“A entrada dos carros chineses no Brasil será a maior revolução do
mercado nacional após o fim da restrição aos importados na década de
1990”. A frase proferida por Luis Curi, CEO da Chery do Brasil, nos dá
uma idéia da repercussão que lançamentos como o Tiggo poderão causar
frente as tradicionais concorrentes instaladas no país, ainda que no
estágio atual eles sejam vistos como grandes promessas. Essa revolução,
como o executivo a caracteriza, será estimulada por um fator de suma
importância: o preço dos carros.
O Tiggo oferecerá por R$ 49 900 motor 2.0 16V de 135 cv,
ar-condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, airbag duplo,
freios ABS com EBD, MP3 Player, rodas de liga leve aro 16”, banco do
motorista e volante com ajuste de altura, alarme e até mesmo
aquecimento dos assentos dianteiros. Como você já conferiu no Carro Online,
o próprio Curi nos revelou que em outubro a Chery completará sua frente
de batalha com a chegada do compacto QQ (R$ 22 900), do Face (R$ 29
900) e do atual A3, que mudará de nome no Brasil, nas versões hatch e
sedã, ambas oferecidas por R$ 42 900. Esses modelos virão com um pacote
tão completo ou, em alguns casos, ainda mais atraente que o do Tiggo
por valores inferiores aos de seus concorrentes, afirma a Chery.
Mas qual seria o segredo da Chery? A empresa, fundada em 18 de
março de 1997, possui capital 100% estatal e partiu de uma iniciativa
da administração chinesa de criar uma marca global, com ênfase em
exportações. Sediada em Wuhu, a Chery possui cerca de 22 000
funcionários, sendo que mais de 100 deles são especialistas
provenientes da Europa, de grandes companhias do setor, para auxiliar
nas operações e desenvolvimento de novos produtos. Somente na China, a
Chery tem capacidade para construir 650 000 carros e o mesmo volume
de motores além de mais 400 000 transmissões por ano. Segundo Luis
Curi, “o segredo da Chery é trabalhar com uma margem de lucro muito
baixa, além do próprio ‘custo China’, o que nos permite conseguir
preços tão baixos”.
É por esse motivo – o “custo China” – que o principal executivo da
Chery no país informa que a marca ainda avalia seriamente se a instalação de uma fábrica no Brasil será viável ou não.
“Apenas como parâmetro, essa unidade teria de produzir em torno de 150
000 unidades por ano para ser interessante”. O Tiggo e o Face serão
importados da planta da Chery no Uruguai, enquanto o QQ e o A3 virão da
China.
Além das quatro novidades programadas para chegar ao país ainda
neste ano, Curi garantiu que, para 2010, mais três modelos inéditos
chegarão ao mercado nacional. Dentre eles estão um sedã compacto e uma
minivan, todos bicombustíveis. Aliás, o Face deverá estrear essa
tecnologia da Chery por aqui, a qual “é vital para ser competitivo no
Brasil”, afirma o CEO da Chery. Para o próximo ano, ainda no primeiro
semestre, as revendas da marca começarão a receber o Tiggo com câmbio
automático e tração 4x4. Aliás, com relação às concessionárias, a rede
inicial terá 30 lojas distribuídas em 14 estados, sendo que o número
deverá subir para 55 pontos até o fim deste ano. “Todas serão
concessionárias plenas, com assistência técnica e venda de peças.
Nossos clientes também terão à disposição um serviço de road assistance 24 horas por dia e os carros têm garantia de 3 anos”, informa o executivo.
Um pouco mais de Tiggo
O Tiggo já é oferecido na Argentina, Venezuela, Equador, Colômbia,
Uruguai, Peru e Chile, sendo que no último a Chery domina 3% do
mercado. No Brasil, até o fim de 2009, a expectativa da marca é vender
2 500 unidades do SUV, que terá como único opcional o revestimento de
couro para o interior.
Fruto de um projeto da própria Chery, o Tiggo traz
uma inegável semelhança no design com a segunda geração do Toyota RAV4.
Como a beleza é subjetiva, fato é que o Tiggo é proporcional nas
formas, sem exageros ou excessos estilísticos. Em uma volta pela cidade
de São Paulo, até mesmo a dona de um Ford EcoSport – o principal
concorrente do modelo – contorceu o pescoço para identificar o modelo.
Quem analisa o Tiggo meticulosamente começa a mudar sua opinião,
principalmente se o seu parâmetro de carro chinês é o Effa M100. O
estepe, também de liga leve, vai coberto por uma capa de fibra de
vidro, o capô é suspenso por dois amortecedores e o tanque de
combustível conta com abertura interna.
Apesar do "encanto" inicial, o carpete que reveste o interior
transmite uma sensação de baixa qualidade. As portas pedem certa força
para fechar. Em contrapartida, a ergonomia da cabine é boa e os botões
têm acionamento suave. A única ressalva vai para o plástico do console,
que, apesar de não exibir rebarbas e estar bem encaixado, não transmite
sensação de grande qualidade. O porta-malas pode abrigar 520 litros de
bagagem ou, caso o motorista remova o banco traseiro, a capacidade sobe
para 1 965 litros.
Dirigir o Tiggo também nos revela surpresas e alguns pontos que
ele ainda precisa melhorar. O propulsor, por exemplo, é elástico e
adequado para o uso urbano, apesar da faixa de potência e torque
máximos surgirem em rotações altas. Já a transmissão peca no engate das
marchas, principalmente na 1ª. De acordo com nossos testes, o Tiggo
acelerou de 0 a 100 km/h em bons 11s4, enquanto as retomadas de 60 a
120 km/h e 80 a 120 km/h foram cumpridas, respectivamente, em 20s7 e
14s5. A velocidade máxima, de acordo com a Chery, é de 165 km/h.
Não foi possível avaliar o Tiggo em situação fora de estrada, mas
a suspensão trabalha bem para vencer os buracos, lombadas e valetas da
cidade. Um problema é que o interior transmite um ranger de plásticos
constante ao passar por essas imperfeições. A direção, em trechos de
paralelepípedo, emitia uma vibração nada agradável. Com freio a disco
nas quatro rodas, o Tiggo precisou de 44,6 m para parar vindo a 100
km/h, marca que pode ser considerada boa tendo em vista que ele pesa 1
375 kg.
Ainda é cedo para dizer se os carros da Chery farão sucesso imediato,
mas é notório que a indústria automotiva chinesa está evoluindo em
termos de qualidade e o Tiggo nos revelou alguns detalhes
surpreendentes. Se a futura gama mantiver os preços anunciados com a
motorização flex, podemos esperar uma aceitação melhor, ou pelo menos o
início dela, por parte dos brasileiros. Só nos resta desejar boa sorte
à Chery.
mercado nacional após o fim da restrição aos importados na década de
1990”. A frase proferida por Luis Curi, CEO da Chery do Brasil, nos dá
uma idéia da repercussão que lançamentos como o Tiggo poderão causar
frente as tradicionais concorrentes instaladas no país, ainda que no
estágio atual eles sejam vistos como grandes promessas. Essa revolução,
como o executivo a caracteriza, será estimulada por um fator de suma
importância: o preço dos carros.
O Tiggo oferecerá por R$ 49 900 motor 2.0 16V de 135 cv,
ar-condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, airbag duplo,
freios ABS com EBD, MP3 Player, rodas de liga leve aro 16”, banco do
motorista e volante com ajuste de altura, alarme e até mesmo
aquecimento dos assentos dianteiros. Como você já conferiu no Carro Online,
o próprio Curi nos revelou que em outubro a Chery completará sua frente
de batalha com a chegada do compacto QQ (R$ 22 900), do Face (R$ 29
900) e do atual A3, que mudará de nome no Brasil, nas versões hatch e
sedã, ambas oferecidas por R$ 42 900. Esses modelos virão com um pacote
tão completo ou, em alguns casos, ainda mais atraente que o do Tiggo
por valores inferiores aos de seus concorrentes, afirma a Chery.
Mas qual seria o segredo da Chery? A empresa, fundada em 18 de
março de 1997, possui capital 100% estatal e partiu de uma iniciativa
da administração chinesa de criar uma marca global, com ênfase em
exportações. Sediada em Wuhu, a Chery possui cerca de 22 000
funcionários, sendo que mais de 100 deles são especialistas
provenientes da Europa, de grandes companhias do setor, para auxiliar
nas operações e desenvolvimento de novos produtos. Somente na China, a
Chery tem capacidade para construir 650 000 carros e o mesmo volume
de motores além de mais 400 000 transmissões por ano. Segundo Luis
Curi, “o segredo da Chery é trabalhar com uma margem de lucro muito
baixa, além do próprio ‘custo China’, o que nos permite conseguir
preços tão baixos”.
É por esse motivo – o “custo China” – que o principal executivo da
Chery no país informa que a marca ainda avalia seriamente se a instalação de uma fábrica no Brasil será viável ou não.
“Apenas como parâmetro, essa unidade teria de produzir em torno de 150
000 unidades por ano para ser interessante”. O Tiggo e o Face serão
importados da planta da Chery no Uruguai, enquanto o QQ e o A3 virão da
China.
Além das quatro novidades programadas para chegar ao país ainda
neste ano, Curi garantiu que, para 2010, mais três modelos inéditos
chegarão ao mercado nacional. Dentre eles estão um sedã compacto e uma
minivan, todos bicombustíveis. Aliás, o Face deverá estrear essa
tecnologia da Chery por aqui, a qual “é vital para ser competitivo no
Brasil”, afirma o CEO da Chery. Para o próximo ano, ainda no primeiro
semestre, as revendas da marca começarão a receber o Tiggo com câmbio
automático e tração 4x4. Aliás, com relação às concessionárias, a rede
inicial terá 30 lojas distribuídas em 14 estados, sendo que o número
deverá subir para 55 pontos até o fim deste ano. “Todas serão
concessionárias plenas, com assistência técnica e venda de peças.
Nossos clientes também terão à disposição um serviço de road assistance 24 horas por dia e os carros têm garantia de 3 anos”, informa o executivo.
Um pouco mais de Tiggo
O Tiggo já é oferecido na Argentina, Venezuela, Equador, Colômbia,
Uruguai, Peru e Chile, sendo que no último a Chery domina 3% do
mercado. No Brasil, até o fim de 2009, a expectativa da marca é vender
2 500 unidades do SUV, que terá como único opcional o revestimento de
couro para o interior.
Fruto de um projeto da própria Chery, o Tiggo traz
uma inegável semelhança no design com a segunda geração do Toyota RAV4.
Como a beleza é subjetiva, fato é que o Tiggo é proporcional nas
formas, sem exageros ou excessos estilísticos. Em uma volta pela cidade
de São Paulo, até mesmo a dona de um Ford EcoSport – o principal
concorrente do modelo – contorceu o pescoço para identificar o modelo.
Quem analisa o Tiggo meticulosamente começa a mudar sua opinião,
principalmente se o seu parâmetro de carro chinês é o Effa M100. O
estepe, também de liga leve, vai coberto por uma capa de fibra de
vidro, o capô é suspenso por dois amortecedores e o tanque de
combustível conta com abertura interna.
Apesar do "encanto" inicial, o carpete que reveste o interior
transmite uma sensação de baixa qualidade. As portas pedem certa força
para fechar. Em contrapartida, a ergonomia da cabine é boa e os botões
têm acionamento suave. A única ressalva vai para o plástico do console,
que, apesar de não exibir rebarbas e estar bem encaixado, não transmite
sensação de grande qualidade. O porta-malas pode abrigar 520 litros de
bagagem ou, caso o motorista remova o banco traseiro, a capacidade sobe
para 1 965 litros.
Dirigir o Tiggo também nos revela surpresas e alguns pontos que
ele ainda precisa melhorar. O propulsor, por exemplo, é elástico e
adequado para o uso urbano, apesar da faixa de potência e torque
máximos surgirem em rotações altas. Já a transmissão peca no engate das
marchas, principalmente na 1ª. De acordo com nossos testes, o Tiggo
acelerou de 0 a 100 km/h em bons 11s4, enquanto as retomadas de 60 a
120 km/h e 80 a 120 km/h foram cumpridas, respectivamente, em 20s7 e
14s5. A velocidade máxima, de acordo com a Chery, é de 165 km/h.
Não foi possível avaliar o Tiggo em situação fora de estrada, mas
a suspensão trabalha bem para vencer os buracos, lombadas e valetas da
cidade. Um problema é que o interior transmite um ranger de plásticos
constante ao passar por essas imperfeições. A direção, em trechos de
paralelepípedo, emitia uma vibração nada agradável. Com freio a disco
nas quatro rodas, o Tiggo precisou de 44,6 m para parar vindo a 100
km/h, marca que pode ser considerada boa tendo em vista que ele pesa 1
375 kg.
Ainda é cedo para dizer se os carros da Chery farão sucesso imediato,
mas é notório que a indústria automotiva chinesa está evoluindo em
termos de qualidade e o Tiggo nos revelou alguns detalhes
surpreendentes. Se a futura gama mantiver os preços anunciados com a
motorização flex, podemos esperar uma aceitação melhor, ou pelo menos o
início dela, por parte dos brasileiros. Só nos resta desejar boa sorte
à Chery.
Última edição por Fabiano em Sáb 22 Ago - 9:46, editado 1 vez(es)