Novo Peugeot 208: oportunidade e coragem
07/04/2016
De Carro por Aí - Nasser
Franceses renovam mecânica e acrescentam esportivo à linha; paraguaios são primeiros no continente a fazer um JAC
Festa e conteúdo para recomeçar. Peugeot resolveu encarar imprevista queda de vendas — 50% maior à perda do mercado — revendo leque de produtos. Em toda a linha 208 aplicou atualizações estéticas europeias, a nova filosofia de ser os mais equipados do segmento e, na faixa superior, criou duas versões. Uma, Sport, distinta por decoração, com mecânica conhecida, motor 1,6, 16V e 122 cv. Outra, GT, superior, motor THP 1,6 turbo e 173 cv.
Direção oposta, primeiro degrau de vendas, centrou esforços trocando motor quatro-cilindros 1,4 por um novo, o Puretech, 1,2 com três cilindros e iniciais 90 cv — na Europa seu turbo faz 120 cv. Diz, será o motor mais econômico do país, afirmação a ser aferida ante o VW Up TSI e o novo Hyundai HB20 1,0 turbo a ser lançado na próxima semana.
Coisa fácil
Como produto é fácil puxar o 208 a melhores vendas. Basta fazer o interessado dirigi-lo. O automóvel, apesar de alguns juízos desconsideráveis, tem o melhor comportamento de direção, suspensão e freios, e é o mais agradável de condução de sua categoria. Quem gosta de dirigir, nele se encontra. O GT promete exponenciar isto, com ótima relação entre a potência gerada pelo motor e o peso do carro a deslocar, em comportamento remunerador aos sentidos, acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 7,6 segundos com velocidade final de 220 km/h — a álcool.
Complementa com detalhes visuais, mudança do desenho da tomada de ar frontal, o espaço da antiga grade, para-choques, rodas de 17 pol em alumínio polido, assinatura óptica por luzes diurnas em leds e novas e curiosas lanternas tripartidas traseiras. Dentro, inescapável couro negro com pesponto vermelho. Central multimídia com tela de 17,5 cm.
Para entregar melhor rendimento com o motor turbo, novos ajustes de suspensão, pneus Michelin com baixo atrito ao rolamento, medida 205/45 — não é boa altura para convívio com os mal-educados e antitecnológicos buracos nacionais. E sistema ESP de controle de estabilidade, assistência a frenagens de emergência. No outro extremo, versão de entrada aplica o novo motor tricilíndrico, modernidades como abertura variável de válvulas, pistões leves resfriados por jato de óleo. Intermediário, o conhecido motor 1,6, 122 cv, permite uso de transmissão automática com quatro marchas — coisa antiga.
Na prática, três opções de motores, três de câmbio, seis de decoração.
Ford melhora Ranger mirando em Hilux
Ford Ranger XLT 2017 01Semana passada, quem viu TV em Buenos Aires terá assistido anúncio simpático, provocativo. Da Ford, com a novo picape Ranger 2017. Dizia, em resgate histórico, “Quando não havia picapes, nós as inventamos”. E ao final encerrava: “Tudo se pode superar”.
Aos ligados no mercado, verdadeira declaração. Anúncios bons são como música do Dorival Caymi, texto do Rubem Braga, filme do John Ford: sem palavras vãs. E, aos interessados, explicação era resposta aos anúncios das picapes Toyota Hilux, também recém-lançadas e superando em venda Fords na Argentina e no Brasil. Dizem eles, “Só uma Hilux pode superar outra Hilux”.
Foco
Aqui campanha de anúncios pagos não começou, e para a imprensa, mídia sem custo, Ford dividiu o lançamento. Alguns jornalistas uma semana antes, os restantes, nesta. Linha 2017 marca-se por pequenas alterações estéticas e maior incremento em conteúdo da versão de topo, mais próximo do automóvel, mais distante do veículo de carga.
Assistência hidráulica para direção trocada por elétrica — não furta disposição do motor, nem cobra por isto. Itens de automóvel na superior versão Limited: alarme de mudança de faixa e correção automática, controlador de distância, alerta de perigo de colisão, sete almofadas de ar, incluindo para os joelhos do motorista. Engates Isofix para cadeira de crianças, apoios de cabeça e cintos de três pontos aos cinco ocupantes. E interior com novo painel com similaridade ao sedã Fusion quanto aos instrumentos e tela com 20 cm no sistema Sync My Ford Touch. No caminho toyotista, rodas aro 18 pol, pneus ditos como ecológicos de menor consumo, e garantia de cinco anos.
Pelos equipamentos eletrônicos, aparentemente a versão de topo não se destina a uso em estrada de terra, costelas de vaca, buracos, desníveis, imprevistos atemorizadores das frágeis ligações dos itens eletrônicos. Abertura de leque a outros clientes por maior rendimento ao motor diesel de entrada, 2,2 turbo, evoluindo de 150 cv e 38,2 m.kgf de torque a 160 cv e 39,3 m.kgf. Muitas opções: tração 4×2 ou 4×4 com redução, caixa manual ou automática com seis marchas. Cabine apenas dupla. Versão superior, motor maior, intocado, 3,2 turbodiesel, 200 cv e 49 m.kgf. Versão flexível será anunciada nesta sexta-feira (
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Ampla gradação de preços. Abre na versão mais simples, 2,2 de tração traseira, câmbio manual, R$ 129.900. Versão de topo, mais R$ 50 mil, motor 3,2, tração nas quatro rodas e reduzida, transmissão automática.
J2, o primeiro JAC da América Latina — no Paraguai
JAC J2Iniciativa do grupo Reimpex, instalações em Luque, lindeira a Assunção, onde monta motos e caminhões, desde início de abril abriga montagem dos pequenos automóveis J2 da chinesa JAC Motors. É o ex-quase, aqui indicado pela representação local da JAC como sendo o futuro produto de fábrica não erigida na Bahia, motor de três cilindros, 1,0 litro, 67 cv. Aura chinesa de carros bem equipados – e baratos.
Responsável pela operação, titular do grupo, Jorge Samaniego, disse ao lançamento cumprir compromisso assumido com Horácio Cartes, presidente da República, de ter fábrica de automóveis equipados e acessíveis ao público. Paraguai, país de economia plana e previsível, em três anos atraiu sensível quantidade de fábricas de autopeças para lá produzir e exportar ao Brasil, gerando 6.000 empregos. Instalações elétricas dos Volkswagen, por exemplo, são paraguaias.
Ter fábrica de automóveis, mesmo com primária montagem de partes importadas, é fator de prestígio político às autoridades e indicador econômico. Mercado local é pequeno, e os J2 inicialmente não serão exportados aos colegas de Mercosul, pois não atinge o percentual de regionalização.
Mercado pequeno, importa em média 4.000 carros 0km/mês, e volume maior de carros usados, descartados japoneses, europeus e norte-americanos, mandados ao Chile via Zona Franca de Iquique, e de lá migrando ao Paraguai. Nos carros orientais magarefes mecânicos operam, mudando para a esquerda os comandos originalmente à direita. Governo quer apagar a exceção, fomentando compra de carro novo, gerando emprego e impostos, em lugar dos estrangeiros barrados na inspeção veicular e mandados a países pobres.
Estatal Banco Nacional de Fomento abriu crédito a compradores, financiando preço final de 47.000.000 Guaranis (uns R$ 31.000) em 48 vezes de aproximados R$ 850, por automóvel licenciado, segurado, e primeira prestação em maio. Entusiasmado Samaniego disse, JAC atesta sua empresa como a melhor extra-China, e repetiu, como os cartazes, ser o J2 el primer auto paraguayo.
Memória: primeiro paraguaio era Alfa Romeo
IAPSA 2000Foi em 1967, governo do Marechal Stroessner (1954 -1989), a instalação da primeira montagem de automóveis no Paraguai. Na mesma Luque, o piloto-industrial ítalo-argentino Giuseppe Vianini, importador de Moto Guzzi para a Argentina, implantou instalações para montar automóveis Alfa Romeo por sua IAPSA — Industrias Automotoras de Paraguay SA.
Processo próximo ao praticado quase cinco décadas após pela Reimpex nos JAC: recebia carroceria em partes, alinhava, gabaritava, soldava, pintava e agregava mecânica, elétrica e decoração — desta, revestimento e bancos locais. Boa gama — superior à do Brasil, de monoproduto superado, o FNM 2000, o JK, licença Alfa Romeo, antigo Berlina 2000 do fim dos anos 50 —, fazia Berlinas Giulia 1300, 1600 e os então novos 1750 e 2000. GTVs e conversíveis, não.
Durou tempo indeterminado, entre dois e cinco anos e, por razões nunca tornadas públicas — nem no livro de seu filho Andrea sobre sua carreira de piloto —, a operação Alfa deu lugar a uma Renault, montando-se R4.
Roda a Roda
Surpresa – Tesla Motors, fabricante de carros elétricos nos EUA, exibiu modelo 3. Menor ante o luxuoso S, autonomia de 500 km, e a partir de US$ 35 mil. Surpreendentes 115 mil pedidos sinalizados com US$ 1 mil no primeiro dia, para entrega em 2017. Carro rápido: 0 a 96 km/h em 6 s. Por que vendem tanto? São bonitos, performáticos e com grande autonomia. Concorrentes não juntam as três características.
PSA GroupeMudança – Empresas Peugeot, Citroën e DS sob a marca PSA, novas razão social e logo. Integra início do segundo ciclo da gestão de Carlos Tavares. Primeiro, esforço de salvação, o Back in the Race. Agora, respirando, o tema é Push to Pass. Desnecessário dizer, corrida de automóveis é o esporte do CEO. Quer ser vista globalmente por eficiência na produção de veículos e fiel fornecedor de serviços de mobilidade. Novo nome é PSA Groupe. No logo feito em casa, fundo azul profundo simboliza sobriedade.
Acelerador – Com pressa, Tavares surpreendeu acionistas: anunciou planos de retorno aos EUA após 25 anos de saída traumática. Nada de abrir distribuidora, mas devagar, com veículos para uso compartilhado. Segunda etapa, com seus próprios produtos elétricos, como a linha DS.
Nada – Imprensa veiculou ações da Fiat para produzir jipinho — termo larga e erroneamente empregado para descrever de utilitários esporte a versões aventureiras. Verbete generoso e ocioso — a todos acolhe e a nenhum serve. Perguntada, FCA negou. Diz, não terá concorrente ao primo Jeep Renegade.
Lá – Anunciou investir US$ 500 milhões atualizando mundialmente processo industrial da fábrica argentina em Ferreyra. Fará o Projeto X6S, em alterada plataforma do Palio. Substituto de Grand Siena e Linea e, em versão hatch, do Punto. Motorização E-Torq 1,75, 16 válvulas, 128 cv — menos ante versões hoje utilizadas no Brasil — e 1,3 GSE, 105 cv. Neste, transmissão manual; no 1,75, automática com seis marchas. GSE será primeiro desdobramento da família a iniciar-se com o três cilindros 1,0-litro. Diz-se, família GSE se curva às duas válvulas por cilindro. 2017.
Land Rover Discovery Sport e EvoqueDúvida – Jaguar Land Rover na reta final para inaugurar fábrica em Itatiaia, RJ. Projeto de baixa nacionalização, enquadrado no regime oficial Inovar-Auto. Enfrenta situação política, retrato do momento.
E? – Quem convidar à inauguração, logo após o julgamento do Impeachment da Presidente pela Câmara dos Deputados? Se aprovado, ela se afasta e quem assumirá? O vice Temer? Eduardo Cunha, presidente da Câmara? Renan Calheiros, do Senado, todos às voltas com questionamentos judiciais? Espera clarear? Convida apenas o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio? Inicia a produção e faz festa posterior, com cenário menos turvo? Mico é explicar aos controladores indianos e à gerência inglesa.
Flex – Mercedes marca produção nacional com motor flexível no modelo C 180. Tecnologia da marca, não alterou sistemas, nem ganhos em torque e potência relativamente ao uso de gasolina. C 180 vende 43% na classe. Versões 200 e 250 mantém-se não flexíveis.
Aventura – Mitsubishi ASX Oudoor em nova versão: 4×2. Bem dotado de equipamentos, pneus mistos. Iniciais R$ 108 mil — iniciais, pois hoje toda compra permite conversas.
Posição – Fechado primeiro mês cheio de vendas, picape Toro é terceira mais vendido, seguindo Strada e Toyota Hilux, 3.080 unidades. Quer 4.000/mês
Mercado – Citroën cerca clientes com argumento importante: serviço bom e barato. Aircross tem plano de manutenção à base de R$ 1 ao dia. As revisões, com intervalo de 10.000 km, custam R$ 365,00 em 4 vezes. Não é promoção, diz Dercyde Gomes, novo diretor de pós-venda.
Oscar – Fiat Toro ganhou o Red Dot Design Award, o Oscar do design. Equipe liderada pelo abrasileirado Peter Fassbender criou produto adequado ao mercado e demandas dos consumidores. Design da FCA Brasil saiu da engenharia e se reporta a Stefan Ketter, nº. 1 continental, e ao designer chefe Ralph Gilles.
Registro – Keko Acessórios, do interior do RS, festeja 30 anos de fundação. Case de sucesso, é líder em personalização automotiva, fornece a nove fabricantes, exporta a 40 países.
Passado – Scorro, uma das pioneiras na produção de rodas em liga leve, fará série especial do modelo Cruz de Malta, utilizada nos Chevrolets Opala dos anos 70. Apenas 250 unidades. Sem outras informações. Scorro não respondeu.
Cultura – Da Editora Alaúde novo título histórico automobilístico: Austin-Healey, esportivo criado pelo engenheiro-piloto Donald Healey e viabilizado industrialmente pela também inglesa Austin. Autoria de Bill Piggott, advogado de texto fluido, 160 páginas, muitas informações. R$ 82.
Clássicos – Projeto em curso com fazer, quase à mão, nove unidades do Jaguar XKSS vendidas a US$ 1,5 milhão cada, e do acionista maior, indiano Ratan Tata colecionar provectos Rolls-Royces, Jaguar Land Rover mudou nome do Heritage. Agora é Jaguar Land Rover Classic. Ampliou espectro: além de peças e conselhos, restauração. Segue caminho aberto pela Mercedes, trilhado pela Ferrari.
Gente – Paulo Cézar da Silva Nunes, administrador, ascensão. Membro, agora preside Conselho de Administração da Marcopolo. Mauro Bellini, ex, mantém-se na companhia, na holding Davos e presidirá o Conselho de Administração do Banco Moneo. / Criação de Nissans na Argentina e Chile mudou estrutura da marca. José Roman é novo VP da N-Latam; Pós Venda com Daniel Pelayo; José Vendramini incorpora Qualidade ao Consumidor e Expansão da rede; Hitoshi Mano, VP de manufatura Brasil, diretor de Monozukuri — como chama o fazer carros.