Avaliação: Chevrolet Spin não tem porte para substituir Zafira Mas minivan deve vender bem, apesar do espaço interno um tanto reduzido
- 29 de junho de 2012 11:00
- Ricardo Meier
- Chevrolet, Destaques, Lançamentos
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Chevrolet Spin: receita na medida para donos de carros compactos
Ontem, após andar na
Spin, a nova minivan da
Chevrolet,
cheguei à conclusão que nosso mercado está sendo dividido em dois
“campeonatos”, a Série A e a Série B. A linha renovada da GM explica
isso. De um lado temos o Cruze e o Sonic, participantes do campeonato “A” e do outro,
Agile,
Cobalt e agora a Spin – ah, sim, o Astra europeu atual joga num campeonato bem mais rico…
Por que cheguei à essa conclusão? Porque o Cobalt e a Spin estão num nível inferior de refinamento que vi no
Sonic,
por exemplo. Seja pelo motor Econoflex ou pela simplicidade de suas
peças ou ainda pelo visual mais grosseiro. O mais interessante é que não
são maus carros. São, sim, produtos feitos para uma clientela que não
exige tanto quanto a que compra
carros da “Série A”. Quem leva um Cobalt para casa deve ter saído de um
sedã compacto pequeno sem equipamentos e para ele o modelo – e outros
concorrentes como o Versa – são uma senhora evolução, não importa que
estejam há anos-luz de um Corolla ou Civic.
Com a Spin acontece um fenônemo parecido. A minivan – embora a GM
tenha tentado nos convencer do contrário – é um projeto para agradar
quem tem uma família numerosa e busca espaço e alguma verstatilidade,
além, é claro, de um visual mais agressivo. Ela faz muito mais que uma
Meriva? Até que não. Ainda não pude conferir suas medidas, mas apostaria
que a Meriva é maior por dentro, porém, mais curta, o que impediu a tal
terceira fileira de assentos. Mas a Meriva usa um recurso estético que
já deu o que tinha que dar, o formato monovolume, quase um “ovo”. Hoje
as pessoas querem algo que inspire respeito no trânsito e a moda da
frente alta, com linhas de jipe é a mais popular. Por isso a Spin seguiu
por esse caminho.
Mas vocês não imaginam como a engenharia e a área de custos da GM
conseguem estragar um projeto. Muitas vezes, vejo críticas ao designer
Carlos Barba e sua equipe aqui, mas talvez isso seja injusto. Durante a
apresentação da Spin, ele mostrou três projetos da Spin e todos eram
muito atraentes, quase crossovers. A opção escolhida, que deu origem a
Spin, pouco lembra a minivan. Culpa de quem? Claro que dos departamentos
que transformaram aquele desenho em algo real e viável financeiramente.
A Spin é mais comprida que a Meriva, mas tem menos espaço interno
Longe da ZafiraOutro erro que cometemos – a imprensa em geral – foi dizer antecipadamente que a Spin é sucessora da
Zafira também. Nada mais absurdo. A Spin não tem porte para isso e seus preços
confirmam essa impressão. Enquanto a novidade custa R$ 54.690 na versão
mais sofisticada, a Zafira beira R$ 70 mil. Sim, há versões mais
simples da idosa minivan que podem ser atendidas pela Spin, mas não será
uma evolução para o cliente. Meu palpite é que a Zafira – que fica em
linha até o final do ano – será substituída indiretamente pelo
Trax, o “EcoSport” da GM.
Como ele terá um porte mais avantajado e preço entre R$ 55 mil e R$ 70
mil pode, sim, ser a opção mais sofisticada de veículo familiar da GM,
justamente a mesma meta da Ford com seu “EcoSport 2″ – que dizem, terá
versão de 7 lugares também.
Dirigindo a SpinA primeira olhada na minivan me fez lembrar muito o Cobalt: um carro com soluções
legais, mas bem simples, acabamento que quer parecer melhor do que é, e
o painel do Sonic simplificado. Andei na versão LTZ automática, com o
mesmo câmbio do Cruze, de seis marchas e uma opção sequencial por botão
na alavanca – bem incômoda por sinal. A novidade em relação ao sedã é o
motor 1.8 Econoflex que a GM diz ser uma evolução do 1.4 Econoflex.
A coisa mais interessante desse motor é mesmo a coragem da montadora
americana em esquecer da potência nominal e focar no torque. Sim,
como havíamos revelado há algum tempo,
o motor tem potência baixa para um 1.8: 108 cv com etanol e 106 com
gasolina, mas seu torque máximo é equivalente ao do Ecotec 1.6 16V do
Sonic, algo em torno de 17 kgfm. Poderia ter mais? Tenho certeza que
sim, mas a GM certamente se preocupou com o consumo elevado, cuja fama
ela carrega há bastante tempo.
Perguntei a um funcionário da marca por que não usar o 1.6 Ecotec, um motor mais moderno. “Porque não daria para cobrar esse preço com um motor importado”, disse. Olha aí a teoria da “Série B” funcionando…
A Spin é bem equipada para um carro de R$ 55 mil. Traz direção
assistida (hidráulica) trio elétrico, Bluetooth, computador de bordo,
piloto automático, airbag duplo e ABS, sensor de estacionamento e
ar-condicionado. São os itens que hoje começaram a ser indispensáveis
para os consumidores. Mas outros equipamentos mais sofisticados passam
longe dela como teto solar panorâmico, direção elétrica, ajuste de
profundidade do volante, GPS integrado, ar digital e outros airbags.
A GM também fez uma propaganda exagerada sobre a versatilidade
da Spin. Diz que ela tem “23 posições diferentes para os bancos” e “32
porta-objetos de verdade”. Não digo que não seja verdade, mas certamente
alguém levou em conta cada “dente” de ajuste dos bancos. A Spin rebate e
dobra os bancos traseiros e tem a fileira central bipartida, mas não
chega aos pés do sistema ULT da Honda que equipa o Fit. A Meriva, por
exemplo, tinha um sistema bem mais sofisticado e prático. Em compensação, a GM tomou um senhor cuidado com o método de rebatimento que lembra um pouco o do Fox, mas que não põe em risco o dedo do cliente.
Porta-malas da versão LT, mais barata, leva 710 litros. LTZ tem menos espaço por causa da 3ª fileira de bancos
Bem, vamos colocar a Spin em movimento. No primeiro trecho do
test-drive fui no banco de trás. Espaço para as pernas limitado e olho
do meu lado e não consigo visualizar duas pessoas ali, no máximo uma
criança. Com 1,83 m, nem tentei pular para a terceira fileira, mas o
colega jornalista que me acompanhava o fez sem cara de satisfação.
Realmente, não há milagre com esses dois passageiros extras. Ou são
pequenos ou crianças e diria mais: a Spin leva quatro adultos e três
crianças com algum conforto. Qualquer configuração mais “pesada” vai dar
dor de cabeça.
No segundo trecho do test-drive, assumi o volante e, coitado do
terceiro jornalista a bordo. Teve que se encolher atrás já que fui até o
penúltimo dente do banco. Aliás, o assento do motorista é minúsculo.
Boa parte das pernas fica para fora e as laterais levantadas acabam
tornando a viagem mais desconfortável. Tento abaixar o banco e mesmo com
ele no nível mínimo me sinto por cima do painel. O volante sem ajuste
de profundidade (que saudade do Sonic) também dificulta achar uma
posição boa de dirigir.
Partimos em direção à rodovia e logo a sensação de dirigir da Spin me
lembra a do Cobalt. A direção tem respostas rápidas, a suspensão, um
acerto entre confortável e firme, e o motor, ah, o motor, um fôlego
apenas razoável. A transmissão automática faz sua parte, mas não dá a
agilidade necessária em ultrapassagens, ainda mais com o carro um pouco
carregado. Com sete pessoas mais bagagem a vida não será fácil.
Por falar em bagagem……não esperem demais da versão LTZ. Enquanto a versão LT leva 710
litros a LTZ consegue carregar pouco mais de 500 litros com a terceira
fileira rebatida e recolhida. Com sete a bordo, o volume é de apenas 162
litros. Tudo porque, ao contrário da Zafira, os bancos traseiros não se
escondem ao ser “guardados”. Mais uma confirmação da “Série B”.
Mas lá no subtitulo eu disse que a minivan vai vender bem. E acredito
nisso porque a Spin tem preços acessíveis, boa lista de equipamentos e
um apelo visual que funciona entre seus potenciais consumidores. Também
vai ser vista com frequência com a vestimenta de táxi, como seu irmão
Cobalt e sua antecessora Meriva. Por isso a meta de 3 mil unidades da GM
parece fácil de atingir. Difícil mesmo vai ser levar cinco adultos
grandões a bordo, mas para quem veio de um hatch ou sedã compacto das
antigas a situação não vai mudar tanto assim.
Painel da Spin LT: simples, mas atraente
FONTE BLOGAUTO