16/08/2013 | 17:08
Canal de
AvaliaçãoTeste: Kia Cerato renovado foge da caretice do segmento dos sedãs e vai bem com motor 1.6
Levamos a versão topo de linha equipada com câmbio automático para a pista de testes; avaliação traz números de desempenho dos concorrentes
Autor: Larissa Florencio/Foto: Giovanna Consentini
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Estilo sempre foi a especialidade do designer alemão Peter Schreyer, que desde o final do ano passado ocupa o cargo de presidente da Kia Motors. E com a estreia da nova geração do Cerato, o renomado executivo reforça a sua especialidade: melhorar o que já era bom. O sedã anterior já possuía linhas modernas, sóbrias e elegantes. Mas a terceira geração conseguiu evoluir sem exagerar no visual.
E a evolução foi tamanha que do Cerato de segunda geração sobrou só o nome. A dianteira está mais agressiva – mérito da nova grade e dos faróis mais alongados, que possuem como charme luzes diurnas de LEDs. Na lateral, a linha de caimento do teto está mais suave. A traseira ganhou um conjunto óptico despojadíssimo. E os consumidores mais atentos já perceberam que essas alterações deixaram o Cerato mais parecido com os irmãos maiores e estilosos, os sedãs Optima e Cadenza. E isso é (muito) bom.
Outra estratégia da Kia com a nova geração do Cerato foi ampliar as suas dimensões e seus horizontes. A partir de agora, o modelo mede 4,5 metros de comprimento (3 cm a mais que o antecessor) e 2,70 m de entre-eixos (5 cm maior que o do modelo anterior) e, com isso, passa a mirar adversários da categoria de sedãs médios. Nessa nova fase, seus principais rivais são as versões intermediárias dos modelos Honda Civic, Hyundai Elantra, Toyota Corolla, Volkswagen Jetta e Chevrolet Cruze.
Em termos de visual, o sedã da Kia está entre os mais interessantes do segmento. Ele consegue ser uma opção menos conservadora, o que em português claro, quer dizer, um sedã que não tem cara de "tiozão".
Mas a Kia sabe que o Cerato não irá estourar a boca do balão aqui no Brasil. A expectativa de vendas da fabricante sul-coreana é de emplacar 10 mil unidades por ano. Mas, vejam só, se isso se concretizar, o sedã se consolidará como o modelo mais vendido da Kia no Brasil. Para se ter uma ideia, os líderes do segmento, os nipônicos Honda Civic e Toyota Corolla, foram responsáveis pelo emplacamento de mais de 50 mil unidades no ano de 2012. Isso quer dizer que o Cerato tem a noção que não nasceu para ser líder.
Pista de testes: Cerato x concorrentesO Carsale testou a versão topo de linha do sedã, oferecida por R$ 71.900, equipada com o câmbio automático de seis velocidades (há também uma versão com caixa manual, que sai por R$ 67,5 mil). O motor que impulsiona as duas configurações é o mesmo: o bloco Gamma 1.6 litro bicombustível, capaz de entregar 122/128 cv abastecido com gasolina/etanol, nessa ordem.
E todos nós sabemos que um motor 1.6 para um sedã dessa categoria pode assustar os mais tradicionalistas, inclusive porque todos os concorrentes possuem propulsores maiores e mais potentes. Só para citar alguns, o 2.0 litros do Honda Civic gera 150/155 cv, enquanto o Toyota Corolla 1.8 entrega 136/144 cv e Chevrolet Cruze, também 1.8 litro, 140/144 cv, todos com etanol/gasolina, consecutivamente.
Antes de qualquer coisa, é bom lembrar que a palavra downsizing (do inglês, diminuição) está saindo do papel com o objetivo de tornar os motores menores, mais leves, mais econômicos, tudo isso privilegiando o desempenho. E a Kia aposta nisso. Segundo a tabela do Inmetro, a terceira geração do Cerato, equipada com câmbio automático, recebeu a nota B. As medições apontam que o consumo na cidade é de 6,6 e 9,5 km/l com etanol e gasolina, respectivamente. Na estrada são 9,1 com o combustível vegetal e 12,4 km/l com o derivado de petróleo.
Mas e na hora de acelerar, ele bate os concorrentes? Para tirar essa dúvida fizemos o sedã passar pelo
teste Carsale-Mauá, feito em parceria com a equipe do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), na pista da TRW, em Limeira (SP).
E o resultado surpreendeu.
Para acelerar até os 100 km/h ele levou 11,29 segundos. Essa marca é melhor que a do Chevrolet Cruze 1.8, que fez em 11,84 s. O Toyota Corolla 1.8 gastou 10,73 s e o Civic 2.0 cravou 10,82 s. Todos equipados com transmissão automática.
Na prova que marca o tempo que o veículo precisa
para fazer a retomada de velocidade de 60 km/h até 100 km/h, o coreano marcou 6,34 s. Com isso ele desbancou, ainda que por pouco, o Cruze (6,98 s) e o Corolla (6,40 s), enquanto o Civic obteve o melhor desempenho (6,12 s).
Fora das pistas, rodamos cerca de 800 quilômetros com o sedã, o que deu para perceber alguns atributos. Em velocidades de cruzeiro, o modelo se destaca por ser silencioso. Enquanto o velocímetro marca 100 km/h o ponteiro do conta-giros fica um pouco acima dos 2.000 rpm. Mas se você quiser aumentar muito a velocidade ou cravar o pé no acelerador para uma retomada mais brusca, um ronco mais grave invade a cabine.
Uma das surpresas é o sistema de suspensão, que merece elogios. Mesmo em vias de pavimento ruim ele dá conta de manter o conforto sem prejudicar a estabilidade. Outro item interessante é o botão presente no volante, que possibilita selecionar diferentes modos de direção (Confort/Normal/Sport), alterando o seu peso instantaneamente, privilegiando o conforto ou a esportividade.
No pacotão de série o sedã traz airbag frontal duplo, freios a disco nas quatro rodas com ABS (anti-travamento) e EBD (distribuidor de frenagem), ar-condicionado automático digital de duas zonas, volante multifuncional (com controle de som, piloto automático, computador de bordo, além do já citado modo de direção), rádio AM/FMCD/MP3/USB e entrada para iPod, lanternas traseiras com LEDs, porta-luvas climatizado, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, rodas de liga leve de 16 polegadas, entre outros equipamentos.
Em termos de acabamento, o Cerato também é caprichado. Mas vale avisar a Kia que o sistema de rádio não condiz com a nova cara da terceira geração. O visor do equipamento remete aos modelos antigos e pode fazer alguns consumidores torcerem o nariz.
ConclusãoModerno, bonito e prazeroso de guiar, o Cerato é uma boa opção no segmento de sedãs médios. O que pode espantar os consumidores mal informados é o fato de o modelo levar um bloco de 1.6 litro sob o capô, enquanto os seus concorrentes usam motores maiores. Mas, como já foi dito na matéria e comprovado nos testes, isso não impede o sul-coreano de enfrentar de igual para igual os seus rivais na pista. O que ele não consegue (e, talvez, nunca conseguirá) é vencer a força e a tradição das nipônicas Honda e Toyota, que há tempos dominam esse espaço. Mas como diz a máxima popular “não custa nada tentar”, não é?