Fiat Toro: Detalhes e impressões ao dirigir
A Fiat Toro finalmente chega ao mercado nacional trazendo uma proposta mais ousada da marca italiana para um segmento que está surgindo. Ocupando um espaço entre as picapes leves e médias, o novo modelo vem com uma proposta batizada de SUP (Sport Utility Pickup), que pretende oferecer espaço e conforto de um automóvel ou crossover, mas com a robustez e capacidade de carga de uma picape.
Oferecida inicialmente nas versões Freedom e Volcano, tendo ainda um pacote especial de lançamento, chamado Opening Edition, a Fiat Toro contraria o mercado nacional ao iniciar as vendas com a opção de entrada equipada de série com transmissão automática de seis marchas.
Além desta, a nova picape brasileira tem ainda câmbio manual de seis marchas e automático com nove marchas, exclusivo do motor diesel 2.0 Multijet, que tem como companheiro o E.torQ 1.8 Flex atualizado. A Fiat Toro também dispõe de tração 4×2 (dianteira) ou 4×4, com reduzida. Todas as versões se resumem em cinco opções, cujos preços variam de R$ 76.500 e R$ 116.500.
Confira os preços da Fiat Toro:
Freedom 1.8 Flex AT6 4×2: R$ 76.500
Freedom Opening Edition 1.8 Flex AT6 4×2: R$ 84.400
Freedom 2.0 Diesel MT6 4×2: R$ 93.900
Freedom 2.0 Diesel MT6 4×4: R$ 101.900
Volcano 2.0 Diesel AT9 4×4: R$ 116.500
Construída sobre a plataforma global da FCA, chamada B-Wide e mesma do Jeep Renegade, a Fiat Toro é um veículo bem diferente do SUV da marca americana, tendo nova suspensão traseira multilink, capacidade de carga entre 650 e 1.000 kg, tampa traseira bipartida, repetidores de direção e luz diurnas em LED, lanternas traseiras em LED, entre outros.
No estilo, a Fiat Toro sai do lugar comum e adota LEDs diurnos e repetidores separados do conjunto ótico de dupla parábola, que fica em uma posição mais abaixo. Além disso, há também faróis de neblina. Na traseira, as lanternas são compactas e bonitas, tendo ainda iluminação por LED. Lentes escurecidas reforçam a esportividade.
Com linha de cintura alta, a Fiat Toro impressiona pelo porte bem maior que as picapes leves, sem exceção. Ela não chega a ser como as atuais picapes médias, mas com 4,91 m de comprimento e 2,99 de entre-eixos, seu tamanho deve agradar quem deseja um veículo robusto e ao mesmo tempo com um perfil mais agressivo, mas sem exagero no comprimento. Ainda assim, as colunas C grossas e as janelas traseiras elevadas, assim como a alta tampa bipartida, deixam a picape com cara de carro maior.
Atraindo olhares curiosos por fora, a Fiat Toro também agrada em seu interior. Ele lembra muito o Jeep Renegade, compartilhando com este alguns recursos que a FCA agora distribui entre suas marcas, tais como o cluster com display multifuncional em TFT de 7 polegadas (3,5 na Freedom), multimídia Uconnect com tela de 5 polegadas e navegador, detalhes em tons mais destacados, bancos de visual esportivo, volante multifuncional com paddle shifts e os estranhos botões traseiros de volume e mídia, entre outros.
É perceptível o bom acabamento interno. Não passa a impressão de baixo custo, exceto talvez pelo túnel central, cuja tonalidade faz parecer que a peça não tem pintura. O porta-luvas tem tamanho mediano e há somente um porta-copos entre os bancos, embora o porta-objetos central tenha refrigeração.
Os bancos tem boa aparência, mas são duros, apesar de tecido/couro adequado. Na Volcano, o motorista tem regulagens elétricas. Outro item de destaque são os sete airbags (joelho inclusive), assim como sensores de chuva/crepuscular, retrovisor eletrocrômico, teto panorâmico (um toque, abre de uma vez) e interessante mescla de tons.
O espaço interno na parte de trás é razoável, mas não dá para esperar muito, pois a Toro não tem um porte do mesmo nível das picapes médias. O banco traseiro é menos vertical do que a da concorrente mais próxima. Apresenta conforto relativo, tendo ainda Isofix, três apoios de cabeça e cintos, bem como apoio de braço com porta-copos escamoteável.
A Fiat Toro pode duplicar a entrada USB e a fonte 12V, assim como a visualização das informações da multimídia no display do quadr de instrumentos. A posição de dirigir é correta e a coluna de direção tem bons ajustes. A ergonomia é adequada, assim como a altura interna, mesmo com teto panorâmico.
Já a caçamba tem bons 820 litros e fácil acesso pela porta dupla, travada eletricamente. Para quem precisa de mais espaço, um extensor retrátil inclui luzes e placa adicionais, além de rede de carga. Há inúmeros acessórios, incluindo soleira cromada na traseira, estribos, rack especial para caçamba, compartimento para animais no interior do veículo, protetores de rodas parafusados, engate móvel, assoalho em madeira naval na caçamba, entre muitos outros. A novidade é que podem ser adquiridos de fábrica.
Na Freedom, a Fiat Toro com pacote Opening Edition adiciona alguns recursos interessantes, tais como ar condicionado dual zone, câmera de ré e capota marítima, entre outros. Bem equipada e com uma oferta generosa de equipamentos de série, opcionais e acessórios, a nova picape da Fiat conta ainda com controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, controle de descida (4×4), gerenciamento de distribuição de torque nas rodas, entre outros itens de assistência e segurança.
No pós-venda, a Fiat criou a Revisão sob Medida e a Garantia Estendida. A primeira é um pacote que inclui de duas até dez revisões, no caso da Flex, ou até cinco revisões, no caso do diesel. Isso permite pagar antecipadamente pelos serviços e em caso de revenda, valorizar o veículo com plano de manutenção ainda incluído. Além disso, pode-se também adquirir garantia de fábrica extra de 12 meses (quatro anos no total) ou 24 meses (cinco anos de cobertura), outro ponto que pode reduzir a depreciação na hora da venda.
Impressões ao dirigir
Com boa impressão visual, por fora e por dentro, a Fiat Toro se mostrou um carro muito interessante ao dirigir. Sem dúvidas, o motor 2.0 Multijet diesel é a sensação maior do modelo, entregando 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 kgfm a 1.750 rpm. Andamos inicialmente na versão Volcano, que naturalmente tem transmissão de nove marchas e tração 4×4.
O propulsor entrega boa disposição em baixas rotações e rapidamente ganha força, garantindo à Fiat Toro uma boa performance. A transmissão ZF 9HP tem tantas marchas que não engata a nona antes de 110 km/h. Quando entra, a rotação fica em apenas 1.600 rpm, o que é bom para consumo e conforto.
Mesmo sem modo Sport, o câmbio reduz três marchas quando se exige um pouco mais no pedal, elevando o giro e a resposta do veículo. Com o 4×4 engatado, a Toro muda muito pouco. Como não havia trechos de terra no test drive, não foi possível encontrar uma situação para usar o 4×4 com reduzida. O nível de ruído a bordo é bom e a direção elétrica é extremamente leve em manobras e firme em condução.
Já a suspensão tem um ajuste mais firme. Nada de balanços exagerados como na maioria das picapes médias. A Fiat Toro é mais carro nesse aspecto que picape. É fácil perceber a traseira saindo, mas sua correção não exige muito do condutor. A estabilidade é boa, mas os pneus cantam facilmente em curvas mais rápidas. O conjunto absorve as irregularidades de forma razoável, exatamente por ser “mais no chão”. As mudanças manuais ajudam a extrair mais do motor, mas em realidade pouco utilizáveis no dia a dia.
Logo depois, partimos para a Freedom 1.8 Flex. Como já se sabe, a Fiat decidiu colocar sua única opção bicombustível – no caso da Toro – com transmissão automática de seis marchas. A montadora realizou mudanças no E.torQ, permitindo ao motor obter mais torque e disposição em relação ao usado no Renegade. São 135/139 cv a 5.250 rpm e 18,8/19,3 kgfm a 3.750 rpm. Apesar do ajuste, ele ainda se mostra pouco para as pretensões da Toro.
Por trabalhar em regimes mais altos, por conta dos 1.500 kg da Toro e de seu ciclo Otto, o 1.8 Flex gera um nível de ruído maior, que quando exigido com vigor, acaba incomodando. Notamos um ruído pouco comum nas acelerações, mas nada preocupante. O câmbio de seis marchas está bem ajustado e consegue manter o E.torQ em ritmo adequado na maioria das situações.
O uso dos paddle shifts é um pouco mais útil que no diesel, exatamente para poder tirar mais do motor flex. Rodando a 110 km/h, a rotação ficou em bons 2.300 rpm. Para a cidade, a Toro Flex se mostra adequada, mas na estrada, a falta de força fica mais nítida. As retomadas são prejudicadas por conta disso. Um propulsor maior faria bem ao novo comercial leve da Fiat.
Por fim, andamos na Toro Freedom 2.0 4×2. Sem o peso extra de cardã, diferencial traseiro e semieixos, a picape diesel da Fiat apresentou um bom desempenho. Com transmissão manual de seis marchas, a picape cabine dupla responde rapidamente ao acelerador, entregando assim saídas rápidas e agradáveis.
As retomadas também são pontuais, superando a performance das demais versões. Um pouco mais longo que o automático de seis marchas, o câmbio manual permite manter 2.100 rpm a 110 km/h. Seus engates são macios e precisos, assim como no Jeep Renegade. Mesmo com tração dianteira, a Fiat Toro 2.0 4×2 mostrou-se bem equilibrada e agradável de dirigir. A Freedom 2.0 4×4, igualmente manual, ficará para uma futura avaliação NA.
De forma geral, o comportamento da Fiat Toro agradou. Mostrou-se um veículo apto a oferecer uma condução próxima ao de um automóvel, mas com a vantagem de ter capacidade de carga maior e a robustez de uma picape. Somente com uma análise durante a Avaliação NA, poderemos ter um parecer melhor sobre as capacidades da nova picape.
De imediato, a impressão foi muito boa. A marca italiana decidiu partir para um produto realmente novo e com potencial de estar em mercados maduros, sem demérito algum para sua fabricação nacional. Estilo, acabamento, tecnologia e segurança são os pontos fortes, ainda mais reforçados pelas opções variadas de câmbio e tração. O motor diesel 2.0 Multijet é, sem dúvidas, um plus para um segmento que ainda explora bastante o propulsor flex.
GALERIA DE FOTOS:
http://www.noticiasautomotivas.com.br/fiat-toro-detalhes-e-impressoes-ao-dirigir/
COMENTÁRIOS: Tem mais de 200 fotos, não consigo colar. À exceção de alguns sites italianos, argentinos e uruguaios, repercussão internazional ZERO.