De coluna para leitor, desejos para seu 2016
FacebookTwitterGoogle+WhatsAppLinkedInEmailTire a cigarra da sua vida e entre em tempos de formiga — mas há outras boas medidas inspiradas no que vimos em 2015
Na irrefreável lista de desejos para o ano em início, melhor vê-la como exercício de sobrevivência — e se adaptar às condições. A promessa de correção de curso, anunciada ao princípio do governo Dilma 2, não se viabilizou e o país se assusta ante combinação perigosa, a mistura de recessão, inflação e incapacidade de formular e seguir planos de correção. Ou seja, sem freios e com problemas de direção.
Na prática, significa: se você tem pouca folga de caixa, contenha-se, pise no freio, corte o supérfluo. Se sua estrada é lisa, foque nos investimentos. Ativos estão caindo de preços e permitem boas aquisições. Tenha em mente, o atual período definirá o futuro próximo. A soma de rever os custos, cortar o supérfluo, frear o caixa, fiscalizar aplicações e fazer tesouro para o inverno no geral é a melhor fórmula. Nos termos da fábula, tire a cigarra da sua vida e entre em tempos de formiga.
Para a Coluna, 2015 foi ano bom: expansão no número de veículos impressos e eletrônicos que a reproduzem — ultrapassamos 30 oficiais, sem contar as agregações pirateadas — e ganho no volume de acessos, superando os 10 milhões/mês. Aos leitores esta edição é dedicada, com votos de:
• Que você faça como a Alfa Romeo, surpreenda com promessas como o Giulia, mostrado emocionalmente, com direito a apresentação com Andrea Bocelli — e se for o caso aproveite para manter o suspense, adiando a realidade.
• Que você aja como a Audi, superando as expectativas. Quando se esperava sequência industrial na produção do A3 1,4 sedã em Curitiba, surpreendeu com a versão 2,0-litros: um produto, duas presenças no mercado. Breve o Q3.
• Que você tenha a capacidade de observar, frieza para julgar, coragem para mudar, como fizeram Peugeot, focando em luxo e requinte, e Citroën, cortando produtos, como a C3 Picasso.
• Que você aja como a PSA, holding da marca, ceifando o desdobramento de problemas na base, depurando a rede revendedora para obter operação enxuta e tentativamente rentável.
• Que tal coragem tenha direção prática: convocou, do exterior, Ana Teresa Borsari, executiva brasileira em crescimento na Peugeot, para ser a primeira mulher conduzindo uma fábrica de automóveis brasileira.
• Que você não tenha medo de desafios, como a Isella Costatini, brasileira, presidente da GM na Argentina: convidada pelo novo governo Macri para dirigir a Aerolineas Argentinas e seu prejuízo diário de US$ 1 milhão, aceitou.
• Que você dê parâmetro contábil aos seus problemas e não permita que perdas no exercício ora encerrando sejam o mapa para o próximo ano. Escriture os prejuízos e comece 2015 como novo exercício. Passe o a receber ou discutir ao seu advogado e fim de papo. Passado é passado e deve ajudar o planejamento para o futuro. E só.
• Que você adote conceitos econômicos, consumindo apenas o necessário e apto ao seu bolso. Cheque especial ou crédito automático são ferramentas de negócio, de uso restrito apenas se o ganho palpável superar os custos.
• Que você se conscientize que pedaladas nos pagamentos só têm discussão no âmbito governamental. Para pessoas normais, físicas ou jurídicas, tal procedimento — tipo querer pagar a conta de um cartão de crédito com outro — não daria certo.
• Que você tenha e implemente projeto de entesouramento para os bons negócios a surgir de quem não se preparou.
• Que você troque de automóvel. O país precisa disto. Em 2016, novidades atrativas: picape Fiat Toro; Golf 1,4 TSI; novo míni-Fiat — ao qual já chamam Mobi; novo Honda Civic; novos Mercedes.
• Que sua escolha recaia sobre carro novo, de preferência nacional, para manter ou gerar empregos locais.
• Que tal compra seja em negociação aproveitando as más consequências da despreparada gestão econômica do país.
• Que você tenha cabeça aberta à hora de escolher a cor de seu carro novo, fugindo da ditadura do preto, branco e prata. Esqueça as opiniões sobre valor de revenda, saia do rebanho e compre o que lhe dá prazer, choque a burguesia, provoque seu vizinho — caso do vermelho do Audi A3 sedã.
• Que você, se precisar, tenha coragem de peitar verdades aparentemente pétreas, como o fez o Sergio Marchionne, CEO da FCA: para fazer caixa fendeu a barreira da intocável italianidade da Ferrari, colocou suas ações na Bolsa de Nova York, a NYSE, para fazer caixa aos planos de expansão, em especial os do renascer da Alfa Romeo.
• Que você, para ajustar sua atividade, ouça seus clientes e consumidores, como o fez a Mercedes-Benz, indo às estradas, às oficinas, aos frotistas, para entender exigências do mercado, adaptando-se e aos produtos, ampliando vendas, recuperando-se.
• Que para entender seu negócio, faça como o Phillip Schiemer, presidente da Mercedes, que volta e meia vira atendente no SAC — Serviço de Atendimento ao Consumidor — da empresa para saber dos problemas na linha de frente.
• Que você tenha a coragem da Tesla, pequena fábrica de elétricos nos EUA. Sem medo de cara feia, peitou os poderosos, divorciou tecnologia da feiura, tão ligada aos elétricos, e faz os mais atrativos carros com esta tecnologia.
• Que você se não se deslumbre em frequentar a mídia, e faça como o David Powels, novo presidente da Volkswagen: fique mudo até entender as razões operacionais da empresa, produtos, gentes, queda de participação, meios para recuperá-la.
• Que você tenha a constância teimosa do designer João Paulo Melo, criador de projeto para revitalização do Willys Interlagos. Propõe, insiste, não desiste de criar estrutura, buscar sócios, apoiadores em projeto cujo destinatário natural seria a Renault, proprietária da Alpine, autora do projeto de origem.
• Que você tenha a coragem da YPF, estatal argentina de petróleo. Entre os números ruins do país de origem e os menos mal do vizinho, aqui ampliou investimentos. Quer produzir óleos lubrificantes localmente e comprou fábrica em Diadema, SP.
• Que você seja bom cidadão, fazendo valer seus direitos, exigindo a chegada da gasolina S-50, mais limpa, com menos enxofre, menos poluição. Seria adotada em 2015, mas adiada por razões misteriosas, como as que cercam combustíveis no Brasil, de composição química a preço.
• Que sua equipe de trabalho seja tão entrosada, treinada e motivada como a da Procuradoria Geral da República e Polícia Federal na apuração dos crimes do Petrolão.
• Que a nós o exemplo do juiz paranaense Sérgio Moro permaneça e inspire.
• Que você tenha clareza para apoiar ou repudiar candidaturas nas eleições de outubro próximo. Neste país de partidos sem programa, e no qual o percentual de políticos infratores da Lei cresce vigorosamente, a repulsa dos contribuintes é fundamental.
• Que você ilumine familiares, amigos e colaboradores lembrando-os nessas eleições do compromisso com a cidade e o país, com votos por currículo e propostas.
• Que você acredite que sua cobrança pode manter a esperança na faxina necessária a partir da elite comprometida.
• Que você defenda o país ante críticas de seus contatos do exterior quanto à dúbia condução, os remendos econômicos sobre a falta de planejamento, a insegurança jurídica, inibindo investimentos estrangeiros.
• Que as críticas estrangeiras sobre a corrupção que erode o futuro e nos nivela por baixo, muito baixo, provoquem em você um exame de consciência quando ao futuro do país.
• Que você apoie a necessidade de mudar o jeito de administrar o Brasil para assegurar-lhe futuro sóbrio, apoie e cobre processos de justiça aos indiciados, presentes e futuros, nos desvios de Mensalão, Petrolão e outros ainda não conhecidos. Os Petropilantras não furtaram apenas moedas — comprometeram a vida e o futuro do país. Não pode haver leniência com isto.
• Que você encontre petições públicas saneadoras, propondo implantar corte acima do Supremo Tribunal Federal. Sua supremacia se abalou com a recente decisão sobre os ritos internos do Congresso, mostrando necessário uma câmara revisora a posturas dúbias, para que elas não se tornem nova regra e nossa Justiça não tome o caminho da similar venezuelana.
• Que o seu Deus, como todo Deus, dê-lhe generosa paciência para sobreviver e conviver com o período que se projeta duro, entre a necessidade de medidas saneadoras no interior do governo, sua inexistência, e o caminho simplório de resolver problemas nada mudando e avançando no bolso do contribuinte.
Reflexões sobre 2015
Automóvel e seus assuntos periféricos bem o marcaram. Tema principal não foram os produtos, mas escândalo de problemas de segurança e emissões poluentes envolvendo as maiores marcas do mundo. Dramas com bolsas infláveis Takata em produtos japoneses, chaves de ignição de modelos da General Motors e descoberta — com reconhecimento — das emissões poluentes superando a linha legal pelos motores Volkswagen a diesel.
No Brasil, maus números em produção e vendas fechando em projetados 2,45 milhões, em torno de 25% inferior a 2014, e sua consequência natural, o desaparecimento de empregos nas indústrias de fazer carros, nos fornecedores, nos revendedores, nos transportadores. Em vendas automóveis caíram, grosseiramente, 25%. Caminhões, 40%.
O mau projeto econômico do governo Dilma 1 gerou péssimos reflexos em 2015. O professor Mantega e a Sra. Belchior, respectivos ex-ministros da Fazenda e do Planejamento, merecem medalha por mérito químico: transformaram a esperança numa droga.
Numericamente a queda é vigorosa marcha à ré, repetindo os níveis de 2005. Como dado analítico, estabeleceu tendência com três anos de seguidas quedas, em recuperação projetada em anos. Não se imagine recuperação com a mesma velocidade da queda, com a indústria automobilística subitamente acelerando em produção e vendas. Há capacidade industrial instalada e ociosa, mão de obra idem, ou seja, por definição é fácil e rápido retomar a fabricação.
Entretanto mesmo havendo condições, tal processo não será rápido pois a parte terminal — o balcão onde se vendem automóveis, caminhões, ônibus, tratores, motocicletas — encolheu. Calcula a Fenabrave, a federação dos distribuidores, aproximados 1.000 negócios de vendas de veículos tenham fechado as portas. A recuperação do mercado não começa na poderosa multinacional, mas na loja da esquina.
Na práticaEm termos internacionais acompanhamos os sinais de mudança tecnológica em veloz aproximação, trazendo o carro autônomo, sem motorista. Operando por rede de transmissão de sinais, capazes de sair da garagem, entrar no trânsito das ruas, tomar a estrada, viajar e chegar ao destino sem interferência do motorista.
Alterações comportamentais trazidas por tais conquistas ainda são de modesta projeção, mas duas bastam para mudar conceitos surgidos desde o aparecimento do automóvel, há 130 anos: um, perderá a simbologia de poder na mobilidade, sendo promovido a cápsula móvel; outro, tende a dispensar o pertencimento, passando a ser como as bicicletas turísticas, propriedade do poder público ou de investidores — você usa o cartão de crédito, paga, decide para onde ir e a tralha tecnológica o conduzirá.
No país houve, também, a redução do Imposto de Importação para veículos elétricos, forma de incentivar consumo e justificar produção. Registro de mudança na processualística da indústria: as casas de estilo independentes, gerando desenhos e construindo os produtos, desapareceram. As mais conhecidas e então remanescentes se encerraram. Bertone faliu; Italdesign, leia-se Giugiaro, foi vendida à Volkswagen; e a célebre Pininfarina recém passou à indiana Mahindra e se resumirá a desenhos, sem construção. O fim dos projetos diferenciados é um descenso à mediocridade.
GenteAlteração no comando das três maiores do mercado, Fiat, VW e GM. Na primeira, Cledorvino Belini, ex-mandão geral, passou o comando a Stefen Ketter, brasileiro apesar do nome. Ketter, 57, acumulará função com a Vice Presidência mundial de Manufatura e foi responsável pela construção da fábrica Jeep em Pernambuco. É o detentor das chaves de qualidade de construção dos produtos FCA no mundo. Na VW, Thomas Schmall foi promovido com lugar na diretoria mundial, e na GM, Jayme Ardilla, então diretor para a América Latina e Brasil, aposentou-se, abriu empresa de consultoria. Em seu lugar, ex-Ford, Barry Engle, veio como homem para cortes, ainda não realizados.
Na menor, a Suzuki, idem. Sinergia total com a Mitsubishi: produção, vendas, distribuição. Luiz Rosenfeld, 63, engenheiro, agora ex-presidente da Suzuki, dedicar-se-á à sua fábrica de barcos. Não mais existirá um time Suzuki, mas departamento dentro da MMCB. Olivier Murguet, então condutor da Renault, foi promovido a vice-presidente sênior e presidente do Conselho da Região Américas. Fabrice Cambolive assumiu a operação Brasil.
Referência por décadas como executivo de VW e Ford, Jorge Chear, diretor de vendas e marketing da Ford aposentou-se. Guy Rodriguez sucedeu-o. Mercedes promoveu Dimitri Psilakis, de diretor de automóveis no Brasil a presidente da Mercedes Coreia. Holger Marquardt o substituiu. Deixando a direção geral da Citroën, Francesco Abbruzzesi é diretor da GM, e Ana Theresa Borsari, advogada, assumiu a Peugeot, primeira mulher a conduzir um fabricante no Brasil.
Waldey Sanchez, longa vida ligada à indústria automotora, deixou presidência da Navistar Mercosul e assumiu consultoria para a marca. Fim de ano substituiu condutores de BMW — antecipada pela Coluna — e Jaguar Land Rover. Em termos de pessoal, a atividade de montar ou produzir veículos engoliu estimadas 14.000 vagas durante o ano. Crê-se, por efeito multiplicador, cinco vezes mais entre revendedores e transportadores.
MercadoNo cenário de vendas, Volkswagen caiu à terceira posição em volume. Fiat, agora FCA, manteve o primeiro lugar, com intensa movimentação, inaugurando portentosa fábrica dentro de um canavial no norte pernambucano. De lá extrai o Jeep Renegade e dois novos produtos em 2016: a picape Toro e outro produto Jeep. Em Betim, carro menor, de entrada, motor 1,0-litro.
Referência importante, pela primeira vez em décadas as três maiores somaram menos de 50% das vendas no mercado.
PSA, junção de Peugeot e Citroën, mundialmente sobreviveu, aumentou produção e participação de mercado. No Mercosul mudou a óptica de produtos, refinando os Peugeots, tirando-o da disputa com carros sem equipamentos. Mas ambas perderam muito mercado em 2015. Citroën abduziu de produção a interessante C3 Picasso, criando versão adequada da renovada Aircross para atender à clientela. Ambas cortaram fundo em pessoal não produtivo — cerca de 50% nos escritórios — e buscam recuperar vendas perdidas e explicações, pois a queda ocorreu em paralelo ao lançamento de novos produtos. Peugeot apresentou o 2008 brasileiro, com vendas menores às suas qualidades.
Renault cresceu a 7,1% do mercado, firmando-se como a quinta em participação. Renovação da linha, com Logan, Sandero, Duster, e lançamento da picape Oroch ajudaram. Sandero RS (foto), marcado por ganho de desempenho, ótimo projeto de engenharia, abre porta no mercado para veículos diferenciados por rendimento.
Fiat SpA, a matriz italiana, após assumir a Chrysler LLC, fundiu-as sob o nome FCA, transferiu a sede legal de Turim, Itália, para Amsterdã, Holanda, e ações na Bolsa de Londres. Cortou o nó górdio da intocabilidade da Ferrari, colocando 10% de suas ações na Bolsa de Nova York. Quer capital para os grandes projetos de expansão das marcas controladas, a partir da volta da Alfa Romeo.
O Projeto Inovar Auto, imposição do governo contra as marcas importadas, gerou pequenas fábricas para BMW e Audi, já inauguradas, e Mercedes, nos próximos meses. Início com baixa nacionalização. Dentre importados, ex-líder Kia, amargando enxugar de vendas, terá fôlego em 2016 iniciando importar 4.800 carros mexicanos sem impostos de importação.
Como a Coluna antecipou há um ano, Porsche veio e instalou filial no Brasil para fazê-lo o segundo mercado americano, reduzir preços, aumentar volume.
Ter fábrica no Brasil não é garantia de êxito. A chinesa Chery a fez em Jacareí, SP, mas os desencontros com a mão de obra garrotearam a produção, sem permitir as vendas projetadas. Lifan continua com finalização de montagem no Uruguai, e JAC entendeu — nem sempre é bom ser amigo do rei. O financiamento pretendido junto ao banco de desenvolvimento da Bahia não se viabilizou e a atividade hoje é apenas comercial, e em contração.
Localmente há satisfação no mercado com o renascer do VW Up. Mais bem dotado entre os 1,0-litro nacionais, seu conteúdo eleva preço e não obteve as vendas merecidas. Fim do ano, com o aparecimento da versão TSI com turbo, a imagem mudou e as vendas se elevaram. Foi o nacional mais premiado nos juris especializados. De atualização, VW iniciou montar o Jetta e deu uma travada no projeto do Golf. Ficou para 2016.
Nissan deve ter concluído — seu modelo March não representa o pico dos desejos dos consumidores. Sobre sua plataforma faz o Versa e completa a linha importando o Sentra. Desempenho baixo, foi cobrada pessoalmente por Carlos Ghosn, condutor mundial, ter 5% do mercado — marcou 2,9%. Quer 3,1% em 2016.
Japonesas Toyota e Honda mantiveram crescimento pequeno. Honda, mesmo com o sucesso da linha Fit, City e do bem lançado HR-V, frustrou-se: fez fábrica em Itirapina, SP, para 120 mil unidades/anuais; deu-a como pronta, mas não inaugurou. Ante a previsão de mercado congelado, passou cadeado na porta e aguardará 2017 para ver se demanda justificará operá-la.
OcorrênciasCAOA Montadora, em Anápolis, GO, assinou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público. Promete não mentir em publicidade e doou 27 caminhões como indenização. No âmbito penal, empresários da CAOA e da MMC foram denunciados por suposta interferência junto ao Carf, e vice-presidente da Anfavea e ex-assessor presos por suspeita de suborno para obter prorrogação de isenções.
Fenatran, a feira nacional de transportes, surpreendeu-se com a negativa das fabricantes de caminhões em dizer presente. Apenas duas, Volvo e DAF, apareceram. Pior referência do mercado foi o fechamento da International de caminhões. Quarta vez que sai do país. A TAC dos jipes Stark parou, anunciou venda e comprador prometeu revitalizá-la.
GovernoContinua sem política para a indústria automobilística, e deu boa medida de confusão com o tema extintor, ameaçando multar quem não tivesse novo modelo; ignorou se havia disponibilidade no mercado; às vésperas da obrigatoriedade (várias vezes adiada) cancelou a obrigatoriedade de uso.
Em amplo espectro fez acordo comercial com a Colômbia e Uruguai para troca de veículos, mas a tibieza negocial deu primazia e liderança à Argentina e seu novo presidente Maurício Macri. É quem faz aproximação com a união europeia.
MaisPouco a registrar em automobilismo de competição. O Autódromo de Brasília foi fechado para reformas, e assim está por questionada ilegalidade no contrato. O do Rio de Janeiro, picado para fazer obras para Jogos Olímpicos, sumiu e ficou assim. Categorias internas sem propiciar desenvolvimento, e no exterior a expectativa sobre Felipe Nasr ainda exige tempo de aculturamento na Fórmula 1 e a carro de segunda qualidade.
Movimento colecionista se desenvolve naturalmente, e melhor notícia foi o surgimento do Box 54, empreendimento em tal quilômetro da Rodovia Castelo Branco, nas proximidades de São Paulo. É museu, local para abrigo, guarda, locação e vendas de veículos antigos. Fórmula boa e factível de ser copiada.
Enfim, ano desproporcional ao volume pago como impostos, de explicações ofensivas à inteligência média, de sustos com o avançar no patrimônio público para agradar parlamentares. Merecemos mais.
Os pesares, as dificuldades, as injustiças, as irresponsabilidades oficiais por ação ou omissão não merecem ser vistos como padrão ou gabarito. Recomendo ao atento leitor manter a fé, rezar, meditar, para manter seu caminho, evitando que tais comportamentos conduzam a sua vida.
Um troféu à altura dos Mercedes
Mercedes-Benz encerrou à altura sua temporada de desafios nacionais, a Challenge. Coleção de corridas em autódromos nacionais, utilizando carros da marca, os sedãs C250 e CLA com preparação AMG. Temporada intensamente disputada, com vencedores definidos apenas à última prova, realizada no Autódromo de Interlagos, SP. Equilíbrio é ditado pela identidade entre os veículos, sem preparação pelas equipes participantes, todos com acertos pela Mercedes-Benz, padronizando os veículos.
Pode parecer iniciativa curiosa da Mercedes-Benz patrocinar corridas entre automóveis encontráveis nas vitrines dos seus revendedores, mas se enquadra num grande programa de marketing para sedimentação do conceito da marca. Participação no campeonato de Fórmula 1 — vencendo-o e fornecendo motores a concorrentes — tem outro foco, a identificação de liderança tecnológica e de resistência.
No caso, as corridas com os veículos classificados como Turismo enquadram-se em seu grande projeto de ampliação de conceito, visando deixar de ser vistos apenas como veículos confiáveis, resistentes, de status e sóbrios. Para abrir o leque dos consumidores, atingindo novas faixas de idade, os Mercedes têm ganhos estéticos e de desempenho, ampliação de linha — como a nova família baseada no Classe A, de tração dianteira — e os campeonatos de corridas com carros da marca.
Em festa complementar à iniciativa, a Mercedes encomendou ao artista Paulo Soláriz, sempre dedicado aos automóveis, uma peça específica. Soláriz criou elegante figura feminina elevando a estrela-símbolo. Representa Mercedes, filha de Emil Jellinek, inspiradora do nome da marca.
A temporada 2016 do Challenge Mercedes-Benz terá seis provas.