Fenatran 2015 é feira de transportes peculiar
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Salão internacional tem pouco a comemorar: em ano de queda do mercado, só dois fabricantes de caminhões presentes
Vigésima edição de independência setorial, tema próprio em ano desencontrado do Salão do Automóvel, a Fenatran — antes feira e agora salão internacional do transporte — tem pouco a comemorar: apenas dois fabricantes de caminhões, Volvo e DAF, estiveram presentes. Restante, fabricantes de implementos, peças para transporte, pneus.
Debandada grande de expositores, causada pela redução do mercado, entre 40 e 50%, e pela despedida de metalúrgicos, maioria esmagadora dos fabricantes de caminhões entendeu melhor poupar os gastos entre 5 a 7 milhões de reais projetados para ter presença, livrando-se de queixas institucionais ou reprimendas das matrizes para tal gasto. Consequência do desinteresse em participar por Scania, MAN e Volkswagen, Ford, Schacman, Iveco, Agrale, Mercedes-Benz — recém-lançando sua linha Vito e interessada em mostrar os números de crescimento de participação nas vendas.
International não foi. Razões outras: comunicado à véspera da mostra setorial dizia de suspensão da produção de seus caminhões a fim de adequar o estoque no pátio. Demandada, não respondeu de volume, nem da curiosidade procedimental — quem suspende produção não demite mão de obra especializada, mas dá férias, coloca-os em
lay-off, enquadra-se na recente legislação federal de redução de salários. Plantou a dúvida. Foi-se, pela terceira vez?
Para não oferecer impressão de espaço ocioso, a organizadora Reed Exibitions no atacado reduziu as dimensões do Pavilhão do Anhembi, SP, aplicando grandes painéis verticais de lona, e no varejo aumentou a largura dos corredores, oferecendo espaços adicionais como bônus aos expositores. Em tal solução, o estande da Volvo ocupava 4.000 m² — como repetido no discurso de Bernardo Fedalto, diretor de vendas de caminhões, a marca, nunca na história da Volvo, ocupou tal área em exposição.
Dos megaparticipantes do setor, Volvo, em ano recordista de vendas, enfatizou seu sistema Suspensor, pelo qual o eixo de apoio do cavalo mecânico é desligado e levantado quando não houver carga, permitindo ganho de consumo em até 4%. Pioneira fábrica curitibana entende que o mercado já se estabilizou na queda de vendas e, para buscar equilíbrio, avisou aumentar 8% nos caminhões para compensar reflexo de 15% no aumento de preços no produto.
DAF, holandesa controlada pela norte-americana Paccar em Ponta Grossa, PR, iniciando montar caminhões ano passado, tinha o que comemorar. Seu CF85, versões 6×2 e 6×4, ofereceu dois modelos de cabine e o motor Paccar MX 12,9 em duas variações de potência, 360 e 410 cv, transmissão ZF automatizada com 16 marchas. Comemorava, também, seu atestado de maioridade industrial, fabricar motores, tendo desenvolvido fornecedores para entregar peças usinadas para a montagem final em casa. Motor é o citado MX 12,9 com potências de 360, 410 e 510 cv.
Do ramo, a Alcoa, de alumínio, propôs rodas, chassi, suportes, quinta roda, cardã e até portas em alumínio, com o argumento de reduzir em até uma tonelada de peso — ou, na prática, transportar mais uma tonelada paga.
Citroën Aircross, antes do lançamento
Dia 24 a Citroën apresentará a nova Aircross, como a Coluna antecipou. Das informações apresentadas e pelos teasers divulgados pela empresa, segredos estão desvendados. Prioritariamente, como função básica, criar novidades visuais, iniciando o ciclo final do produto, isto é, cumprido com reacertos estéticos frontais para manter o aspecto pretensiosamente aventureiro.
Mudança na parte dianteira, com novos faróis, alguns detalhes do inovador modelo Cactus — não virá para o Brasil — e o pacote de itens identificadores das pretensões: para-choques com base preta, arcos no teto e, diz fonte da fábrica, na versão de topo, o estepe deixa de ser pendurado na tampa traseira, indo ser fixado na parte inferior traseira da plataforma.
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No interior, melhor trato de conforto, tela com sete polegadas e câmera de ré. Na mecânica, permanece o motor 1,6-litro com 115/122 cv e 15,5/16,4 m.kgf, gasolina/álcool. Novidade é a transmissão manual com seis marchas — a automática continua com quatro. O partido do projeto foi implementar sensações de uso e ganhos em economia.
Roda a Roda
Cachorros grandes – Na disputa pela imagem do carro de série mais potente do mundo, a Dodge fez o Charger e o Challenger Hellcat, com motor V8, cabeçotes Hemi, turbo, pacote gerando 707 cv. Para superá-lo a Ford, à falta de Carroll Shelby, seu parceiro de décadas nestas empreitas, procurou Richard Petty, conhecido nos EUA como o Rei da Nascar.
Mais – Petty, ex-colaborador da Chrysler, retrabalhou o motor do Mustang V8 de 5,0 litros e dele consegue tirar 727 cv. Teoricamente o título está mantido pela Chrysler, cujo Hellcat sai de linha de montagem, enquanto o Mustang King Premier vem da oficina de Petty. Mas o purismo pouco importará ao interessado no rótulo concedido pelos 20 cv a mais.
Trabalho – Petty tomou o motor básico, aplicou compressor, resfriador para o ar de admissão, escapamento Magna Flow e mudou as calibragens. Para resistir à cavalaria, semieixos Trak Pak, diferencial reforçado, barras estabilizadoras mais espessas, rodas Performance, amortecedores.
Personalizado – Serão apenas 243 King Mustang com 670 hp; 43 King Premier e 14 King Premier conversíveis com os 727 hp. Preços nos EUA entre US$ 67.500 e 90.500. Detalhe natural, todos terão plaqueta assinada por Petty, identificadora da pequena série.
Mudança – Na progressiva e inexorável distância entre o consumidor e o mito do automóvel, pesquisa conduzida nos EUA pela Iseecars.com mostrou outra característica: tempo de uso. De 400 mil veículos do ano de produção 2005 vendidos entre 1/1 e 30/7 deste ano, os 15 mais vendidos eram Honda, Toyota e Subaru.
Comportamento – Curiosidade, 80% dos veículos pertenciam aos donos por 10 anos. Informação mostra um redesenho do padrão norte-americano de período de troca, antes pouco acima de dois anos, e a aquisição do automóvel após o período de
leasing.Caminho – Toyota destinou US$ 1 bilhão para aplicar em pesquisas de inteligência artificial, com foco especial nos veículos autônomos, os que dispensam motorista. É forma de enfrentar inimaginados concorrentes como Google, Apple e Facebook, todos envolvidos no caminho dos autônomos.
Objetivo – Não quer ser apenas mais um participante do novo mercado, mas aumentar a segurança; tornar o dirigir mais acessível, ter ganhos de produtividade e acelerar a descoberta científica de materiais.
Fiatbishi – Salão de Dubai, Fiat apresentou a picape
Fullback, nada mais que uma picape Mitsubishi L200, modelo novo, com pequenas intervenções faciais para caracterizá-la como Fiat. Não virá ao Brasil. Dizem analistas europeus ser o primeiro passo de colaboração entre as marcas, sinergia para reduzir custos.
Engano – Não é. O primeiro foi o Pajero iO, encomendado e construído pela Pininfarina, em versões como Fiat e como Mitsubishi. No Brasil foi renomeado TR4 e tornou-se bem longevo, encerrando produção recentemente.
Quase – Informação de poucos conhecida, pioneiramente tal sinergia foi tentada no Brasil. Ao fim dos anos 90 a Fiat de Betim, MG, e a Mitsubishi de Catalão, GO, sentaram-se para analisar a possibilidade desta fazer versão de picape L200 com cara de Fiat. Daria certo se o superintendente de então tivesse continuado na filial italiana.
Fluxo – Divisão Ram da FCA, encarregada do fazer e vender picapes, reiniciará comercializar a Ram 2500 produzida no México. Quer mudar o processo, em vez de trazer lotes, criar fluxo constante.
Futuro – Baseia o negócio na demanda, na ampliação da capacidade de oferta, tanto pelo incremento de novos revendedores da linha Jeep, também distribuidores de Ram, mas pela abertura do leque de produtos: trarão, também, a seguir, a Ram 1500, menor, a gasolina, V8 5,7 Hemi e diesel.
Força – Modelo para continuar importação é a 2500, motor Cummins diesel de seis cilindros e 6,7 litros, evoluído de 310 a 330 cv e os
camionais 84 m.kgf torque foram elevados a 104 — mais 23,8%. Transmissão automática com seis marchas, tração nas quatro rodas e reduzida, traseira com cinco pontos de ancoragem. Apresentado dia 26 a R$ 249.900.
Takaro? – Preço elevado? Fonte da Ram discorda. E argumenta: se uma nova picape Toyota Hilux custa quase R$ 200 mil, a nossa é maior e muito mais forte, tão equipada quanto.
Colado – Nem bem lançou o
Audi A3 Sedan 1,4 feito nas beiradas de Curitiba, a empresa marcou data de introdução da primeira variação do produto: o A3 Sedan com motor de 2,0 litros será apresentado próximos dias. Produzido paralelamente ao Audi A3, ambos utilizando a nova plataforma MQB na fábrica de São José dos Pinhais, PR, o VW Golf não tem data marcada para disponibilização ao mercado.
Ocasião – Volkswagen sofreou o projeto e adiou a apresentação anteriormente marcada para novembro. Como em dezembro há dispersão dos interesses dos compradores, ficará para 2016. Por enquanto, Golf apenas alemão e mexicano. Novidade de fim de ano para a Volkswagen ficará restrita ao Passat 2016. Ainda em novembro.Dúvida – Comunicados da MWM International criaram dúvidas quanto ao futuro das marcas no país. MWM diz encerrar ao início de 2016 produção dos motores diesel fornecidos à GM. E diz ter suspenso temporariamente a produção dos caminhões International, alegando desequilíbrio entre vendas e estoque. Seria medida possível, não tivesse demitido os funcionários do setor. Como a MWM de diesel veicular é marca específica do Brasil, International já do saiu do país duas vezes e os comunicados tangenciam a questão, plantou a dúvida. Ficam?Conjuntura – Queda de negócios na venda de ônibus aproximou concorrentes como Marcopolo e Neobus. Assinaram carta de intenções não vinculante e estão em fase de due diligence, os procedimentos internos para valorar empresas. Somar-se-ão, e os controladores da Neobus receberão ações da Marcopolo — e continuarão gerindo sua antiga empresa.
Multi – Acionista de 25% do capital da New Flyer Industries Inc., maior fabricante de ônibus urbanos dos EUA, a Marcopolo anunciou ter assinado contrato para adquirir o controle da Motor Coach Industries International, maior fabricante de ônibus rodoviários. Negócio de US$ 455 milhões.
Cliente – Mudança na legislação de emissões adotando as regras Euro 5 e desvalorização do real criaram condições favoráveis para a venda de produtos brasileiros na Argentina. MAN Latin America lá desembarcou com caminhões Volkswagen entre 160 e 420 cv e ônibus urbanos com piso baixo. Caminhões médios terão caixa automática como opcional; cavalos mecânicos tê-las-ão, idem ônibus. Para estes o sistema é racionalmente obrigatório no vizinho país.
Gente – Reformulação comercial na Mercedes-Benz. Gilson Mansur, diretor de marketing e vendas caminhões se aposentará. Lugar preenchido por Ari Gomes Carvalho. Silvio Renan Silva Souza, novo diretor de Pós-Venda. / Walter D’Silva, milanês neto de portugueses, 64,
designer, aposentadoria anunciada. Fará 65 anos em fevereiro, data de corte na Volkswagen. D’Silva chefiava a área de
design do grupo, e em sua prolífica carreira o produto mais marcante foi o Alfa Romeo 156, escultura sobre rodas. Interessantemente, seu carro de lazer é picape Saveiro, brasileira.
Mercedes vira o jogo e vai à liderança
Única empresa do setor automotivo a ocupar o topo do ranking entre as empresas inovadoras no país, Mercedes-Benz foi incluída na lista — 14ª. entre 100. Pesquisa da Strategy& por encomenda do jornal
Valor Econômico reconheceu os resultados dos investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento.
Negócio tem o dedo de Philipp Schiemer, CEO da empresa, assumindo ao início do declínio de vendas, assinalando em outubro queda recorde de 45% de redução nas unidades comercializadas. Dentre as recentes conquistas de seu Centro de Desenvolvimento Tecnológico estão as ações para nacionalização do Actros, caminhão superior da marca. Incrementar a nacionalização permitiu incluí-lo, assim como os modelos 2546 6×2 e 2646 6×4, no programa Finame PSI do BNDES, facilitando financiamentos.
Acredita-se, função de ter-se entendido com usuários e concessionários, absorvido opiniões e tomado providências, a Mercedes mudou produtos, ampliou vendas, mesmo no desenho recessivo penalizando o setor. Produzir chassis, motores, câmbios e eixos sob o mesmo teto, em época de mercado ascendente, é fórmula de produtividade; entretanto em fase de recessão significa maior ociosidade e esforços para gestão de pessoal. Apesar dos problemas de gestão de pessoal ocioso em função da queda de 50% das vendas, projeção numérica indica, Mercedes reassumirá liderança de mercado.