NISSAN FRONTIER 2.0 SE: QUANDO MENOS É MENOS MESMO
Nova versão da picape custa R$ 15 mil a menos, mas não tem nem tela multimídia sensível ao toque
por GUILHERME BLANCO MUNIZ
08/01/2018 11h37 - atualizado às 11h51 em 08/01/2018NISSAN FRONTIER SE (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Muitos meses se passaram desde que a Nissan Frontier desembarcou renovada no Brasil até ganhar uma versão de entrada. A nova configuração SE chega por R$ 150.990, preço mais convidativo que os R$ 166.700 da LE, mas abre mão de muitos itens de série. Diferente de outros modelos que ganham versões menos caras e continuam com bons itens de série, o custo-benefício dessa versão não é bom. Nesse caso, menos não é mais, é menos mesmo. Ainda assim, testamos o modelo na nossa pista e contamos se ele vale a compra ou não.
Basta comparar a relação de equipamentos com outras picapes médias para entender o porquê. Pode procurar o quanto quiser, você não vai achar itens considerados básicos mesmo em picapes menores, como tela multimídia sensível ao toque e sensor crepuscular. E, pior ainda, prepare-se para a dor de cabeça na hora de manobrar os 5,25 metros de carroceria porque a versão basicona faz economia até nos sensores e na câmera de ré, que são essenciais para um veículo desse porte. A ausência faz ainda menos sentido quando lembramos que o diferencial do Nissan Kicks (de R$ 95.990) é a câmera 360 graus, que ajudaria muito os motoristas da Frontier. Chevrolet S10 e Ford Ranger já oferecem na casa dos R$ 150 mil versões com a maioria desses itens. Isso sem falar nos sete airbags da Ranger, em contrapartida aos apenas dois de série da Frontier SE.
MOTOR 2.3 MOVIDO A DIESEL TEM DOIS TURBOS E CÂMBIO AUTOMÁTICO FAZ TROCAS SUAVESContudo, nem tudo são problemas na vida dessa picape. Por fora, os poucos prejuízos no visual (como a ausência de estribos, luzes de led e capota marítima) são compensados pelos retrovisores e maçanetas cromados, além do design bastante moderno. A cabine é simples, mas não desagrada. O revestimento aposta em plástico rígido, porém, a peças são bem encaixadas e os comandos são intuitivos. O quadro de instrumentos tem tela colorida e fácil de usar, mas tem visual e funcionalidades pouco modernos.
Ao menos o desempenho continua o mesmo: o motor é um 2.3 biturbo movido a diesel, responsável por produzir 190 cv de potência máxima e bons 45,9 kgfm de torque. O câmbio é automático de sete velocidades e a tração é integral temporária. Depois de fazer certo esforço para vencer a imobilidade, a Frontier tem bom fôlego e as trocas de marchas são suaves.
O motor é equipado com um turbo que funciona em alta pressão e outro em baixa. Eles levam a picape aos 100 km/h em 10,1 segundos, conforme nossos testes. Outro benefício, segundo a Nissan, é a redução no consumo de combustível. Ainda assim, são números altos, típicos das picapes grandalhonas: 7,7 km/l na cidade e 10,3 km/l na estrada.
ACABAMENTO DA CABINE É SIMPLES, MAS O PONTO FRACO É A AUSÊNCIA DE TELA SENSÍVEL AO TOQUEApesar de ter perdido os ajustes elétricos do banco, o motorista encontra facilmente uma boa posição. Só seria mais confortável se a coluna de direção oferecesse ajuste de profundidade, há apenas de altura. Um ponto realmente negativo é a ausência de direção elétrica, a assistência hidráulica é pesada e dificulta a vida do motorista em manobras, embora entregue firmeza em altas velocidades.
Quem viaja atrás tem ótimo espaço, com conforto para até três adultos. Entretanto, o passageiro central traseiro sequer tem cinto de três pontos ou encosto de cabeça. A caçamba de 805 litros é menor do que a das rivais e não tem ganchos de fixação.
Para tentar compensar tantas ausências, a Nissan manteve alguns bons itens, como ar com saídas para o banco traseiro, chave presencial e controle de descida, além de uma tomada 12 V na caçamba e duas na cabine.
Vale a compra?Não. Pelo mesmo preço (às vezes até por menos), algumas rivais oferecem melhor custo-benefício e não deixam a desejar no desempenho. Atualmente, é importada do México, mas sua produção deve ser transferida para a Argentina em 2018. Lá, ficará ao lado da Renault Alaskan e Mercedes Classe X, que compartilham sua plataforma. Quem sabe passe a compartilhar também os itens de série que faltam para se equiparar às líderes de mercado.
Ficha técnicaMotor: dianteiro, longitudinal, 4 cil. em linha, 2.3, 16V, comando duplo, biturbo, injeção direta de diesel
Potência: 190 cv a 3.750 rpm
Torque: 45,9 kgfm a 2.500 rpm
Câmbio: Automático de 7 marchas, tração integral temporária
Direção: Hidráulica
Suspensão: Indep. McPherson (diant.) e eixo rígido (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e tambores (tras.)
Pneus: 255/70 R16
Dimensões:
Comprimento: 5,25 m
Largura: 1,85 m
Altura: 1,85 m
Entre-eixos: 3,15 m
Tanque: 80 litros
Caçamba
805 litros (fabricante)
Peso: 1.985 kg
Central multimídia: 5 polegadas, não sensível ao toque
Garantia: 3 anos
Cesta de peças: R$ 5.495
Seguro: R$ 8.178
Revisões:
10 mil km: R$ 595
20 mil km: R$ 1.155
30 mil km: R$ 595