Fiat inaugura nova fábrica de motores da família GSE Firefly em Betim
16/09/2016 00:09
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Com 40 anos de funcionamento, o complexo industrial da Fiat em Betim/MG, ganha mais uma plannta de produção, agora dedicada à nova família de motores GSE, batizada de Firefly, e que estreia do Uno 2017 em versões 1.0 e 1.3.
O prédio de 22 mil m2 já existia, mas
a Fiat fez um remanejamento interno em Betim e equipou todo o local com maquinários de última geração para produzir 400.000 motores por ano. A planta recebeu 186 robôs para um processo de usinagem de cabeçote, bloco e virabrequim totalmente automatizados.Visitamos a área de produção, onde robôs fazem todo o processo de fabricação do motor através de várias estações de trabalho e linhas de deslocamento elevadas para movimentação dos robôs e transporte dos propulsores. Ao mesmo tempo, unidades de três ou quatro cilindros podem ser feitas normalmente, onde cada robô é ajustado conforme o tipo de motor.
O trabalho humano se resume à entrega de peças para a montagem robótica e introdução de cabos e outros periféricos de cada propulsor. Os robôs fazem o restante do serviço, desde a colocação de sede de válvulas até montagem de pistão na biela e sua colocação no bloco, incluindo os casquilhos (bronzinas) no virabrequim, por exemplo.
Estamparia e montagem de veículosDurante a visita ao complexo da Fiat em Betim, percorremos também as plantas de estamparia (funilaria) e montagem de veículos. Na primeira unidade, conhecemos as prensas que moldam as partes da carroceria de um veículo, feitas em moldes de 35 toneladas e em velocidade de até 16 peças por minuto.
No mesmo local, há também a inspeção de componentes da lataria para envio às linhas de montagem. O processo continua em outro prédio, onde as peças moldadas chegam para serem soldadas em máquinas automáticas ou manuais. É nessa fase que o carro toma forma com assoalho, laterais, teto e outras partes soldadas por robôs e soldadores manuais, em alguns casos onde o robô não teria acesso fácil.
Partes de vários modelos são unidas nessa planta. A Fiat construiu linhas de transporte de peças e carroceria elevadas entre os prédios da fábrica para flexibilizar a produção. Na linha de montagem propriamente dita, as partes já soldadas e pintadas – um novo prédio de pintura está em construção – se unem ao conjunto motriz/suspensão, no que é chamado de “casamento”.
Portas, painel, bancos, estepe, rodas e outros itens são montados por trabalhadores que totalizam 3 mil pessoas dentro de um prédio onde funcionam três linhas para 15 modelos e 136 versões diferentes. No final, fica a inspeção e deslocamento de veículos para testes de suspensão para posterior envio ao pátio. A linha do Mobi, por enquanto, é exclusiva do modelo.
A fábrica, de acordo com um engenheiro, tem capacidade para até 4,5 mil carros/dia em três turnos. O complexo de Betim ainda dispõe de pista de testes e um novo centro de pesquisa e desenvolvimento está em construção, assim como um prédio dedicado à criação de novos produtos. No total, 800 mil carros por ano podem ser feitos no local, que já produziu 15 milhões de veículos, sendo 3 milhões exportados.
Motor FireflyO projeto global GSE começou a ser executado no Brasil. A Fiat está lançando a partir do Uno 2017 os novos motores Firefly, que substituirão futuramente o atual Fire.
Feitos em alumínio (bloco e cabeçote), os propulsores 1.0 e 1.3 apresentam respectivamente três e quatro cilindros.A nova arquitetura é composta por um bloco com virabrequim integrado ao corpo, cuja parte inferior é colada à parte superior, mantendo assim o eixo de manivelas dentro do conjunto. O cárter é adicionado logo abaixo.Com duas válvulas por cilindro, o Firefly foi concebido para entregar mais torque em baixa rotação, por conta de ter um tamanho menor em cm3, melhorando as respostas no dia a dia e ultrapassagens mais seguras.
O 1.0 entrega até 77 cv e 10,9 kgfm a 3.250 rpm, enquanto o 1.3 oferece até 109 cv e 14,2 kgfm a 3.500 rpm, este último com potência específica de 82 cv/litro. Durante a apresentação do Uno 2017, a Fiat mostrou dois comparativos eficiência energética dos Firefly em relação aos concorrentes do mercado nacional (confira fotos na galeria).
De ciclo Miller, combustão em baixas cargas e com médios regimes de rotação, o Firefly tem comando único com variador de fase e as válvulas (posicionadas fora da linha do comando) são acionadas por balancins, lembrando uma configuração SOHC. O sistema de injeção de combustível tem pré-aquecimento para partidas a frio, dispensando o velho tanquinho.
O acionamento do comando é por corrente, que dispensa manutenção e tem durabilidade de mais de 200 mil km. O óleo lubrificante do Firefly é o 0W20. Em resumo, a construção em alumínio reduziu o peso em sete quilos e a vida útil mínima do propulsor é de 240.000 km.
O 1.0 tem 333 cm3 em cada cilindros e com a adição de um quarto (1.3), o volume sobe para 1.332 cm3. Ou seja, ambos possuem uma construção modular e compartilham quase que totalmente os mesmos componentes, reduzindo custos de desenvolvimento, produção e manutenção.
Galeria de fotos da fábrica da Fiat em Betim:Viagem a convite da Fiat.COMENTÁRIOS: Coloquei a reportagem aqui porque, apesar dos motores estrearem no Uno, vão equipar outros modelo e já se fala em versões turbo no futuro. Primeiro, até onde eu sei, é a primeira vez que faz motor ciclo Miller no Brasil, ou seja, é um motor totalmente novo, apesar de eu ainda achar uma sacanagem ter apenas 2 válvulas por cilindro, algo que, de fato, melhora o torque em baixa, mas limita a possibilidade de emissões MUITO baixas, o que deve estar sendo compensado pelo ciclo de combustão. Segundo, estão fazendo praticamente tudo do motor, inclusive comandos e virabrequim, peças de ALTÍSSIMA PRECISÃO CONSTRUTIVA.