Quanto se cobrava por carros dois anos atrás
27/09/2012
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O que uma pessoa pode fazer em dois anos? Muitos sequer se lembram onde estavam ou o que fizeram há dois anos, a verdade é que muita coisa acontecem nesse bom espaço de tempo. No mercado automotivo a realidade não é diferente, alguns
carros se despedem, outros chegam… alguns super-valorizam e alguns despencam curiosamente.
O que irá ler daqui pra frente é uma breve análise-retrospecto do quanto se cobrava por alguns
carros há exatos dois anos atrás. Receio que tenho boas e más notícias, mas aproveite a viagem e se lembre dos bons tempos… ou não.
Primeiramente, começando em ordem alfabética, temos o
Chevrolet Celta. Em 2010, seu modelo de entrada se chamava Life e custava R$ 27.006, de acordo com a tabela. No ano de
2012, já usando a sigla LT como versão de entrada, seu preço de tabela consta como R$ 23.988. Grosseiramente, há uma diferença de R$ 3.000 que pode ser atribuída à queda do IPI, mas ainda assim é notável o desnível. Curiosamente, contando o IPI ou não, o
Agile LT registra uma variação de quase mil reais nesse período de dois anos, partindo de R$ 35.758 (2010) e indo para R$ 36.390.
Vale lembrar que, para o ano de
2012, houve a implementação do airbag de série, ou seja, na teoria, a
Chevrolet tem como “justificar” esse aumento. A primeiro momento parece que a participação do Governo não chega a controlar tanto assim os preços, mas ainda é cedo para fazer tal afirmação, vejamos os próximos casos.
Na
Fiat temos outro exemplo de extrema queda de preço, o
carro em questão é o
Fiat Palio Fire Economy, que em 2010 era registrado em tabela por R$ 26.810, atualmente cobram no pequeno
Fiat a quantidade de R$ 23.290, uma diferença superior a três mil reais. Um fato curioso é que, segundo a fonte utilizada (vide final do texto), em
2012 o
Palio perdeu a direção hidráulica de série, esta constando somente como opcional.
Diferente da
Chevrolet, que subiu o preço, mas não retirou nada do modelo de entrada, essa prática não aconteceu em um importante modelo para a montadora italiana. Há outro ponto interessante de se ressaltar na
Fiat durante esses dois anos, que é o caso do
Punto 1.4 Attractive. Em 2010 ele era cotado a R$ 39.290, em
2012 já são cobrados R$ 38.570, uma diferença pouco menor do que mil reais, porém, diferentemente do caso do
Palio, a
Fiat abriu a mão e disponibiliza o Airbag e o ABS como itens de série, ou seja, o consumidor saiu ganhando nessa (a grosso modo).
A
Ford também foi racional, um exemplo marcante é do
Focus Hatch GLX 2.0 (câmbio manual), que teve uma queda no preço que seria até caso de “investigação”, o hatchback amado pelos amantes da dirigibilidade foi de R$ 59.620 para R$ 55.110 em
2012, sem nenhum registro de acúmulo ou retirada de itens de série. Seria esse um indício do fim de vida do modelo que receberá uma completa reformulação já presenciada pelos europeus?
O que dizer do
Fusion 3.0 V6 SEL que, em 2010, era anunciado pela
Ford ao valor de R$ 101.400 e hoje você sai com ele da concessionária por “meros” R$ 94.360, agora com tração dianteira ao invés de integral nesta versão mais barata. Alguns podem dizer que este é o “efeito
Hyundai”, mas algo indica que também é a chegada do novo modelo que começará a ser vendido em breve nos EUA.
Sendo um caso ou até ambos, o que importa é a diferença de sete mil reais nesse período de dois anos, uma quantia que poderia significar até um veículo de categoria diferente. Fica novamente aquela pergunta: até onde o Governo influencia nesses casos? Mas vamos prosseguir.
Já falando em
Hyundai logo acima, é a vez da
Tucson GLS 2.7 V6 4×4 surpreender, ela caiu de R$ 80.000 para impressionantes R$ 64.900 em
2012. Seria o efeito da pouca procura que o consumidor teve pela versão V6 ou esse seria um sinal claro do “envelhecimento” do jipe sul-coreano? Vale lembrar que importantes concorrentes foram adicionados ao segmento, no entanto, mesmo compartilhando da mesma faixa de preço, nenhum deles conta com os seis cilindros da
Tucson. Racionalidade ou emoção? Eis a questão.
A
Renault marcou esses dois anos com duas boas notícias: a primeira foi uma queda bruta no preço do
Symbol 1.6 16V Privilége. Em 2010, o sedan francês era vendido a R$ 44.910 segundo a tabela, valor que se transformou em R$ 37.390. A segunda boa notícia vem com a adição do airbag de série nesta versão, ou seja, o consumidor está pagando mais barato por algo mais completo.
Notícias curiosas agora oriundas “do Japão”. A
Toyota conseguiu a dádiva de manter os preços praticamente inalterados da linha
Corolla, no entanto, algo aconteceu com a versão 2.0 Altis, em 2010 eles praticavam a bagatela de R$ 88.250, hoje está na faixa de “humildes” R$ 80.740. Talvez seja rejeição do mercado, mas essa diferença de preço é maior do que aquela praticada pela
Ford com o
Fusion V6. É o mercado e suas brincadeiras de mal (ou bom?) gosto.
Por falar em brincadeiras, a
Volkswagen apresentou uma peculiar nesses dois anos de mercado. A
Amarok, antes vendida somente na versão CD Highline 2.0 Diesel 4×4, com câmbio manual, estava na tabela com um valor de R$ 119.490. Segundo a fonte utilizada, este mesmo modelo sem a adição do câmbio automático, dito opcional, está cotado na casa dos R$ 130.562, uma diferença superior a dez mil reais. Pode até parecer estranho, pois um lançamento costuma ser mais caro a priori, mas um caso de aumento de preço após dois anos de comercialização é algo que deveria ser pesquisado mais a fundo.
Mas não vamos colocar a
Volkswagen contra o muro, vejamos o exemplo do
Golf 2.0 Black Edition. Em 2010, o hatchback “alemão” custava R$ 67.990, hoje ele sai novinho da concessionária por “somente” R$ 61.929. E ai, o que está esperando para adquirir o seu? Ou não…
Esses são alguns exemplos que achei interessantes serem incluídos nessa análise, no entanto, de forma geral, os
carros nacionais (contando Mercosul e México) tiveram uma queda delicada nos preços, algo que aconteceu em virtude da redução/isenção do IPI por boa parte deles. Alguns ganharam itens que antes eram opcionais, outros perderam e uma parcela continuou a mesma coisa.
Achei importante fazer esta comparação antes que o auxílio do Governo seja retirado, já que é essencial ter sempre em mente para onde nosso mercado está caminhando. É notável o aumento de modelos que foram adicionados nesses dois anos,
carros importantes foram retirados do mercado e outros igualmente “necessários” começaram a participar efetivamente das vendas, como o
March, New
Fiesta e
Duster.
O lado triste nisso tudo fica por conta da severa inércia da indústria, principalmente por parte do consumidor, que parece estar satisfeito em arcar com os altos preços cobrados desde 2010. Mais triste ainda é constatar a presença de dinossauros que perambulam dia e noite a procura de pessoas para servirem de vítimas, me pergunto se alguns dias nos livrarão de certos nomes/modelos datados de quase vinte anos atrás.
Os analistas sabem que poderão continuar cobrando se o mercado mantiver a demanda, está em nossas mãos decidir o que fazer com nosso suado dinheiro. Agora é a sua vez, leitor, consegue lembrar-se de algum modelo que teve uma diferença notável de preço? Será que essas leves mudanças no mercado indicam um futuro melhor ou tudo não passa de coincidência?
Fonte: Revista Quatro Rodas, edições #608 (Setembro 2010, ano 50) e #634 (Setembro
2012, ano 52). Segundo a revista, os preços de tabela são baseados no valor sugerido pela fábrica para o pacote básico da versão em questão, válidos para a região Sudeste.
Por Julio Cesar Molchan de Oliveira