AVALIAÇÃO: HYUNDAI IX35 2016
SUV ganhou nova grade e lanternas de led, mas deixou de ser boa compra após perder potência e itens na versão de R$ 99.990
por ALBERTO CATALDI
A Hyundai não podia ficar parada com o avanço do Honda HR-V e do Jeep Renegade no segmento de SUVs. Dona do utilitário premium mais vendido do Brasil, ela sabia que precisava renovar para conquistar mais mercado. Assim chega o Hyundai ix35 2016, com uma nova grade dianteira e farois de led. Poucas mudanças que justifiquem a adoção do "new" nas propagandas, mas o suficiente para chamar atenção dos consumidores. Mesmo porque, o plano vai além, e ampliou a gama de uma para três versões, com preços entre R$ 99.990 e R$ 122.990. Na prática, a Hyundai tentou elevar o ix35 de categoria, mas não fez muito para isso além de elevar seu preço.
Impressões ao volante
A renovação da dianteira fez bem ao ix35. Seu visual, inspirado na versão reestilizada na Coreia do Sul, valorizou seu porte e distanciou seu visual dos modelos mais defasados da Hyundai. A nova lanterna de led reforça o ar de modernização, além de funcionar de fato melhor do que as luzes antigas. E é triste que, no fim das contas, isso seja tudo o que o ix35 tem para mostrar de novo. O interior continua espartano, embora os plásticos e tecidos sejam de boa qualidade. O espaço é confortável para quatro ocupantes - e até mesmo cinco, se os passageiros de trás não se importarem com um pouco de aperto - e não oferece nada a mais em relação ao modelo 2015.
O desempenho continua um ponto fraco para o SUV. Mais do que isso, agora ficou um pouco mais sofrido. A fim de atender às metas de emissões da Europa, o motor 2.0 16V (que é adaptado para ser flex no Brasil) passou por modificações em sua central eletrônica. O resultado foi a perda de potência. Antes, o ix35 desenvolvia 178 cavalos com etanol e 169 cv com gasolina, agora desenvolve 167 cv e 157 cv, respectivamente. Já no torque, o utilitário passou dos 20,4 kgfm com etanol para 20,6 kgfm (19,2 kgfm com gasolina). Sem alterações, o câmbio continua o mesmo automático de 6 velocidades.
A perda de potência ficou bem sensível ao volante, já que o carro é pesado e claramente sofre para chegar em um patamar confortável de aceleração. O resultado é bem perceptível no interior da cabine, especialmente pelo incômodo gerado pelo o grito do motor, que parece sempre subir para as faixas acima das 4.500 rpm a fim de entregar toda a força que o SUV precisa em uma ultrapassagem ou subida mais exigente. Em resumo, dirigir o ix35 é sentir um carro se esforçar o tempo todo.
E é até difícil de medir os benefícios da queda de potência. Se, de fato, as emissões reduziram, o consumo de combustível, por outro lado, praticamente não mudou. Em nossos testes com etanol, o novo Hyundai ix35 registrou 5,3 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada, enquanto o modelo anterior marcou 5,6 km/l e 9,5 km/l, respectivamente. Ou seja, continua beberrão.
Custo-benefício
Com as mudanças na linha, o ix35 passou a contar com três versões (pouco criativas nos nomes): básica (R$ 99.990), intermediária (R$ 109.990) e top (R$ 122.990). O maior problema é que tudo aquilo que tornava o pacote do ix35 antigo interessante foi perdido. Assim, pelos mesmos R$ 100 mil de antes, o SUV não tem mais a tela multimídia de 7" com GPS, nem o controle eletrônico de velocidade ou a partida sem chave. Para ter uma versão equivalente ao que o ix35 oferecia, é preciso pagar R$ 10 mil a mais no intermediário. E para ter um modelo realmente recheado, é preciso tirar mais R$ 13 mil do banco e comprar o modelo mais caro.
O Hyundai ix35 top tem ar-condicionado bizona (permite regular uma temperatura para o motorista e outra para o passageiro), teto solar panorâmico, lanternas traseiras de led, partida sem chave, travamento automático das portas a 20 km/h, bancos dianteiros de couro (os traseiros são de couro e tecido), banco do motorista com ajuste elétrico e maçanetas com acabamento cromado. É também apenas o ix35 completão que traz controle eletrônico de estabilidade. Recheado assim, o SUV realmente faz frente à concorrência, mas certamente não o suficiente para entrar em competição com modelos de mesmo preço, como Dodge Journey.
Vale a compra?
Não. Apesar de ser um bom produto, o Hyundai ix35 tinha como seu maior trunfo o interessante pacote de itens na faixa dos R$ 100 mil. Ao buscar atrair um público disposto a gastar mais, a marca coreana coloca o SUV em um patamar em que ele não está preparado para competir e, pior, faz a compra de um Jeep Renegade 2.0 Turbodiesel 4x4 parecer ainda mais interessante. Talvez com uma atualização de projeto, como a que já ocorreu na Europa e nos EUA, o modelo possa justificar sua ambição de ser premium. Mas, por enquanto, ele só conseguiu perder o selo de boa opção de compra.
Ficha técnica
Motor: Dianteiro, tranversal, quatro cilindros em linha, 16V, flex
Cilindrada: 1.998 cm³
Potência: 167/157 cv a 6.200 rpm
Torque: 20,6/19,2 kgfm a 4.700 rpm
Transmissão: Automática de seis marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: McPherson na dianteira e dual-link na traseira
Freios: Discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira, com ABS e EBD
Pneus: 225/55 R18
Dimensões: Comprimento de 4,41 metros, largura de 1,82 metro, altura de 1,65 metro e distância entre-eixos de 2,64 metros
Capacidades: Tanque 58 litros; Porta-malas: 456 litros (aferido por Autoesporte)
iX35
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PONTOS FORTES
Recebeu uma leve reestilização, com nova grade e farois de led.
Com 4,41 metros de comprimento e 1,65 m de altura, tem bom porte e espaço para ocupantes.
É produzido em Anápolis (GO) e tem custo de manutenção vantajoso.
PONTOS FRACOS
Motor 2.0 16V flex perdeu potência em relação ao modelo anterior e agora desenvolve 167 cv.
Só oferece controle de tração e estabilidade na versão mais cara.
Está defasado em relação ao ix35 europeu e norte americano, que voltou a adotar o nome Tucson.