Agência AutoData
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Fornecedores 07/02/2013 19:43
André Barros, de São Bernardo do Campo, SP
Karmann-Ghia troca de mãos e investe em novas linhas
Investimentos em novas linhas, contratos recém-conquistados e uma fábrica repleta de obras de ampliação. Esse é o retrato da Karmann-Ghia local neste começo de 2013, cinco meses após trocar de dono.
O Grupo Brasil, que adquirira a empresa em 2008, vendeu a operação para a holding ILP Industrial em setembro, por valor não revelado – mas que representou negócio de “algumas dezenas de milhões”, segundo porta-vozes da companhia.
Controlada por Jonas Hipolito de Assis, seu diretor-presidente, a ILP Industrial tem vinte anos de experiência com gestão de empresas em crise. Segundo afirmou o executivo em entrevista exclusiva à Agência AutoData, há alguns anos o Grupo Brasil negociou com a holding para oferecer uma de suas empresas, mas as conversas não prosperaram. No ano passado, ocorreu o contrário: a ILP procurou o Grupo Brasil e acabou por adquirir três de suas empresas – além Karmann-Ghia, o acordo envolveu a MTP Tubos, que fornece peças tubulares para a indústria automotiva, e a Vulcan, especializada em laminados plásticos.
“Nesses vinte anos de experiência gerimos com sucesso mais de cem empresas, das quais 60% relacionadas com o setor automotivo. Nossa expertise é enorme.”
Apesar do valor do negócio permanecer sigiloso há, sim, números da unidade brasileira da Karmann-Ghia. Desde a aquisição foram investidos US$ 15 milhões pelos novos proprietários em engenharia, qualidade, melhorias internas e produtivas, além de aquisição de novos equipamentos, como inédita linha de seis prensas – a primeira delas com inauguração prevista para março. Os resultados não demorarão a aparecer, acredita Helio Buciani, diretor-presidente e CEO da Karmann-Ghia, que também atendeu à reportagem com exclusividade: já para este 2013 sua projeção aponta crescimento de 50% no faturamento, que foi de R$ 210 milhões no ano passado.
“Garantimos esse incremento na receita com novos contratos firmados desde setembro, quando a nova diretoria assumiu.”
Segundo Assis a primeira medida adotada foi alongar o endividamento da KG, na busca de equilíbrio financeiro. “Uma parte foi estendida para quitação em longo prazo e outra em longuíssimo prazo. Ajeitamos a situação com os fornecedores e, assim, nos aprontamos para os passos seguintes.”
Quase toda a diretoria foi renovada e, ao mesmo tempo, mantidos os cerca de seiscentos funcionários da linha de produção. Novos trabalhadores deverão ser contratados nos próximos meses.
Apenas a nova linha de prensas, toda robotizada, consumiu US$ 6 milhões e transformou a fábrica de São Bernardo do Campo, SP, em um canteiro de obras: para instalá-la foi necessário derrubar o refeitório – o novo está em construção em outro lugar da planta – e alterar o leiaute das linhas. Segundo Buciani a quinta linha de prensas, composta por seis máquinas importadas da Alemanha, elevará a capacidade de produção, em volume, em até 25%.
A programação indica a entrada completa de operação das seis prensas até junho. O CEO da KG acrescenta que os ganhos não serão somente em volume de produção: “Essa nova linha aumenta nossa massa de manobra e rentabilidade”.
Outro investimento permitirá à empresa fornecer em novos segmentos: mais US$ 12 milhões de aporte nos próximos três anos darão origem a máquinas menores, para produzir peças pequenas. Edson Campos, diretor comercial, esclareceu à Agência AutoData que “a Karmann-Ghia é conhecida por fornecer peças grandes em grandes volumes. Queremos agora fazer também peças menores, adicionais ao que atualmente produzimos, tanto para uso interno quanto para clientes”.
Há ainda estudo para entrada no segmento de injeção de plásticos, embora ainda em estágio inicial, e também naquele de processos em estamparia a quente.
Para o diretor-presidente da ILP a Karmann-Ghia oferece aos clientes produtos e soluções. Exemplifica que o time de engenharia da companhia – que no passado montou na unidade de bela fachada às margens da Via Anchieta automóveis como os lendários Karmann-Ghia, Karmann-Guia TC, VW SP2, Ford Escort XR3 conversível e Land Rover Defender – pode auxiliar cliente na instalação de linhas e processos produtivos dentro de suas unidades ou, ainda, na própria KG.
Buciani: “
Temos capacidade de montar veículos aqui dentro, sim. Houve e há conversas nesse sentido com marcas premium europeias. Temos espaço, capacidade e potencial: só precisam pagar o preço que achamos justo”.
Cabe a lembrança que mesmo sem produzir um automóvel desde 2006, quando a linha CKD do Defender foi descontinuada, a Karmann-Ghia continua afiliada à Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil.
Concurso – Em 2013 o tradicional esportivo Karmann-Ghia, projeto original em parceria da Karmann com a VW alemã, completa cinquenta anos de história no País: as vendas do modelo Made in Brazil foram vendas iniciadas em 1963. Foi produzido em parceria com a Volkswagen local – que fornecia conjunto montado de chassi, powertrain e estrutura mecânica completa – até 1972.
Para comemorar o marco a Karmann-Ghia brasileira promoverá um concurso destinado a estudantes de design. A ideia é redesenhar o modelo adaptado ao século 21, e de modo que seja possível reiniciar sua produção local, mesmo que hipoteticamente. Os executivos não descartam a possibilidade de produzir algumas unidades do veículo com o design vencedor.
A companhia divulgará publicamente o concurso, bem como suas regras e pormenores, nas próximas semanas.
FONTE AUTO DATA