Jeep usa tecnologia em Goiana para corrigir falhas e zerar recalls
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Leonardo Felix
Colaboração para o UOL, em Goiana (PE)
30/04/201516h16
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- Murilo Góes/UOL
Complexo é o segundo do grupo Fiat-Chrysler no Brasil: o outro fica em Betim (MG)
Marca: Jeep (Fiat-Chrysler).
Localização: Goiana, Pernambuco.
Tamanho: 270.000 m².
Empregos (diretos): 5.345.
Capacidade de produção: 250 mil unidades/ano.
Ainda que a
cerimônia oficial de abertura tenha sido feita apenas na quarta-feira (28), a fábrica da Fiat-Chrysler em Goiana (PE) funciona há mais de um mês em ritmo comercial. A presença de executivos graduados do grupo, como o chefão Sergio Marchionne, e até mesmo da presidente Dilma Rousseff no evento de abertura indicam que a unidade nordestina tem uma missão importante: entregar unidades do Renegade "à prova de recall".
Para isso, a aliança ítalo-americana aposta em um processo produtivo diferente, batizado de WCA, sigla em inglês para "produção de primeira linha", que está sendo experimento no Brasil pela primeira vez.
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Como é montado o Jeep Renegade em Goiana (PE)26 fotos
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Com o carro totalmente montado, técnicos fazem a inspeção final de dobradiças, borrachas e demais encaixes; depois, máquinas testam funcionamento dos amortecedores e impermeabilidade do habitáculo em caso de chuva
Murilo Góes/UOL Segundo o diretor de engenharia da FCA em Goiana, Denny Monty, o método garantirá "índices mínimos" de falhas. "Teremos plena capacidade de prevenir problemas e dar respostas muito rápidas. Será quase impossível o consumidor encontrar uma falha em seu carro sem que tenhamos descoberto antes", afirmou.
Correção em tempo real
Um dia antes da inauguração,
UOL Carros visitou a fábrica e conferiu como funciona o sistema de produção WCA: no núcleo da unidade, existem três centros responsáveis pelo controle de qualidade. No primeiro (o de processos), ocorrem simulações de montagem para detecção de erros e treinamento de funcionários. No segundo (de componentes), são feitas inspeções e medições em todas peças do automóvel. O terceiro (de veículos) procede com o diagnóstico final dos carros totalmente montados, incluindo simulação de situações como chuva ou terreno irregular.
Outros números do complexo
7
bilhões de reais
é o total gasto no projeto
6,9%
é a estimativa
de impacto da fábrica sobre o PIB de Pernambuco até 2018
24,9
mil empregos
diretos e indiretos é o que se espera gerar em operação plena
700
robôs
compõem a linha de produção
16
empresas
fazem parte do parque de fornecedores
70%
dos componentes
é o índice atual de nacionalização do Renegade
Fonte: Grupo FCA
Neste último, há um canal de contato direto com revendedores, que podem acionar o centro via internet e comunicar falhas de unidades estocadas ou mesmo vendidas. "Por meio de acesso ao histórico de produção, o centro de veículos poderá achar o problema e comunicá-lo ao lojista em tempo real", explicou o diretor de engenharia da multinacional.
Além disso, todas as etapas da produção possuem postos específicos de controle. Em cada um deles, profissionais chamados "líderes de equipe" enviam relatórios reportando se cada lote produzido segue os padrões de qualidade da empresa, ou não.
Outro ponto importante é a presença, no polo industrial de Goiana, de 16 fornecedores de peças -- como Pirelli, de pneus, e Magneti Marelli, de equipamentos eletrônicos e componentes do trem-de-força. Todos operam nos arredores da fábrica, em contato direto com o centro de controle.
"Esse é um fator muito importante. Qualquer imperfeição é reportada e corrigida na hora, permitindo o envio rápido de outro lote de peças", assegurou Monty.
Divulgação
Executivos afirmam que complexo pernambucano é "o mais moderno" do grupo FCA; produção é quase inteira automatizada, e conta com 700 robôs; 14 deles estão nesta imagem, e são usados para soldar carroceria
Histórico ruim
Nos últimos anos, as marcas do grupo FCA que operam no Brasil têm sido algumas das que mais abrem campanhas de recall. Em 2014, foram oito ocorrências, sendo cinco lideradas pela Chrysler (que inclui Jeep) e outras três pela Fiat. Em 2015, nos três primeiros meses do ano, mais três convocações engordaram a lista de números que nenhuma montadora gosta de dar -- todas as falhas envolveram modelos importados da Chrysler.
Além de produzir utilitários, caberá à fábrica de Goiana e ao seu centro de controle de falhas entregar números mais favoráveis ao grupo.
Murilo Góes/UOL
Jeep promete "contato direto" entre fábrica e concessionárias para detecção e correção, praticamente em tempo real, de unidades do Renegade que apresentarem problema
Fábrica nasce grande
Os números iniciais da fábrica de Goiana -- município pernambucano a 52 km de Recife, que não deve ser confundido com Goiânia (capital de Goiá) -- são promissores: construída usando parte do investimento de R$ 7 bilhões da FCA -- verba que também será responsável pela expansão da fábrica da Fiat em Betim (MG) -- a unidade poderá produzir até 250 mil veículos por ano, ao fluxo de 60 unidades a cada 60 minutos.
Por ora, só entrega o SUV Jeep Renegade, que está sendo vendido desde 10 de abril. A meta para o modelo não é exposta de forma concreta, mas sabe-se que o objetivo é liderar o segmento de SUVs ainda este ano. Para isso, será necessário emplacar mais que Ford EcoSport e Renault Duster -- líderes em 2014, com cerca de 50 mil unidades cada -- e bater ainda o Honda HR-V. Estima-se que a Jeep teria condições de entregar até 70 mil unidades do modelo já em 2015.
Além do utilitário esportivo, fará pelo menos mais dois modelos, sendo que uma picape compacta-média da Fiat, programada para chegar ao mercado em 2016, e outro modelo da Jeep já estão confirmados.
Viagem a convite da FCA do Brasil