Avaliação: Volkswagen Polo Highline 2018 já não é premium, mas é bom
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Ricardo de Oliveira
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Polo. O nome que talvez tenha chamado mais a atenção no mundo automotivo brasileiro em 2017. A nova geração do Volkswagen Polo deixou de ter a alcunha de “premium” para estar mais próximo do povo. Aliás, essa é a essência da marca alemã.
De qualquer forma, o Volkswagen Polo 2018 certamente não passou distante das rodas de amigos e das conversas virtuais. No mundo real, o compacto tem uma missão realmente mais importante do que ser apenas o assunto do dia. Ele chegou para ficar e impactar.
Chegou para dar aquele chute na cadeira e virar a mesa, ao ponto de colocar um ícone do mercado nacional em xeque. Será que ele vai substituir o Gol? As pretensões da VW são realmente grandes, do tamanho da fábrica da Anchieta, que agora é dedicada quase que totalmente ao Polo e ao seu irmão, o Virtus, que chega daqui a pouco.
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Mini Golf ou Super Gol? Nem dos dois, mas um pouco de cada. Também não se pode compará-lo com a geração antiga, feita nos anos 2000 no Brasil. Aquele carro era realmente para ser um equivalente menor do Golf, realmente um compacto premium. Agora, o alvo é estar nos dois ambientes e alcançar algo mais, queimando a etapa de entrada para muita gente e dispensando o segmento médio para outros. Tudo junto e misturado.
E como ele chega? Para a Avaliação NA, o Volkswagen Polo 2018 chega na versão Highline com alguns opcionais, totalizando R$ 72.790. Bem completo, a ousadia da alemã limitou seu preço, embora recentemente tenha ocorrido um desmembramento de opções, que no caso do teste agregou o Technology Pack e os bancos em couro Native. Sem eles, o preço cai para R$ 69.190.
Por fora….
Pode até ser considerado apenas mais com a “family face”, mas o Volkswagen Polo 2018 chama atenção por onde passa. Todos parecem já reconhecer o hatch da VW, inclusive comentam entre si. A maioria, jovens. Parece que o compacto já tem um público cativo.
Baixo e largo, o Novo Polo tem uma frente invocada e que parece pedir passagem, mas de forma sutil. Os faróis chanfrados no centro, dão um novo aspecto ao estilo da Volkswagen, que mantém a clássica grade horizontal, mas com um único friso cromado. O para-choque tem um visual mais esportivado, tendo ainda os exclusivos LEDs diurnos ao lado dos faróis de neblina, que só existem por aqui.
De perfil, lembra muito o Gol, mas com uma pitada ligeiramente mais sofisticada. O logotipo Highline fica bem destacado nas portas dianteiras, mas estranhamente os retrovisores são pequenos, embora possuam repetidores de direção e ajuste elétrico, sem rebatimento automático. Recordamos dos espelhos do Audi A3 Sedan, igualmente reduzidos. As vigias na coluna C mantém o DNA do Polo.
Na configuração Highline sem as rodas de liga leve aro 17, temos o desenho menos esportivo, porém, bem resolvido do conjunto de aro 16 polegadas com pneus 195/55 R16. Na traseira, as lanternas são bem compactas e o aspecto geral é de um hatch com pegada esportiva, embora não tenha essa pretensão, não aqui no Brasil.
Por dentro….
No habitáculo, o Volkswagen Polo 2018 pode – com razão – ter decepcionado quem já teve o modelo antigo ou mesmo quem espera mais. Mas, ainda assim, é um conjunto bem atual e com acabamento esperado para sua nova tarefa. Não é de todo ruim. O volante “do Golf” tem uma boa aparência e é bem funcional.
Já o quadro de instrumentos sem o Active Info Display não surpreende, mas também não decepciona. O computador de bordo, no entanto, é bem completo e compensa em parte (bem reduzida) a ausência do cluster digital e configurável.
O que é realmente bom é o aspecto em que se apresenta a multimídia Discover Media com sua tela de alta resolução com 8 polegadas e ícones realmente de primeira qualidade. Basta apenas dar uma olhada nas estações de rádio, por exemplo. O navegador também não fica atrás.
O econômetro na forma do Think Blue da Volkswagen é outra atração dessa central de entretenimento, que faz um pouco mais, ela configura também todo o veículo. Há também o Park Pilot com trajetória dianteira e traseira, além da imprescindível câmera de ré. O acabamento em preto brilhante se funde com a tela escura, enquanto a parte central do painel, em cinza brilhante, contrasta muito bem com o conjunto.
Um pouco dos anos 80 pode ser notado nos difusores de ar horizontais na parte inferior, enquanto um suporte de celular com USB no topo parece um pouco exagerado diante do que está logo abaixo. O ar-condicionado automático tem aparência simples. Já o console com botão de partida próximo da alavanca dá um pequeno upgrade nessa proposta equilibrada do Polo 2018.
A alavanca com acabamento metálico é bem esportiva e só faltaram as letras “DSG”, que não cabem no Volkswagen Polo 2018, por conta de sua proposta para a região. Os porta-copos hexagonais são estranhos, mas eficientes. Já o console com apoio de braço com extensor e difusor de ar para quem vai atrás é outra boa exclusividade em relação ao Polo alemão.
Os bancos apresentam um bom aspecto e o revestimento em couro Native reforça a proposta de ter um pé num segmento acima. O mesmo em relação aos detalhes das portas dianteiras, que tentam se fundir com o desenho do painel. Valeu a tentativa. No teto, porta-copos, luzes de leitura e retrovisor eletrocrômico dão as caras.
Atrás, bom espaço para pernas graças ao entre-eixos de 2,56 m, oferecendo também luz de leitura e apoios completos, assim como cintos e Isofix. O encosto é bipartido, mas o lado menor estranhamente fica atrás do motorista. Condutor alto com criança em cadeirinha atrás, não fica muito bem, se houver necessidade de usar mais o espaço adicional com a parte maior rebatida.
O porta-malas do Volkswagen Polo 2018 está dentro do padrão. Seus 300 litros são suficientes para a proposta. Quem quiser mais, terá de esperar um pouco e levar para casa o seu sedan Virtus. O assoalho ajustável também ajuda na acomodação da bagagem, assim como a rede na parte central.
Ruim mesmo é o fechamento da tampa. É necessário batê-la para fechar direito, pois caso contrário, se o carro estiver ligado, será preciso ir ao interior e apertar o botão junto ao câmbio para abrir e fechar novamente. A outra forma é pela chave canivete.
Por ruas e estradas….
O Volkswagen Polo 2018 contrariou muita gente por não oferecer o esperado câmbio manual de seis marchas junto com o motor EA211 R3 1.0 TSI, que no compacto alcança 115 cv na gasolina e 128 cv no etanol, um pouco a mais que no Golf. A proposta, por conta do preço, é ir direito ao automático de seis marchas com o sistema de mudanças Tiptronic. Nada de DSG. O custo vem junto com a confiabilidade e complexidade, embora o de dupla embreagem seja inegavelmente superior.
O ronco típico de três cilindros é algo que fica bem nítido ao dar a partida – por botão – no Volkswagen Polo Highline 2018. Não é um som fraco, um pouco mais grave que no up! TSI. Bem disposto desde o começo, o EA211 R3 já começa a mostrar as garras aos 1.500 rpm, quando boa parte de seus 20,4 kgfm já estão disponíveis e prontos para agir.
A calibração não é para apertar o pedal e sair arrancando como se consegue fazer no up! TSI, a programação é focada no conforto, mas sem ser lento. Vigoroso, o 1.0 TSI não dá mole quando o assunto é responder como se deve, mesmo que haja uma caixa automática no lugar de uma manual. Não é preciso nem chegar aos 3.000 rpm para sair na frente de muita gente.
Mesmo que o ronco engane, o pequeno propulsor reúne o melhor dos dois mundos, como no irmãozinho. A diferença entre as mudanças na posição Drive e no Sport são muito maiores que a média. Sente-se claramente que a economia vem em primeiro lugar no D, tendo trocas abreviadas e giros mais baixos, aproveitando o potencial de força do 1.0 TSI.
Dá para andar de forma bem mansa e economizar muito, sem perder o fôlego. A sensação vista no up! TSI, quando se segue o indicador de mudança de marcha, não existe aqui. O Tiptronic nos poupa disso, não deixando o giro baixar tanto, mas é possível notar quando o motor parece bem fraco (parte vem do ruído característico), mas ele só aparenta isso. Basta uma pisada mais forte e a máquina de costura vira um tear industrial.
Indo até uns 5.000 rpm, o Volkswagen Polo 2018 surpreende muito em Drive. As retomadas na estrada ou as saídas rápidas de semáforos são muito boas para potência e torque oferecidos. O casamento entre motor e câmbio parece bom. Parece porque também notamos alguns trancos na caixa em determinadas situações, mas nada que faça perder a vontade de acelerar o Novo Polo.
Na estrada, rodando a 110 km/h, o 1.0 TSI com a boa relação de marchas do Tiptronic confere 2.000 rpm em sexta, mais do que suficiente para bom consumo e conforto. Conseguimos 16,1 km/litro com gasolina. Na cidade, mantendo-se uma condução normal, sem buscar economia, o Polo Highline consegue bons 11,5 km/litro. Dá para ser mais frugal, mas aí é deixar de aproveitar a cavalaria e a força extras.
Com o uso de paddle shifts, consegue-se um bom nível de independência na condução. Pode-se explorar bem o conjunto sem meter um modo Sport e ainda assim obter um consumo bom. O modo Drive preenche bem as necessidades do dia a dia.
No modo Sport, aí sim, a coisa muda de figura. A programação altera bem as respostas do carro, extraindo realmente muita coisa do 1.0 TSI e deixando o Tiptronic no ponto. Sempre cheio, o pequenino motor com turbocompressor e injeção direta flex entra em modo de combate e o céu é o limite. Lá pela casa dos 6.000 rpm, ele rapidamente ganha velocidade e reação, fazendo o Polo 2018 virar um pequeno esportivo.
Dá para pisar sem medo de ser feliz até o corte do propulsor, pouco acima disso, fazendo o M-ABS e os demais controles chiarem ao saírem da folga para pegar no batente imediatamente. As retomadas nessa condição são muito melhores, assim como as acelerações, sempre impressionantes. Quem ainda não acredita no downsizing, é melhor dar uma volta para ver que a vida mudou. Nessa condição, faltaram as rodas maiores com seus pneus mais largos. Isso garante mais aderência nas saídas e controle nas curvas, apesar de prejudicar um pouco o conforto.
Como já era de se esperar, o Volkswagen Polo 2018 anda bem. A dirigibilidade é muito boa, tendo-se uma direção elétrica leve, precisa e progressiva, que deixa o compacto totalmente nas mãos do condutor. É conforto no dia a dia e também serve bem ao condutor que prefere estar sempre com pé embaixo.
O bom handling também está associado à plataforma modular MQB-A0, bem rígida e neutra em torção, garantindo a manutenção e o equilíbrio do Volkswagen Polo Highline nas curvas e mudanças de trajetória. O rodar, no entanto, poderia ser um pouco mais suave, dada a tecnologia aplicada, pois é fácil sentir as imperfeições do solo ao volante.
O conjunto de suspensão tem calibragem que mescla bem conforto e estabilidade, tendo também um bom curso. Já testada sobre muitos buracos e pisos irregulares, ela mantém o ambiente mais isolado de vibrações. De modo geral, o conjunto está mais distante do Golf e próximo do Gol. Já os freios estão em dia com as prestações. Não poderia ser diferente, tendo até discos traseiros, bem como assistente de frenagem de emergência.
O nível de ruído é bom, passando apenas suavemente o ronco do motor e sem vibrações e ruídos estranhos no habitáculo. A turbulência externa também não incomoda. Com posição de dirigir que oferece elevação das pernas acima da média, dá ao motorista uma condução mais confortável.
Os bancos são envolventes e cumprem bem seu papel. Numa pegada esportiva, por exemplo, eles são adequados. Na ergonomia, tudo está à mão. Na visibilidade, atenção apenas para os espelhos externos, pequenos demais, assim como a visão traseira. Fora isso, o Volkswagen Polo 2018 é gostoso de dirigir.
Por você….
Não há como não comparar com o Fiat Argo, seu principal rival. O Volkswagen Polo 2018 chegou numa faixa de preço dentro da proposta do hatch feito em Betim e, de quebra, resgatou não só um nome famoso, mas também o apetite da VW por competição, que havia sido perdido ao longo dos anos por aqui.
Preços razoavelmente agressivos e conteúdo bom, mas não surpreendente, fazem parte do pacote, que naturalmente tem como uma das armas principais, o motor 1.0 TSI com até 128 cv, que faz mais do que aspirados de cilindrada bem mais alta. São R$ 72.790, que no caso do ítalo-brasileiro, representaria apenas o modelo intermediário.
O pacote Technology Pack foi modificado recentemente e perdeu o Active Info Display, que custa R$ 500 a mais no pacote Tech High, essencialmente com os mesmos itens, fora esse. Ainda assim, a multimídia Discover Media agrega mais do que um belo visual e os itens descritos acima, tendo ainda MirrorLink, Android Auto e Car Play, por exemplo.
Naturalmente, faltam algumas coisas, e não estamos falando de rodas aro 17, banco do passageiro rebatível ou do cluster futurista. Os retrovisores não são eletricamente rebatíveis. Não há teto solar elétrico, painel soft touch, airbags de cortina ou ar-condicionado dual zone, por exemplo, que são coisas que gostaríamos de ter visto no Novo Polo.
Ainda assim, saber que há saídas de ar para quem vai atrás, que existe uma multimídia bem completa e intuitiva, bem como o sofisticado Active Info Display e a sopa de letrinhas da segurança (ESC, ASR, HHC, EDS, XDS) para citar apenas estes a bordo do Novo Polo 2018, realmente já é algo muito bom, fora o premiado custo de reparação e manutenção adequada.
Claro, com tudo isso vem com as cinco estrelas do Latin NCAP, que para muita gente se tornou algo importante. Tanto é que isto vem fixado no vidro traseiro em forma de propaganda. E então, o Volkswagen Polo Highline 2018 vale ou não a pena?
Se formos pensar apenas no conjunto da obra, a mecânica, o Comfortline é mais jogo, claro, já que custa em média R$ 4.000 a menos e com bom conteúdo. De forma geral, o novo hatch da VW vale sim! Mesmo que o 1.0 TSI não tenha o desejado câmbio manual…
Medidas e números….
Ficha Técnica do Volkswagen Polo Highline 200 TSI 2018
Motor/TransmissãoNúmero de cilindros – 3 em linha, turbo, flex
Cilindrada – 999 cm³
Potência – 116/128 cv a 5.500 rpm (gasolina/etanol)
Torque – 20,4 kgfm a 2.000 rpm (gasolina/etanol)
Transmissão – Automática com seis marchas e mudanças manuais na alavanca e paddle shifts
DesempenhoAceleração de 0 a 100 km/h – 9,6 segundos (etanol)
Velocidade máxima – 192 km/h (etanol)
Rotação a 110 km/h – 2.300 rpm
Consumo urbano – 11,5 km/litro (gasolina)
Consumo rodoviário – 16,1 km/litro (gasolina)
Suspensão/DireçãoDianteira – McPherson/Traseira – Eixo de torção
Elétrica
FreiosDiscos dianteiros e traseiros com ABS e EDB
Rodas/PneusLiga Leve aro 16 com pneus 195/55 R16
Dimensões/Pesos/CapacidadesComprimento – 4.057 mm
Largura – 1.751 mm (sem retrovisores)
Altura – 1.468 mm
Entre eixos – 2.565 mm
Peso em ordem de marcha – 1.147 kg
Tanque – 52 litros
Porta-malas – 300 litros
Preço: R$ 69.190 – Versão avaliada: R$ 72.790Volkswagen Polo 2018 – Galeria de fotos