Novo jipinho da Fiat, projeto grande
23/06/2016
O plano mundial prevê utilitário mais para pequeno Fiat, menos para mini-Jeep, desenvolvido e produzido no Brasil
Coluna informou a corrida pela FCA em novos projetos para substituir seus produtos mais antigos. E juntou, como antecipação nacional, outro dado: ordem para criar um jipinho — Junior, como tratado internamente. Há dias noticiou novamente: direção teria dado meia-trava nesta versão; e comentou sobre o perigo de freadas em projetos, exemplificando com o VW Taigun, mostrado, anunciado, mas freado — e esquecido.
É mais No caso FCA, fonte da Coluna esclareceu, projeto ora sobrestado em muito supera a primeira informação: é independente, não será versão dos modelos de substituição atualmente finalizando testes.
Projeto grande, mundial, de novo modelo, mais para pequeno Fiat, menos para mini-Jeep. Questão básica está na projeção de amplos números de mercado, exigindo operação mundial. Por tal definição, será criado, desenvolvido e produzido no Brasil, na fábrica de onde saem Fiats, em Betim, MG, para inicialmente fornecer à América Latina e Caribe.
Ao contrário do citado Taigun, projeto não parou. No plano falta definir onde será a outra base industrial — EUA, Itália, China.
Autoclásica, 7 a 10 de outubro
Maior dos eventos sul-americanos de veículos antigos, o Autoclásica confirmou realização entre 7 e 10 de outubro – segunda-feira, feriado argentino. Mantém o local, o Hipódromo de San Isidro, para reunir 600 automóveis e incontadas motocicletas, ganhando espaço, neste ano com o Bairro das Motos, reunindo exemplares de uso normal e de corridas.
Na rediagramação de atrações, os veículos, todos com mais de 30 anos de fabricação, estado original e perfeito funcionamento, serão dispostos enfatizando marcas e clubes. Adicionalmente, a cada 50 minutos, demonstrações operacionais em circuito próprio.
Esta 16ª edição é particularmente valorizada. A UNESCO, entidade internacional para cultura e educação, concedeu patrocínio oficial ao “Ano do Patrimônio Mundial Automobilístico 2016”, e estendeu seu reconhecimento a oito eventos mundiais: Cartier Travel & Style Concours d’Élegance (índia); Amelia Island Concours d’Élegance (EUA); Villa d’Este Concours d’Élegance (Itália); Le Mans Classic (França); Classic Days Schloss Dyck (Alemanha); Pebble Beach Concours d’Élegance (EUA); Chantilly Arts & Elégance (França); e Autoclásica.
Como temas, 50 anos da apresentação do Torino e do Lamborghini Miura; 130 anos da criação do Patent Wagen, o primeiro automóvel; homenagem à Jaguar. É o maior e mais variado encontro de antigos na América do Sul.
Toyota terá museu em fábrica pioneira
Em São Bernardo do Campo, SP, onde iniciou operações industriais em 1962, parte da área Toyota terá um Centro de Memória. Ideia boa, inusitada entre as congêneres nacionais, visa preservar instalações, referências da primeira fábrica fora do Japão, e contar história da empresa, na origem e no Brasil. Do endereço, a então Estrada do Piraporinha, 1111, hoje avenida Max Mangels Senior, saíram, em 39 anos — maio de 1962 a novembro de 2001 — 103.461 unidades de seu monoproduto, o jipe Bandeirante — pequena média anual de 2.627. Parte da área, remanescente da Mata Atlântica, terá trilha ecológica e demais prédios continuarão dedicados a produzir componentes.
Inauguração em agosto com itens caracterizadores de sua história, o último exemplar do Bandeirante, e curiosa prensa Fujitsu, operacional desde 1937 — objeto de interesse histórico deste fabricante, mas de venda descartada pela Toyota —, e demonstração em pequena linha de montagem do processo produtivo da marca, o TPS. Proposta é ser provocativo a visitas.
Roda a Roda
Negócio – Peugeot reatou negócios com a Iran Khodro, empresa com 7% de participação oficial, para voltar a produzir carros com marca, peças e assistência técnica. Estava ausente do Irã havia quatro anos, quando sua então associada GM resolveu deixar tal mercado.
Mais – Há dois pontos de relevo na transação: Peugeot voltará a competir no Irã, mercado de 3 milhões de unidades/ano. Outro, Carlos Tavares, ex-vice-presidente da Renault e atualmente presidindo a concorrente Peugeot, ultrapassou a antiga marca, viabilizando negócios à sua frente.
Demora – Kia inverteu importações da filial mexicana: trará o novo Cerato (foto) em setembro. E o Rio, antes programado para coincidir com os Jogos Olímpicos em agosto, virá apenas em 2017.
Festa – Empresa comemora última pesquisa da agencia JD Power sobre satisfação do cliente até 90 dias após compra. Kia lidera, Porsche segundo, Hyundai terceiro.
Mais uma – Jaguar Land Rover inaugurou unidade industrial em Itatiaia, RJ. Capacidade adequada a veículos de elevado preço – 20 mil unidades/ano em Land Rover Evoque e Discovery Sport. Em tempos de mercado retraído pode parecer curioso investir US$ 340 milhões em fábrica na América Latina. Mas indústria automobilística, iniciando seguir planos, é um transatlântico manobrando.
Embalo – País e mercado voltarão a crescer, e nele LR é o utilitário esporte premium mais vendido. Audi, BMW e Mercedes, em situação idêntica, implantaram e operam novas fábricas.
Pianinho – 60 mil m2, 400 funcionários, e não é fábrica como sugere o inconsciente coletivo, entrando metais e plásticos e borrachas por um portão, submetidos a tratamentos, pancadas, abrasões, usinagens, com todos os barulhos, cheiros e faíscas de produção convencional, e despejando carros prontos pelo portão de saída.
Mínimo – Coisa pouca. Exceto vidros, revestimento interno, silenciosos, importa-se tudo da Inglaterra. A carroceria, em partes, pintadas, é aqui montada. Este processo, SKD,
semi knocked down, havia no Brasil há 60 anos. GEIA, Grupo Executivo para Implantação da Indústria Automobilística, baniu tal simplicidade e estipulou crescente índice de nacionalização. Foi o gerador da indústria nacional.
Curiosidades – O baixo índice de nacionalização impede exportar os Lands ao Mercosul. Outra, preços idênticos aos ainda praticados no estoque remanescente, apesar de não haver incidência de impostos de importação.
História – Jaguar Land Rover diz ser primeira indústria automobilística britânica a construir instalações de manufatura no Brasil. Não o é. Matriz Rover já esteve aqui. Em 1958 se associou à paulistana MBA e montou jipes Land Rover série 2 (foto) em modestas instalações no bairro do Ipiranga, SP — com índice de nacionalização superior ao da atual manufatura.
Corte – Fiat disposta em renovar o portfólio de produtos: tirou de produção duas versões do Punto, TJet e Sporting – deixou apenas 1,4, 1,6 e Blackmotion 1,75. Suspendeu a produção de Linea, Bravo e Idea informando ter formado estoques para fazer mudanças nas linhas de produção – de 4 para 3. Segundo informa, tal mudança não resultará no fim de produção de nenhum modelo.
Mobilidade – Certeza da mudança da mobilidade no futuro instiga fabricantes a se adaptar. Caminhos vários: carros híbridos ou elétricos; autônomos; e nos sistemas de transporte individual, como Uber e congêneres. Toyota, recém decidiu aplicar US$ 1 bilhão na Uber, e VW, US$ 300 milhões na Gett, firma assemelhada. GM investiu US$ 500 milhões nos EUA na Maven e sua concorrente Lyft.
Outros custos – Todo custo é dificuldade para compra de carro novo. Ford criou plano de manutenção para reduzir valores. Diz, permite economizar até 39% durante os três primeiros anos. Vale para Ranger, Ka e EcoSport.
Segurança – Brasil parecia isolado da atual praga mundial, as falhas dos sistemas de bolsas infláveis da japonesa Takata, comprometendo a segurança e causando recalls a milhões de veículos. Mas chegou aqui: Toyota, Honda e Mitsubishi (picapes) chamam clientes para trocar componentes perigosos.
Apresentação – GM alugou Autódromo de Brasília para apresentar novos S10 e Cruze à rede de concessionários, vendedores, mecânicos. Exposições técnicas e oportunidade de dirigi-los – apesar de o circuito aguardar obras para finalizar o básico para voltar a funcionar.
Made in England – Fábrica de veículos, quando se instala, agrega fornecedores de origem. No caso da Jaguar Land Rover, atraiu inglesa IAC, International Automotive Components, fornecedora de todo o interior a Evoque e Discovery.
Especialidade – Líder na Europa e no Brasil com produtos construídos pela Iveco, a PSA criou diretoria especializada em Veículos Utilitários, e quer elevar sua participação em vendas. Programa 16 novos veículos no setor para América Latina, dobrar volumes, triplicar lucros até 2021. Confirmou informação antecipada pela Coluna: terá picape para uma tonelada.
Resgate – Citroën quer recuperar parte de seu DNA, esquecido sob o controle da PSA, empresa Peugeot. Iniciar pelo conforto de rolagem com o programa Citroën Advanced Comfort. Para melhor filtrar as imperfeições do piso, evoluiu a suspensão com o uso de dois batentes hidráulicos progressivos, assentos inovadores, colagem estrutural da carroceria por filetes descontínuos.
Segurança – Movimento Stop the Crash para adotar equipamentos, reduzir acidentes e seus danos chegou à América Latina por evento em Santiago do Chile. Quer que governos tornem obrigatórios sistemas de controle de estabilidade, de frenagem autônoma e ABS, aqui obrigatório.
Caminho – Sombrios caminhos impedem a adoção por autoridades dos países, apesar da colheita de vantagens econômicas pela redução dos acidentes e suas perdas. Ganhou apoio de peso: a ONU recomendou uso aos países membros.
Legal – Phillips deu solução a problema de trânsito: o uso de lâmpadas de xenônio em faróis comuns, não adequados, produzindo ofuscamento. Tal procedimento é vedado por Resolução do Contran. Criou a Crystal Vision Ultra em lâmpadas H1, H3, H4, H7, H11, HB3 e HB4. Emitem a desejada luz azulada e são em torno de 30% mais potente ante as halógenas.
Negócio – Consultoria econômica Hagerty, dos EUA, indicou, entre os anos 2008 e 2014, nenhum investimento superou os automóveis antigos. Bolsa manteve-se quase estável; ouro subiu 100%; antigos 250%.
Conta – Simples entender. Os parâmetros são dos EUA onde, desde a crise de 2008, as aplicações bancárias rendem 1% ao ano; o país lutou para se recuperar, com economia em plano baixo. Automóveis antigos de estirpe se transformaram em investimento, como as obras de arte, e valorização permeou para a base da pirâmide e outros mercados. Automóvel antigo de qualidade é obra de arte tridimensional – e anda e dá sensações dinâmicas.
Ecologia – Após proibir circulação de ônibus e caminhões pesados licenciados antes de 1º. de outubro de 2001 em Paris, sua Câmara Municipal estendeu vedação a automóveis fabricados anteriormente a 1997 e motos pré-2000. Integra a Lei da Transição Energética para melhorar a qualidade do ar. Vale a partir de 1º. de julho. Exceções há: veículos de coleção, licenciados como tal.
Retífica RN – Atento, leitor Fred Carvalho, sobre nota da Coluna passada da inexistência de empresas nacionais em nossa indústria automobilística, lembra haver a Agrale. Está correto. É a única com produtos próprios.
Gente – Fréderic Chapuis, franco-brasileiro, diretor comercial da Citroën Brasil, promoção. Diretor de Veículos Utilitários América Latina. Missão, tirar Peugeot e Citroën da periferia das vendas e trazê-las à competitividade. / Antônio Baltar Jr, promovido: lidera área de vendas, distribuição, supervisão de escritórios regionais e relacionamento com distribuidores. É do ramo. Maurício Greco gerirá Produtos, Propaganda, Publicidade, promoção de vendas. / Diretor da matriz Volkswagen, alvo de investigação criminal pela Promotoria de Brunswick, na Baixa Saxônia, Alemanha. Nome não declarado, mas a ação é o Dieselgate, pela qual veículos diesel da marca foram vendidos emitindo poluentes acima dos níveis legais. Colega como réu, Martin Winterkorn, o ex-poderoso CEO da marca.