[size=60]Começa contagem regressiva para tarifaço de Trump sobre carros e peças importados CLAUDIO DE SOUZA, CORRESPONDENTE NOS EUA[/size]
FEV
2019
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve decidir nos próximos três meses sobre a eventual imposição de tarifas de 25% sobre carros e autopeças importados. Governos e montadoras de Alemanha, Japão e Coreia do Sul preparam-se para sofrer perdas bilionárias caso mais essa bomba da guerra comercial patrocinada por Trump — que até agora teve a China como principal alvo — realmente seja detonada.
A decisão sobre o tarifaço deve se basear num relatório — em princípio, confidencial — entregue a Trump pelo Departamento de Comércio dos EUA neste domingo (17). A principal justificativa ensaiada pelo governo americano: carros estrangeiros são “um perigo à segurança nacional”.
O presidente tem 90 dias para anunciar seu plano, mas a ideia de penalizar financeiramente as montadoras estrangeiras não é nova.
Em encontros de líderes ao longo dos últimos dois anos, Trump tocou no assunto várias vezes, para desgosto principalmente da chanceler alemã Angela Merkel — que tem assumido o papel de defensora dos grupos automotivos Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz.
Neste final de semana, Merkel afirmou que é “amedrontador” pensar que os EUA imporão tarifas até mesmo sobre as peças importadas de carros fabricados localmente na América (inclusive de General Motors, Ford e FCA, controladora da Chrysler). A chanceler lembrou ainda que a maior fábrica da BMW no mundo não fica na Bavária, e sim na Carolina do Sul.
A associação de fabricantes de automóveis da Alemanha, VDA (equivalente à brasileira Anfavea), disse ser “incompreensível” qualquer decisão que enquadre carros estrangeiros como uma ameaça aos EUA.
Segundo a VDA, cerca de 300 fábricas ligadas ao setor automotivo alemão (incluindo autopeças) operam nos EUA, gerando 113 mil empregos.
O que a VDA insinuou, o Center for Automotive Research, especializado em estudos do setor automotivo americano, afirmou com todas as letras na semana passada: no pior cenário, um tarifaço patrocinado por Trump pode levar a 370 mil demissões nos EUA e a uma queda de 1,3 milhão de unidades nas vendas de veículos a cada ano. Uma outra previsão fala em 1,8 milhão anuais até 2026.
Isso porque praticamente todos os carros vendidos nos EUA ficariam mais caros. Os aumentos estimados vão de US$ 1.800, para modelos fabricados localmente, a US$ 5.700, para importados de luxo.
A Coreia do Sul também pode ter sua economia abalada pelos caprichos de Trump. Em 2017, o país enviou ao EUA cerca de 840 mil veículos, um terço de todas as suas exportações automotivas. O sangramento causado pelas tarifas, segundo uma previsão citada na imprensa coreana, pode chegar a US$ 3 bilhões por ano.
Modelos como Accent, Elantra e especialmente Sonata e Santa Fe são muito queridos aqui nos EUA. É quase surreal imaginá-los como uma ameaça à indústria local (ao contrário: ajudaram a forçar a evolução das marcas americanas).
O comércio entre os dois países é regulamentado por um acordo bilateral, que supostamente seria rasgado por Trump.
O tarifaço, caso venha mesmo a ocorrer, deve poupar México e Canadá, que recentemente assinaram um novo tratado comercial com os EUA em substituição ao NAFTA.
É um dado importante, pois várias montadoras já fabricam nesses países uma parte de seus carros destinados ao mercado americano. E a tendência é que incrementem essa estratégia se Trump decidir seguir em frente com a decisão mais irresponsável de seu governo, ao menos no que se refere à economia global.
Imagem: Divulgação
COMENTÁRIOS: Esse cara é uma besta. Ele quer desmontar um sistema de comércio, MOLDADO PELOS ESTADOS UNIDOS nos últimos SETENTA ANOS com uma canetada. É de uma cretinice, uma idiotice, uma fanfarronice sem tamanho. Vejam a encrenca que está sendo o Brexit; agora, imaginem isso a enésima potência, lembrando o tamanho da economia dos EUA. No máximo, TALVEZ, ele consiga aumentar a arrecadação de impostos, POR ALGUM TEMPO, por conta do tarifaço, afinal, quem vai pagar a conta no final, VAI SER O CONSUMIDOR AMERICANO. Vai desarrumar um arranjo de décadas, moldado por eles mesmos, provavelmente jogando o mundo numa crise, que vai acabar sendo uma tremenda chance da China aumentar sua influência ainda mais. Vai ser um tiro no pé dentro de casa, vai ser um tiro no pé nas relações internacionais, vai ser um tiro no pé na confiança do país com seus parceiros mundo afora; afinal, se rasgam simplesmente acordos na base do "eu quero", quem vai confiar em uma assinatura se quer do país em qualquer outro acordo?