Há 11 horas e 46 minutos
Brasil e México ainda estudam forma de garantir 'comércio equilibrado' de veículos Por
Sergio Leo | De Brasília A ministra mexicana de Relações Exteriores, Patricia Espinoza, e seu colega brasileiro, Antonio Patriota: clima amistoso
BRASÍLIA - A forma como garantir um "comércio
equilibrado" de automóveis entre México e Brasil é o único obstáculo
sério para um acordo entre os dois países, na avaliação do governo
brasileiro. Os mexicanos se queixaram aos ministros do Desenvolvimento,
Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, Antônio Patriota, de que o
Brasil não apresentou uma proposta detalhada em fevereiro, como
prometera, e que é curto o tempo para chegar a uma fórmula aceitável. A
presidente Dilma Rousseff determinou aos ministros uma solução para o
"desequilíbrio" do comércio, ainda no início de março.
Na avaliação de uma autoridade que acompanha as negociações, não
haverá problema em criar um prazo largo para que os carros mexicanos
beneficiados pelo acordo aumentem seu conteúdo nacional - uma das
reivindicações brasileiras. Também é considerada uma reivindicação
negociável, que interessa mais às empresas, a inclusão de caminhões
pesados no acordo. O que é fundamental é conseguir reduzir o déficit no
comércio de automóveis, que passou de US$ 1,5 bilhão no ano passado.
Os mexicanos resistiram a explicitar no acordo o compromisso de
equilibrar o comércio, mas as autoridades brasileiras avaliam que foi
bom o clima da reunião que mantiveram terça-feira com os ministros
mexicanos de Relações Exteriores, Patricia Espinoza, e da Economia,
Bruno Ferrari. É grande a expectativa de chegar a um acordo nos próximos
dias, e, por ordem de Dilma, os ministros da Câmara de Comércio
Exterior (Camex) farão o detalhamento da proposta brasileira para
submeter aos negociadores do México.
Os brasileiros argumentam que não quiseram fechar as portas para uma
proposta mexicana, e, por isso, apresentaram em termos gerais a ideia de
criar cotas, fixas ou flexíveis, para importação dos automóveis do
México. Para o governo, a recessão mundial, a valorização do dólar e
especificidades da economia mexicana, como a autorização para importação
de automóveis usados (600 mil, no ano passado) desequilibraram os
termos do acordo, baseado na venda de carros de alto valor do México ao
Brasil e de carros baratos brasileiros ao mercado mexicano.
Dilma mantém sobre a mesa a ameaça de cancelar (denunciar, no jargão
diplomático) o acordo que vigora desde 2003. Coube ao
secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa,
explicitar aos mexicanos os temores de que o comércio automotivo com o
México se transforme em mais um fator de desequilíbrio nas contas
externas, e prejudique, com uma enxurrada de importações, a pretensão do
governo Dilma de incentivar a produção industrial nacional com a
política de crédito e manutenção do crescimento.
O governo rejeita a crítica dos mexicanos de que o Brasil se
beneficiou com superávits até recentemente. Além de acusar o México de
permitir uma competição excessiva com os carros brasileiros, ao permitir
importação de carros usados de outros países, os brasileiros afirmam
que, até 2007, o comércio era limitado por cotas, o que dava aos dois
países a garantia de manter os déficits em um patamar manejável. O que
incomodou os mexicanos, segundo uma autoridade que acompanha as
negociações, foi a exigência de que, de agora em diante, haja equilíbrio
nesse comércio, uma ideia difícil de vender ao público interno no
México, que se escandalizou com a decisão brasileira de rever o acordo
automotivo.
(
Sergio Leo | Valor)
FONTE: http://www.valor.com.br/brasil/2549948/brasil-e-mexico-ainda-estudam-forma-de-garantir-comercio-equilibrado-de-veiculos?utm_source=newsletter_manha&utm_medium=01032012&utm_term=brasil+e+mexico+ainda+estudam+forma+de+garantir+comercio+equilibrado+de+veiculos&utm_campaign=informativo&NewsNid=2541418