Mercedes-Benz, Nissan e Renault produzirão na Argentina
um picape de uma tonelada para ser vendido sob as três marcas
Leitor da Coluna sabe — foi aqui onde leu, com antecipação, dos planos e da definição da Mercedes-Benz em fazer um picape para uma tonelada na Argentina. Também foi aqui informado da decisão da Renault em aproveitar a base do novo picape Frontier NP 300 da Nissan (foto) para fabricar um com sua marca no vizinho país. Internamente o picape Renault é chamado Raptur.
Agora, da mistura de informações, a matriz da Mercedes-Benz confirma: terá seu picape, e não será produzido solitariamente, mas produto de Tríplice Aliança. Há século e meio, acordo com tal título foi costurado para unir Argentina, Brasil e Uruguai para varrer da competição sul-americana o então valente Paraguai. O acordo renasce agora com vezo comercial, mas os inimigos são outros, os custos.
Alemã Daimler, controladora da marca Mercedes, francesa Renault e sua associada japonesa Nissan ampliaram seus entendimentos de troca de conhecimentos e meios, e cada marca terá um picape feito na Argentina. Aos compradores pode parecer curiosidade a Renault fazer um Mercedes ou um Nissan, mas purismo de fidelidade à marca é qualidade ou defeito de consumidor. Para as marcas, todos os veículos são quase iguais, e os métodos são capazes de padronizar as diferenças.
No caso a base do picape será do Nissan NP 300. Assim, Mercedes ou Renault não precisam investir em desenvolvimento. A Nissan não tem operação industrial na Argentina, mas a Renault a tem na sexagenária planta de Santa Isabel, em Córdoba, onde produzirá para as três marcas. Coisa rápida, 2016.
Elegante, chegou o Peugeot 2008
No ano das novidades em
crossovers, SAVs e SUVs, chegou novo participante, o Peugeot 2008. Concorrente a ser considerado, bem dotado em conteúdo, harmônico em preços. Baseia-se no hatch 208, dele herdando os bons acertos de suspensão, direção e freios.
A morfologia, cruza entre hatch e monovolume, gerou produto interessante, espaçoso, bem equipado, e a Peugeot focou em duas versões bem completas em decoração e conteúdo: Allure, motor 1,6 flexível, 122 cv, e Griffe, disponível com o mesmo motor e com o THP — 1,6 turbo desenvolvido com a BMW —, 173 cv.
Preços e conteúdos bem definidos entre o 208 e os novos frequentadores do segmento, recém-lançados Honda HR-V e Jeep Renegade. A Peugeot foca no trato interno para gabaritar o 2008 na nova postura da marca: identificar seus veículos como elegantes e refinados. Versão básica mais complete do segmento: rodas de alumínio, central multimídia com tela por toque em 7 pol, GPS, ar-condicionado automático de duas zonas, quatro bolsas infláveis.
Na versão Griffe com motor turbo há regulagem para melhorar a aderência em pisos como lama e barro, facilitador para pequenas dificuldades em estradas não pavimentadas. Vendas a partir de maio, e projetadas a 1.000 unidades/mês, número contido ante o pantagruelismo de Jeep e Honda, buscando mais de 4.000 ao mês, cada.
Com o 2008 a Peugeot foge de identificá-lo com a falsa imagem de jipinho. É um veículo multifunção, espaçoso, andar de automóvel, 20 cm de altura livre, porém estável. Concede andar em pisos ruins, mas sem vender a ilusão da capacidade de arrancar toco ou rebocar caminhão Scania carregado, como sugerem outros com a mesma morfologia.
Renault Espace vem ao Brasil
Há três décadas o Renault Espace criou o segmento dos monovolumes modernos — a marca já andara por ele no pós-Guerra com coisa parecida, o Galion, mas destinado a cargas, entrega de lavanderias, neste nível. O novo mesclava ampla área interna, conforto e rodagem automobilística — aqui foi reproduzido pelo
comendatore Toni Bianco sobre Ford Belina, no fim dos anos 80.
Voltou agora em edição revista e melhorada, no conceito de
crossover, outra mistura entre espaço e rodar automobilístico. No caso, grande e baixo em seus 4,85 metros de comprimento, 1,68 m de altura, 2,88 m entre eixos, 660 litros no espaço de carga. Vende a imagem de dinamismo e usou o conceito Citroën do para-brisa amplo, chamando-o Lumiére.
Demanda — ou crença do construtor — dos tempos atuais, muitos itens de conforto eletrônico, com ênfase ao sistema Renault Multi Sense, instalado num
tablet em tela de 8,7 pol no console central, de onde se controlam as diversas funções, incluindo regulagem de direção, suspensão, motor e câmbio. Na Europa, motores a diesel e gasolina. Este, 1,6 turbo, 200 cv e 26 m.kgf de torque, somados a transmissão com duas embreagens e sete marchas.
Chegará ao Brasil, pois incluído no plano de produtos da empresa mostrado pela Coluna há três semanas. Motorização incerta. A atual geração, incluindo o 1,6, está em fim de linha, mas inexiste sinalização quanto a produzir nova geração com injeção direta de combustível e turbocompressor.
Roda a Roda
Futuro – Salão de Seul mostrou o caminho de estilo a Kia na próxima geração. É o Novo Concept, desenvolvido em casa, na Coreia do Sul sobre sua plataforma C. Proporções sugerem rendimento esportivo ao sedã de quatro portas. Próxima geração de médios deve incorporar seus conceitos.
Idem – Caminho de novidades no segmento dos sedãs com aura de cupê foi aberto pela VW no Salão de Genebra, com o Sport Concept Coupé GTE, em plataforma MQB, base de Golf e Polo. Parte dos conceitos estará no Passat CC.
Atualização – Nova série do Mercedes Classe B. Reformulação na dianteira e no interior, mantém a motorização 1,6 turbo com injeção direta, 156 cv, e foco bem ajustado de ser carro de família, formulação e rótulo responsáveis pelas vendas de 380 mil unidades desde o lançamento em 2005. No Brasil, mais de 10 mil. Três versões, a partir de R$ 128.900.
Aumentos – Apesar de o mercado mostrar atrativos e descontos para desovar estoques, frear a produção com férias antecipadas — e demissões — para harmonizar a boca do forno e o tamanho do balcão, preços tendem a subir. Inevitáveis: estoques grandes permitiram conviver com inflação, mas o aumento do dólar deve insuflar os preços, nos importados — já em ascensão — e nos nacionais. Nestes, muitos dos itens caros, como equipamentos eletrônicos ou seus componentes, são importados e terão influência nos aumentos.
Parou? – Vendas da indústria automobilística marcaram os resultados menos piores do ano. Primeiro trimestre foi 17% menor em relação a idêntico período do ano passado. Pode significar o fim da queda, próxima ao patamar de estabilidade, talvez a 20% inferior aos números de 2014.
Mais – Governo Federal ainda não se preocupou com a queda nos negócios de automóveis fazendo decair o valor das revendas. Tornaram-se extremamente atrativas a investidores estrangeiros querendo montar redes de distribuição no país. Hoje há algumas, com atrativo retorno de capital aos investidores.
Topo – Outro concorrente ao Porsche 911 na faixa de performance x preço: além de Audi R8, AMG GT, o novo McLaren 570 S. Menor ao irmão 650 S, tem motor V8 3,8 biturbo (570 cv e 60 m.kgf) entre-eixos traseiro, carroceria e chassis em fibra de carbono, para uso diário. Faz 0 a 100 km/h em 3,2 segundos, indo a 328 km/h como final.
Mais – A Sabó, nacional de autopeças, a maior dentre as poucas sobreviventes da razia ocorrida há duas décadas com a abertura da economia, vendeu sua divisão de borrachas à italiana Reflex & Allen. Quer se instalar no Brasil.
Incentivo – Campanha desenvolvida pela agência Hava — Liberdade para sua aventura — tenta motivar usuários do SAV Citroën Aircross a sair da frente do computador e ir aproveitar a vida.
Gente – Mudanças na Honda, prestígio ao pessoal da casa. Júlio Koga e Carlos Miyakuchi, vice-presidentes nas fábricas de automóveis e motocicletas. Alexandre Cury, diretor da operação motocicletas. Marcos M. Oliveira, número 1 para as revendas 4R, e Sérgio Bessa, diretor comercial de automóveis, agora diretor de Relações Públicas. / Jorge Portugal, 49, argentino, engenheiro, vice presidente de vendas da Volkswagen. Ocupava o mesmo cargo na VW Argentina. / Vitória e bom começo de gestão de David Powels, novo presidente da empresa no Brasil, cobrando mais resultados ao defenestrado ocupante anterior — que não se reportava a ele, mas à matriz.