Salón del Automóvil, mais novidades na Argentina
Renault, Mercedes e Nissan estão entre os destaques do evento de Buenos Aires; Alfa Romeo prepara o reerguimento
Salão do Automóvel em Buenos Aires, 19 a 28, novidades tanto em veículos lá produzidos quanto para os a ser fabricados em nosso país. Dos primeiros, Renault Fluence em versão GT2 é evolução com mudanças visuais e motor 2,0-litros turbo, potência elevada a 190 cv, câmbio manual de seis marchas.
Da marca, Sandero RS ainda produzido no Brasil — será transferido à Argentina junto com Logan. Versão esportivada por engenheiros de ambos os países, ajustado ao motor 2,0 16V com 150 cv. Apresentação da picape Oroch (foto), produzida no Brasil sobre plataforma do Duster.
Mercedes expõe o Vito, multiutilitário, abaixo do Sprinter, único na categoria. Produzido na Argentina, será lançado ao Salón. Após, mercado brasileiro. Ainda importado, porém reunindo porcas e parafusos para produção no Paraná, Audi terá sedã A3 em versão estelar S3: motor 2,0 turbo, invejáveis 300 cv, tração total Quattro. Carro de prestígio, concorrente de Mercedes CLA 45 AMG.
Duas chinesas mais bem estruturadas na região, Lifan e Chery, se apresentam e japonesa Nissan chega com impacto — no estande no qual circula pelo circuito mundial de salões. Implantar-se-á na Argentina, distribuirá Nissans mexicanos, os nacionais March e Versa, e o cenário é para anunciar produzir localmente. Leitor da Coluna soube por antecipação, fará base rolante de picape, fornecendo-a a Mercedes e Renault, cada uma criando seu produto final. Também exposto o conceito Kicks, esportivo atlético sobre plataforma March/Versa, e de próxima produção no Brasil — será o carro oficial das Olimpíadas 2016. Volkswagen não expõe o Up TSI, versão turbo, a ser lançado em julho.
Menor em espaço pela recessão e crise econômica argentinos, o Salón terá atrações antigas e, nestas, exposição de acervo pertencente ao cultuado Juan Manuel Fangio, pentacampeão mundial nos anos 50. Carros de corrida com destaque ao Maserati 250F, carretera Chevrolet 1940, o (a nós) desconhecido Simca Gordini e o Mercedes 300 SL Asa de Gaivota (foto) de seu uso pessoal. Estes e objetos pessoais vieram do museu Fangio, em Balcarce, sua cidade natal — a salvo de vendas por herdeiros, como ocorridas recentemente.
Presença adicional, o sítio
Autohistoria, especializado em automóveis históricos argentinos, terá exposição para comemorar os 60 anos de fundação da IKA, Indústrias Kaiser Argentina — a gêmea da Willys-Overland do Brasil. Levará exemplares marcantes da história.
Dia 24, Alfa
Efeitos de marketing ou da paixão em torno da marca Alfa Romeo, um dos eventos mais comentados no mundo do automóvel é o anúncio da volta da marca ao mercado. Novos projetos — automóvel médio, utilitário esporte e automóvel grande —, primeiros de uma renca de oito, todos com tração traseira.
Nova imagem de qualidade e tecnologia, um Audi italiano, exemplificam. Novas pretensões: somente no mercado dos EUA quer vender 150 mil unidades em 2018 — hoje vende traços. Novas instalações industriais, alteradas para o projeto de qualidade. Parece, esta será a base, a partir do fato que Sergio Marchionne, o CEO da FCA, controladora da marca, autorizou contratar 800 engenheiros para aumentar o time dos dedicados à Alfa. Até agora o projeto consumiu US$ 2 bilhões e a projeção é de absorver o dobro.
O primeiro produto deverá ser mostrado em protótipo — a FCA, boa em marketing, quer obter muita divulgação agora e outra daqui a meses, quando fizer o lançamento. Dele sabe-se porte e foco: concorrer com Mercedes Classe C, BMW Série 3, Audi A4, Jaguar XE. Linhas desconhecidas, pois todos os testes têm sido feitos com carroceria Maserati, sócia na plataforma. Nome indefinido, protótipo é dito Giorgio. Terá motor longitudinal, tração em duas ou quatro rodas. Motores em palpites livres, incluindo versão mais barata com quatro cilindros, diesel e topo de linha, novo V6 de 3,0 litros. As versões de desempenho Quadrifoglio concorrerão com os AMG, M e S.
Alfas serão italianos, como acordado com o governo do país. Apesar de tudo ser possível na grande fábrica da FCA em Goiana, PE, não há planos para descentralizar a produção. No Brasil haverá distribuição, entretanto sem previsão de data — a Fiat dedica-se a renovar seus produtos, poupando-se de expender energias para montar a operação de importar, vender e assistir. Anúncio dia 24, em Milão, Itália, tendo como segundo evento a reinauguração do museu da marca.
Alfisti em concentração
Alfisti, termo italiano pelo qual se tratam os admiradores da marca Alfa Romeo, se organizam em 10 capitais para jantar entre o expectativo e o comemorativo. Será na noite do dia 24, e em meio a comida e vinhos italianos brindarão o retorno da marca e o anúncio de novos produtos. A proposta da reunião disseminada foi imediatamente adotada pelo Alfa Romeo Clube, e seu braço mineiro logo produziu o cartaz do evento, aqui ilustrado. Desdobramento traçado por Túlio Silva, um dos condutores do Alfa Romeo Clube/MG, é o de coincidir o número de alfisti com os anos de história da marca Alfa, daí o slogan:
105 anni, 105 amici — 105 anos, 105 amigos.
Curiosidade no fato, de conhecimento o Brasil é o único país onde se realiza tal evento de boas vindas ao projeto de crescimento, e com quem a Alfa tem o mesmo vínculo passional entre seus veículos e os proprietários. Alfa Romeo foi o primeiro caminhão montado aqui — eram os famosos e resistentes FNM —, e o Brasil, extra-Itália, foi o único país com produção e desenvolvimento de produto Alfa Romeo — as versões do pioneiro JK e seu sucessor, o 2300.
A marca retirou-se do país, mas os alfisti dela cuidam, preservam os automóveis, provêm importação de peças, trocam segredos de manutenção, fazem indicações, tentam salvar e preservar as unidades representantes. Aparentemente tal messe terá facilidades: no evento a FCA anunciará a reabertura do Museu Alfa, em Arese, por pressão do governo italiano, do estado da Emilia Romana, imprensa consciente, e de alfisti de todo o mundo, incluindo os brasileiros, signatários de petição mundial contra o encerramento e a ameaça de venda do acervo.
O evento está no
Facebook. A expectativa dos alfisti diz respeito ao prazo da volta da marca ao país, prazos, produtos, rede de distribuição e assistência técnica.
Motores: os melhores do mundo
Júri internacional de jornalistas especializados — a Coluna faz parte — por votação secreta separou motores por categoria (cilindrada e combustível) e escolheu os nove melhores para o International Engine of the Year 2015.
1. BMW 1,5-litro, três cilindros, híbrido elétrico-gasolina, equipa o BMW i8 (foto), 274 pontos.
2. Ford 1,0-litro, três cilindros, turbo — em breve opção no Brasil para Ka e Fiesta —, 267 pontos.
3. PSA Peugeot Citroën 1,2-litro, três cilindros, turbo (em breve aplicado em Peugeot 208, 308, Citroën C3, C3 Picasso), 222 pontos.
4. Ferrari 4,5-litros V8 (458 Italia, 458 Speciale), 221 pontos.
5. Mercedes-AMG 2,0-litros turbo (A45 AMG, CLA 45 AMG, GLA 45 AMG), 177 pontos.
6. Tesla elétrico (Model S), 157 pontos – não vendido no Brasil.
7. BMW M 3,0-litros biturbo, seis cilindros (M3, M4), 133 pontos.
8. McLaren 3,8-litros, V8, biturbo (675LT, 650S, 625C), 93 pontos.
9. Audi 2,5-litros, cinco cilindros, turbo (RS3, RS Q3), 81 pontos.
Resultado indica novo desenho tecnológico no ar. Os motores Ferrari e McLaren, obras-primas do baixo peso, da alta potência e da identificação esportiva, perderam para os pequenos turbo com 1,0 e 1,2 litro. Iluminam o futuro: baixa cilindrada, pequenos volume e peso, potência de motores maiores. Idem, o mais votado é híbrido, e o totalmente elétrico ficou em sexto lugar.
Roda a Roda
Poder – Contrariando a filosofia vitoriosa de reduzir tamanho, cilindrada e peso de seus motores, compensando a produção de cavalos com a aplicação de turboalimentadores, os Ecoboosts, Ford criou novo motor V8 aspirado.
Detalhes – Alumínio à vontade, virabrequim plano, 32 válvulas, produz iniciais 533 cv. Produção contida para versões do esportivo Shelby GT350 e GT 350R. Quem o ouviu diz, o ronco parece de Ferrari. A árvore de manivelas plana diferencia-se por ter contrapesos a 180 graus — motores comuns, a 90. Obtém giros mais elevados, tem berro personalista. É o propósito da Ford, diferenciar-se desde a exaustão sonora do motor.
Rótulo – Nasce carimbado: o mais potente dos V8 Ford de aspiração normal, com a maior potência específica, em torno de 102 cv/litro. Gira alto: pico de potência a 7.500 rpm, faixa vermelha a 8.250 rpm.
Ajuda – Com as vendas de veículos novos em declínio, e havendo no mercado nada menos que 240 mil cartas de consórcios contempladas, entidades do setor e marcas se reuniram para promover trocas: carta pra cá, carro pra lá.
Prazo – Ação das entidades de produtores, distribuidores e consórcios, Festival do Consorciado Contemplado vai até dia 31. Além de carros de várias marcas, motos Honda e a curiosidade da Mahindra, recém-encerrando operação no Brasil, quer passar à frente o estoque restante.
Mercado – Fechadas as vendas nos cinco primeiros meses, dado oculto: as quatro grandes já não estão tão grandes. Há dez anos eram 82% no mercado. Ao iniciar 2015, se reduzia a 63%. E neste exercício caiu abruptamente a 59%.
Extremos – Causas de mercado e econômicas. Marcas japonesas e coreanas têm bons resultados durante a crise de vendas, ao contrário das com origem em outros países. E os carros de 1,0 litro, nelas presentes, têm sido penalizados em vendas. Seus compradores engasgam com a explicativa onda presidencial.
Pega – A exemplo da corrida em ruas, como
Bullitt, em San Francisco, e
Ronin em Nice, detentores da franquia James Bond atrevidos em terra de Ferrari, Lamborghini e Maserati locaram em Roma disputa entre o famoso agente 007 e seu inimigo do grupo Spectre. Bond andará em Aston Martin DB 10, e Mr. Hinx, com Jaguar C-X75 (foto).
Especialíssimo – O Aston DB 10 com motor V8 chegará ao mercado ainda este ano. Mas o C-X75, vedete da marca no Salão de Paris 2010, nunca produzido, teria sido o mais rápido dos Jaguar — de 0 a 100 km/h em menos de 3 segundos, final acima de 320 km/h.
Desdobramento – O encolher das quatro grandes e o inflar das outras pode instar mudança em conceito antigo: o critério de rotação na presidência da Anfavea, a associação dos fabricantes. Hoje é um giro de Volkswagen, Ford, GM, Fiat e Mercedes, mas a ascensão das outras marcas pode mudar a regra, como demandado há décadas.
Desafio – No atual período de pasteurização e perda de identidade no desenho dos automóveis, Mitsubishi apostou alto: cooptou Tsunehiro Konimoto, 64, projetista há 40 anos na Nissan. Lá criou o conceito Z, o icônico esportivo. Missão, dar cara aos Mitsubishis.
Na fonte – Para atender ao crescente mercado colombiano de ônibus após o sucesso do projeto Trans Millenium, organizando o transporte coletivo nas cidades do país, a Mercedes-Benz deu passou importante: montou fábrica de ônibus nas beiradas de Bogotá. Mercedes nacional fornecerá os chassis. Marca é o maior produtor de veículos comerciais na América Latina.
Preferência – Pesquisa da Postenak-Ifop sobre imagem das companhias francesas deu Citroën e Michelin em primeiro lugar, à frente de 30 outras empresas de todos os segmentos. Mudança total da linha, atrevimento em estilo e comunicação foram os responsáveis pela simpatia do público.
COMENTÁRIOS: Confusa este história de S3 sedan, que aqui já é vendido tem quase um ano. Significa que vai ser feito/montado aqui? E em outro site que se afirma que o 1.8 continua vindo de fora. Contra senso.