Volkswagen prepara 20 lançamentos no Brasil até 2020
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Ricardo de Oliveira
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O presidente da Volkswagen David Powels, durante o lançamento do Novo Polo, anunciou que a empresa pretende fazer 20 lançamentos no Brasil até 2020. O objetivo é recuperar a liderança de mercado, começando pela virada de mesa com a chegada do compacto, que não esconde a pretensão de estar entre os primeiros.
No entanto, a quantidade não é referente somente a produtos novos, mas também versões e atualizações de estilo e proposta. Algumas delas já são conhecidas e outras, esperadas pelo mercado.
MQB A0
Para a Volkswagen, o centro dessa ofensiva começa pela plataforma modular MQB (A0), que vai gerar o quarteto impulsionador das mudanças. Com ela chegam, além do Polo, o sedã Virtus e mais dois produtos. O três volumes já está pronto – como podemos conferir no flagrante do modelo – e será seguido pelo SUV T-Cross, um modelo menor que o T-Roc europeu e com pretensões focadas no BRICS.
Ele será a porta de entrada da VW para o segmento, onde a marca também fará outro lançamento importante até 2021, o chamado projeto Tharu, que falaremos mais abaixo. Além do trio, é aguardada também uma picape cabine dupla feita sobre a plataforma MQB A0. O produto terá como missão bater de frente com a Fiat Toro e outras futuras picapes desse novo nicho, que já se mostrou promissor. Sua produção pode ser feita tanto na Anchieta quanto na Argentina, esta última com grande produção de picapes.
MQB
A Volkswagen tem na MQB “principal” sua espinha dorsal e aqui no Brasil não será diferente. Além dos quatro compactos já anunciados, a montadora pretende renovar seu portfólio de modelos maiores até 2020. O Golf deve receber facelift entre 2017 e 2018, atualizando-se em relação ao modelo europeu.
Essa mudança de visual também será estendida para a perua Golf Variant, importada do México. Por fim, espera-se a chegada para o ano que vem do esportivo híbrido Golf GTE, já amplamente testado no Brasil. O modelo tem motor 1.4 TSI com propulsor elétrico de 102 cv. O Passat deve receber atualização visual no período e introduzir mais tecnologia embarcada, mas provavelmente será mantido apenas o sedã.
Sobre a MQB, produtos novos também chegarão ao lineup brasileiro. O primeiro deles é o SUV Tiguan Allspace (como é chamado na Europa, onde existe o irmão menor), importado do México e provavelmente com motor 2.0 de 184 cv. Maior que o antigo Tiguan, ele terá opção de sete lugares e baterá de frente com o Chevrolet Equinox 2018.
Para substituir o antigo CC, que era derivado direto do Passat, a Volkswagen deverá trazer o Arteon, sedã focado em um estilo mais arrojado e que deve chegar com motor 2.0 TSI de 280 cv com tração integral 4Motion. Outro sedã no horizonte brasileiro é o Novo Jetta, finalmente feito sobre a MQB. Este sedã já foi flagrado e deve chegar a partir do México para atender também ao mercado americano. O propulsor 1.8 TSI de 184 cv pode ser oferecido, além do novo 1.5 TSI de 150 cv.
Outro MQB esperado no Brasil é o “gigante” Atlas. Com mais de 5 metros e amplo espaço para sete pessoas, o SUV é o maior VW já feito e foi exibido no Salão de Buenos Aires. Por lá, era somente um estudo, enquanto aqui não era nem considerado. Mas, depois David Powels sugeriu o produto entre as opções em análise. Deve chegar ao país e com motorização VR6 3.6 de 280 cv e tração 4Motion.
Por seu porte e preço, visto que é mais barato que um Touareg lá fora, pode substituir este último com vantagens. É improvável que a VW emplaque ambos no país, mas se o fizer, o Atlas terá de custar entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, deixa a faixa superior para o irmão mais luxuoso.
Mas a lista MQB ainda vai contar com um nono modelo, o projeto Tharu. Feito para emergentes, o SUV estaria sendo tocado pela Skoda e sua base seria o Karoq, utilitário esportivo tcheco recentemente lançado na Europa. Com 4,38 m de comprimento e 2,63 m de entre-eixos, ele é menor que o antigo Tiguan, mas serviria bem como intermediário entre T-Cross e Tiguan Allspace. A Argentina é tida como sua origem na região. Assim, uma dezena de modelos MQB novos, atualizados e incluindo um híbrido deverão completar a gama superior da marca por aqui.
Populares e picapes
Com a chegada do Polo, o que acontecerá com os demais compactos da VW? Gol e Voyage seguirão como modelos de entrada em seus segmentos, ganhando mais um facelift até 2020. O que se espera é por uma nova geração, que pode ser influenciada pela decisão da marca em outros mercados, especialmente o indiano. A saída para não utilizar a PQ24 modificada é ter a PQ12 ampliada. Isso pode ser possível com o projeto do T-Track, um SUV baseado no up!.
Herdando uma estrutura mais sólida e segura, a dupla deve se reinventar para seguir na porta de entrada da marca, mas com condições de disputar e vencer os rivais. O CrossFox será convertido em um aventureiro mais próximo de um crossover. A marca não dá detalhes do projeto, embora confirme uma mudança de rumo para ele. Podemos esperar algo parecido com o que a Honda fez com o Fit, que deu origem ao WR-V. Sem uma PQ12, sua vida não será longa após 2020, abrindo assim caminho para a conversão definitiva do up! em crossover, como em estudo na Europa.
A Saveiro também deve seguir o mesmo destino de Gol e Voyage, passando a ter uma plataforma mais leve e segura, mas sem crescer demasiadamente por conta da irmã maior, feita sobre a MQB A0. Falando de picapes, a Amarok V6 já está quase no mercado, sendo comercializada no país vizinho, onde é feita.
Já o up! pode ganhar uma versão esportiva GTI para servir de atrativo ao produto, que terá apenas três versões após a restruturação da gama. A motorização já existe. O subcompacto precisará chamar a atenção com a presença imponente do Polo no cenário brasileiro, por isso, um esportivo assim seria algo desejável.
O que falta?
O Fusca pode voltar a ser importado do México, tendo ainda algum carisma e quem sabe em versão com visual mais clássico e motorização 1.8 TSI de 170 cv. A Multivan importada ficaria muito cara mas, feita localmente e vendida inicialmente como Transporter (furgão), pode rivalizar com o argentino Mercedes-Benz Vito e os franco-uruguaios Peugeot Expert e Citroën Jumpy. O motor teria de ser o diesel 2.0 TDI de 114 cv, com câmbio manual de cinco marchas.