TESTE: HONDA CIVIC TYPE R
Nova versão é um brinquedo não apenas para os donos, mas para os engenheiros que o projetaram também
por FRANCISCO MOTA
10/07/2017 10h27- atualizado às 13h58 em 10/07/2017
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
O Honda Civic Type R anterior durou pouco mais de dois anos, por ter sido fruto de uma decisão tardia na vida da nona geração do Civic. Ainda assim, vendeu 10 mil unidades. Mas a décima geração do
hot hatch da Honda chega logo no primeiro ano de produção com sua versão esportiva, que dessa vez estava previsto desde o início do projeto. E a marca espera que venda muito mais, agora que se tornou um carro global.
Será o primeiro Type R a ser vendido nos EUA e também no Brasil.As mudanças não foram poucas. Ele ganhou mais 16,5 cm de comprimento, manteve praticamente a mesma largura e ficou 3,6 cm mais baixo, o que deu mais espaço nos lugares da fila de trás e um porta-malas de 414 litros, muito pouco comum num esportivo como esse. Mais importante é que o entre-eixo aumentou 9,5 cm.
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
Mas isso não é tudo. Começa pela nova estrutura em aço, que usa superadesivos para complementar as soldas e permitiram ganhar 37% na rigidez torcional e 45% na rigidez à flexão, ainda assim poupando 16 kg no peso. Depois vem a nova suspensão, com duplo eixo na frente, para evitar o torque-steering, e multilink atrás, substituindo a barra de torção.
A configuração do Type R é diferente dos outros Civic, para garantir maior estabilidade nas frenagens fortes e alguns braços são em alumínio, com maior tolerância longitudinal e menor nos esforços transversais. Os amortecedores têm três câmaras e continuam a ser reguláveis pelo condutor em três níveis, mas agora têm maior amplitude, entre o mais confortável e o mais duro. Para completar, há vetorização de torque até às velocidades intermediárias, sendo depois substituído pela ação do diferencial autoblocante mecânico.
A única transmissão disponível continua sendo a manual de seis marchas, com o curso da alavanca diminuído e relação final 7% mais curta. Caixa de dupla embreagem, nem pensar! Os engenheiros da Honda continuam acreditando que só um câmbio manual dá todo o envolvimento na condução que desejam. Finalmente, os freios, com discos ventilados, são da Brembo e o os pneus Sport Contact 6 são mais largos, de medida 245/30 R20 e feitos especialmente pela Continental para o Type R.
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
O motor
2.0 VTEC Turbo de 320 cv ganhou 10 cv pela otimização do sistema de escape e pelo novo mapeamento - foi o que menos mudou, mas ainda assim levou um novo volante de inércia, 5 kg mais leve. O torque máximo não mudou dos 40,7 kgfm.
Com tudo isso, a Honda anuncia uma velocidade máxima de 272 km/h e
aceleração de zero a 100 km/h em 5,7 segundos.
Por dentro, há novos bancos esportivos que parecem tirados de um carro de competição (a posição de condução fica 2,5 cm mais baixa), o volante tem uma pega excelente, o
painel de instrumentos tem informação específica, como medidor de força G, pressão do turbo e luzes indicativas do momento ideal para trocar de marcha. O condutor pode escolher agora entre três modos de condução: Comfort, Sport e +R, que alteram a resposta do acelerador, a curva de torque, a assistência da direção e o amortecimento, além da cor do painel de instrumentos.
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
Nas estradas, é perceptível o aumento de 15% do amortecimento entre o modo Comfort e o +R.
O motor mostra elasticidade suficiente e a direção é leve para facilitar as manobras, que ficam um pouco dificultadas devido ao grande raio de giro. De resto, nem a embreagem, nem a transmissão são pesadas para uma condução de dia-a-dia.
Mas claro que o lado mais interessante do Type R se revelou no circuito alemão de Lausitzring. Esta pista foi feita como uma tri-oval, ao estilo americano, mas traz várias opções de circuitos convencionais. A Honda escolheu o maior, com 4,5 km. Com capacete colocado, e bem sentado no Civic Type R, arranquei do pit-lane em modo Comfort para a primeira volta de reconhecimento a uma pista que tem curvas médias e lentas. Na segunda volta, já estava em modo Sport e logo a seguir em modo +R, o mais esportivo.
Então deu para ver a outra personalidade do Type R, com um acelerador muito mais sensível, um amortecimento bem mais duro e direção mais pesada, para garantir a estabilidade.
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
Assim que passa das 2.500 rpm, o 2.0 VTEC Turbo ganha imensa força, como qualquer motor turbo a gasolina, mas a diferença é que mantém todo o seu vigor até chegar ao corte da injeção. Faz realmente lembrar os antigos motores atmosféricos da Honda, só que com muito mais potência.
A caixa aceita todo o tipo de reduções, com movimentos de pulso muito rápidos e curtos e sempre com uma sincronização perfeita. É realmente mais divertida que uma caixa de dupla embreagem. Os freios Brembo aguentaram as consecutivas frenagens no limite que o circuito exige ao fim de suas duas grandes retas, sem perder tato, nem mostrar aquecimento e com o Civic perfeitamente estável. Mas é o comportamento dinâmico que mais agrada. A suspensão da frente usa muito bem os pneus especiais para manter uma atitude muito plana na entrada em curva, sem castigar em excesso a roda exterior. O Type R consegue curvar quase como um carro de competição, muito bem apoiado nas quatro rodas, resultado do centro de gravidade 10 mm mais baixo que no modelo anterior, da maior distância entre eixos e da melhor distribuição de pesos.
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
Se a frenagem for bem tardia, já entrando na curva, a traseira roda um pouco para ajudar a alinhar com a trajetória de saída. O controle de estabilidade dá uma margem boa, mas pode ser desligado por completo. Ao acelerar, o autoblocante coloca toda a potência no chão.
De fato, o carro faz com que os 320 cv até comecem a parecer pouco.
A verdade é que a Honda conseguiu melhorar o Civic Type R em todas as áreas relevantes, chegando a
um carro que é, ao mesmo tempo, mais confortável e fácil de usar, mas também mais eficaz e mais rápido. Não é tarefa fácil.
Ficha TécnicaMotor: 2.0, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 16V, injeção direta, turbo, gasolina
Potência: 320 cv a 6.500 rpm
Torque: 40,7 kgfm a 4.500 rpm
Câmbio: Manual, 6 marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente McPherson (dianteira) e multilink (traseira)
Freios: Discos ventilados (dianteira) e sólidos (traseira)
Pneus: 245/30 R20
Comprimento: 4,55 m
Largura: 2,07 m
Altura: 1,43 m
Entre-eixos: 2,69 m
Tanque: 46 litros
Porta-malas: 420 litros
Peso: 1.380 kg
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
Honda Civic Type R (Foto: Honda)
COMENTÁRIOS: Ao que parece, a Auto Esporte agora, já tem um português para chamar de seu, como a 4 Rodas. Não acho bom, pois é terceirização de função que acaba tirando a chance dos repórteres nacionais terem este contato mais íntimo com modelos, a serem importados/feitos aqui ou não. Segundo, pelo texto, a importação do modelo é certeza, o que é bom para o nosso mercado, lembrando que Ford e VW ficam fazendo c* doce com relação ao Focus RS e Golf R que, com certeza são carros de nicho, mas que acrescentariam a imagem da marca. Por fim, vendo o pomo do câmbio do modelo, me lembrei da apresentação do Polo GTi onde em um vídeio, creio que da Auto Bild, o repórter comenta que deixar o carro no sol pode acabar deixando queimaduras, pois no VW, assim como no Civic, o tal pomo é em metal.