras, incentivando a chegada de novas empresas
ao país, a indústria automotiva nacional pode sofrer com a falta peças
para os próximos anos. De acordo com executivos das quatro grandes
montadoras que atuam no país, Ford, Volkswagen, General Motors e Fiat,
há a necessidade de um novo planejamento por parte dos fornecedores para
que não ocorram “gargalos” nas etapas de produção.
Segundo o
gerente executivo de suprimentos para a América do Sul da Volkswagen,
Renato Abel Crespo, a indústria deve começar a sentir os efeitos da
chegada de novas fábricas, principalmente das asiáticas Hyundai, Chery e
JAC Motors nos próximos 3 anos. “Várias unidades produtivas estão com
suas obras sendo iniciadas. Além disso, há também uma forte expansão das
empresas que já atuam no país há alguns anos. Caso não haja um
planejamento, certamente sofreremos com problemas em algumas etapas da
montagem dos veículos”, afirmou.
Já o Diretor de Compras da Ford
América do Sul, João Pimentel, levanta a questão da logística.
“Atualmente a industria nacional já sofre com problemas e alto custos de
logística. Com todo esse movimento de expansão e principalmente com a
chegada de novos concorrentes, o poder público deve despejar uma atenção
especial a esse setor. Há grandes chances de observarmos nos próximos
10 anos uma superlotação de portos e grandes rodovias, que serão
invadidas por caminhões cegonha”, contou.
Outro
ponto levantado é uma possível falta de peças no segundo nível da
cadeia de suprimentos da indústria, ou seja, as empresas que fornecem os
componentes para os fornecedores diretos das montadoras (para entender
melhor seriam a indústria de plástico, por exemplo, que fornece o
material para a fábrica de para-choques e painéis produzir esses
componentes). De acordo com o gerente de desenvolvimento de fornecedores
da Fiat, José Romero, esse deve ser o estágio mais atingido pela alta
da demanda. “Minha preocupação é ainda maior quando falamos deste
segundo nível da cadeia. Acredito que se houver algum gargalo, alguma
falta de componentes, será nessa etapa da produção do veículo”, afirmou o
executivo.
Não há garantia de conteúdo localOutra
questão que está sendo levantada, semanas após a divulgação do novo
regime automotivo nacional, é uma real garantia do aumento do conteúdo
local dos carros produzidos por aqui. De acordo com um levantamento
feito pela consultoria IHS Automotive, há a necessidade de uma maior
regulamentação do setor.
“Mesmo com a formulação das novas
regras, ainda não há uma certeza de que teremos um índice de
nacionalização dos produtos que evidencie uma proteção à indústria
nacional. Por meio da quantidade de acordos bilaterais com outros países
e da fragilidade das regras do decreto, não há uma certeza de que a
bandeira levantada pelo governo seja atendida em curto prazo”, afirmou o
diretor da IHS, Paulo Cardamone.
Ainda segundo o executivo, há
diversos outros pontos que devem ser discutidos. “Podemos dizer que o
novo regime seja um começo, mas ainda há diversas outras questões que
precisam ser abordadas. Atualmente, temos uma alta carga tributária, um
alto custo de produção, não há nada em andamento para o incentivo da
exportação e ainda somos embrionários em questões como o incentivo à
produção de carros elétricos”, disse Cadarmone.
FONTE: http://carsale.uol.com.br/novosite/revista/noticias/materia.asp?idnoticia=9234
COMENTÁRIOS: Tá parecendo mais do mesmo de sempre: agora que a água bateu na bunda, uma vez que junto com o fechamento do mercado nacional aos importados, como as montadoras queriam, veio junto um pacotão que, FINALMENTE, qualifica o que realmente é conteúdo local e ainda junta isso tudo ao fato de sermos o QUARTO MAIOR MERCADO DO MUNDO, mas praticamente só termos porcarias feitas aqui (excetuando ainda hoje as japas, ainda que restrições) para justificar o real investimento no país, na incorporação de tecnologia, "elas" querem tirar o seu da reta, com um monte de desculpas para descaracterizar o regime.