PSA diz que os custos operacionais da Opel são quase 50% maiores
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Ricardo de Oliveira
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Quando Carlos Ghosn assumiu o controle da Nissan para a Renault, o enxugamento da máquina industrial da empresa japonesa chocou os setores mais conservadores do país, mas deu resultado e o executivo virou até personagem de manga em reconhecimento. Na época, Carlos Tavares estava no grupo franco-nipônico e de dentro, viu tudo.
Considerado herdeiro presuntivo de Ghosn, Tavares só esperou pela posição número 1. Como o chefão brasileiro não quis largar a cadeira, então o português se mudou para a PSA, onde fez algo parecido ao da Nissan, passando o grupo francês rival do prejuízo ao lucro. Agora Tavares tem mais outro desafio, fazer o mesmo com a Opel/Vauxhall.
De acordo com o executivo “alfacinha”, a PSA irá implementar mudanças substanciais visando redução de custos que, segundo a empresa,
são quase 50% superiores aos do grupo francês. Tavares indicou que esse gasto extra nas despesas da Opel não está relacionada com a produção em si, mas com o alto consumo de energia e processos pouco eficientes.
Para Carlos Tavares, a Opel precisa ser eficiente em todas as áreas de atuação e nos mercados onde atua. Em entrevista para a TV alemã Die Welt, o executivo afirmou: “A indústria automobilística ainda é um lugar onde há muito desperdício”. Ele disse também que a gestão anterior na montadora germânica não estava trabalhando de forma correta para que a empresa se tornasse lucrativa.
Recentemente, a PSA concluiu o processo de compra da Opel e também da Vauxhall, a marca inglesa integrada à alemã. Antes mesmo da aquisição formal, os dois grupos – no caso alemão com a GM – cooperaram para o desenvolvimento de produtos em comum, compartilhado a Opel as plataformas PF1 e EMP2 da Peugeot Citroën. É por essa via, a da sinergia, que Tavares lança suas apostas para reduzir rapidamente o licenciamento de tecnologias da General Motors, agregando a utilizada pelos franceses.
No que diz respeito aos custos, o movimento para corte de gastos já começou. A unidade da
Vauxhall em Ellesmere Port, Reino Unido, demitiu 400 empregados. A alegação é que os custos operacionais na planta inglesa são muito maiores que as equivalentes na França. Além disso, a queda nas vendas de carros compactos e médios em favor dos SUVs, fez a tiragem do Astra descer ligeiramente. Com isso, parte dos 1,8 mil empregados da instalação serão cortados e também 60.000 carros por ano.
Ainda não se sabe quantos empregados da marca inglesa e nem da Opel serão cortados no processo, mas estima-se que 3.000 engenheiros alemães da marca seriam excedentes. Além disso, Carlos Tavares está preocupado também com a capacidade desta de cumprir os limites de emissões de poluentes para o final da década. O presidente da PSA alertou: “E agora estamos diante do perigo de que a Opel não consiga cumprir os limites de emissão que entrarão em vigor em 2020”.
O mais estranho nesse sentido é que o Opel Ampera-E já dá sinais de despedida no mercado europeu. Após a compra de Opel e Vauxhall, pouco ou nada se sabia sobre o destino do compacto elétrico americano na Europa. No entanto, recentemente a filial da marca alemã na Noruega emitiu um aviso aos concessionários para que deixem de fazer pedidos para o modelo.
O motivo é que a demanda não pode ser atendida pelo volume importado pela Opel. Só na Noruega existem 5 mil pedidos para o Ampera-E, que no ciclo NEDC, tem autonomia de pelo menos 500 km. Até agora foram entregues 1 mil exemplares na Europa, a maioria no país nórdico. Alguns outros países já começaram a receber, mas em pequenos volumes. O pedido aos revendedores gerou incertezas sobre o futuro do modelo na Opel.
E, de certa forma, quem pensa assim está certo. O motivo é que não se sabe o real motivo pela baixa oferta do elétrico feito pela GM, mas o que se comenta é que a montadora americana perde muito dinheiro em cada Bolt produzido, tendo sido feitos pouco mais de 15 mil desde o ano passado.
A maior disponibilidade está na Califórnia e a situação em outros estados americanos seria parecida com a do mercado europeu. Isso põe em xeque o acordo, que previa o abastecimento das marcas europeias ex-GM. A PSA promete elétricos para os próximos anos e essa seria uma alternativa viável ao Ampera-E.
[Fonte: Guia Motor/Die Welt/
Electrek/The Guardian]
COMENTÁRIOS: Lembram quantas vezes eu comentei que não entendia os resultados da Opel, inclusive e especialmente por conta de sua excelência na engenharia de motores? Pois é, ao que parece, a minha opinião sobre a GM, vale mesmo para a Opel: é um paquiderme gordo e lento, com excesso de gente e excesso de cargos, níveis e hierarquias.