Fábrica de Pernambuco será da Jeep, e não da Fiat
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Claudio Luís de Souza
Eugênio Augusto Brito
Do UOL, em São Paulo (SP)
27/05/201422h18
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A nova fábrica da Fiat em Goiana (PE), que deve ser inaugurada em janeiro próximo, terá como primeiro modelo um carro da Jeep, o Renegade. O segundo será a (ainda misteriosa) picape média da marca italiana. O terceiro, porém, vai ser novamente um Jeep, que substituirá o Compass e se posicionará abaixo do Cherokee no portfólio da grife de utilitários. Ainda não há planos para o que virá depois, mas nenhum modelo Fiat está na fila.
AFP
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Em outras palavras: a futura fábrica de automóveis pernambucana será da Jeep, e não da Fiat, como vinha sendo anunciado aos quatro ventos desde que se falou nela pela primeira vez, em 2010 -- ano em que a Fiat comprou uma empresa local de componentes elétricos, numa manobra para garantir futuros benefícios fiscais.
UOL Carros apurou que a titularidade da Jeep deve ser oficializada até na caracterização visual da unidade, com o emblema da marca americana em destaque.
A correção nos rumos da nova planta estava nas entrelinhas das metas do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobile), anunciadas há algumas semanas pelo chefão Sergio Marchionne e pelos líderes de cada uma das marcas. Mike Manley, da Jeep, previu uma produção anual de 200 mil carros na América Latina até 2018. Quando disse "na América Latina", quis dizer "na futura fábrica no Brasil".
Ora, se a capacidade inicial de produção de Goiana será de 250 mil carros/ano, e evidentemente ela não vai crescer entre 2015 e 2018, a Fiat responderá por apenas 20% do total. Será quase uma "convidada" (ou inquilina) na linha pernambucana. (Ao menos em tese, após a formação do grupo FCA a eventual troca de bandeira entre Fiat e Jeep em Goiana não tem implicações legais, já que o capital -- inclusive o emprestado pelo BNDES -- é o mesmo.)
AFP
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Ao mesmo tempo, a capacidade produtiva de Betim (MG), sede da Fiat no Brasil, deve atingir pico de 950 mil carros/ano, partindo dos 800 mil que tinha como limite em 2011. Isso significa que, à exceção da picape média, todos os novos modelos da marca italiana a serem lançados no Brasil até 2018 -- a saber, um subcompacto para substituir o Mille e um crossover urbano compacto
menor que o Renegade -- serão feitos em Minas, e não em Pernambuco.
O fim da produção do Mille e a citada ampliação da unidade de Betim já seriam suficientes para garantir espaço físico às linhas desses dois novos carros. E não custa lembrar que a principal missão delegada pela FCA à Fiat no Brasil foi a de segurar a liderança do mercado até 2018. Uma aborgadem qualitativa, em vez de quantitativa.
JIPINHO FUNDAMENTAL A troca na titularidade da fábrica de Goiana mostra a importância do Renegade nos planos da FCA -- equivalente à nova importância da Jeep dentro do grupo, em que é considerada a única marca verdadeiramente global. O utilitário deve chegar às lojas em abril de 2015, depois dos lançamentos na Europa e nos Estados Unidos (setembro e novembro, respectivamente) e de uma primeira exibição aos brasileiros no Salão do Automóvel de São Paulo (outubro).
Com preço inicial estimado em pouco menos de R$ 70 mil (versão 4x2) e a instigante possibilidade de ter uma versão 4x4 movida a diesel, o Renegade ficará com a maior fatia dos 250 mil carros/ano da nova fábrica. A aposta é que o brasileiro aceitará pagar um pouco mais por um SUV que tenha real capacidade off-road. A batalha mais importante será com o Ford EcoSport -- e basta checar os números para notar que o Renegade almeja nada menos que a liderança entre os utilitários leves no país.