Fiat Mobi: desempenho fraco, consumo alto e preço elevado Categorias: [url=http://www.car.blog.br/search/label/An%C3%A1lise de Usados]
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O Fiat Mobi é o "novo"
veículo do mercado brasileiro que chega para competir no segmento de sub-compactos, segmento de mercado que conta com o
Volkswagen Up!,
Chery QQ (agora nacional, veja
aqui) e
Kia Picanto. Neste artigo relatamos nossas impressões sobre o modelo após um test-drive e análise detalhada do interior e dados de desempenho e consumo.
O Fiat Mobi, como o próprio nome sugere, está sendo apresentado pela Fiat como um novo conceito de mobilidade urbana, ou seja, um carro destinado ao uso prioritariamente em cidade. Para tanto, ele confia em dimensões externas reduzidas (o Mobi é 21 cm menor que o Uno, do qual empresta a plataforma), multiplicidade de porta-objetos - inclusive no porta-malas, novidades em termos de conectividade, preço relativamente competitivo e confiabilidade mecânica (mesmo conjunto mecânico do Uno).
A ausência de termos como "inovação" ou "modernidade" no rol das características do Mobi se justifica pelo fato de que o "novo" carro da Fiat é baseado em uma plataforma antiga (a do Uno) e adota soluções mecânicas ultrapassadas, como o fraco e ineficiente motor Fire 1.0 de quatro cilindros associado a uma transmissão manual de cinco marchas e assistência hidráulica de direção.
Assim, para tornar o Mobi "urbano", a Fiat Chrysler teve que reduzir o comprimento da carroceria do Uno em 21 cm, fazendo do Mobi um carro com comprimento total de 3,56 metros (contra 3,77 metros do Uno), e com distância entre-eixos de 2,3 metros (7 cm a menos que os já reduzidos 2,37 metros do Uno).
O problema é que como a plataforma é a mesma do Uno, que é projetada para comportar um motor de quatro cilindros, não há milagre: ao se reduzir as dimensões externas, sem redução do compartimento do motor, o "prejuízo" vai para o espaço destinado aos passageiros e bagagens.
Espaço interno: mais apertado que o já apertado Uno E isso fica bem claro ao se ajustar o Fiat Mobi para condução e observar o espaço destinado aos demais passageiros. O carona no banco dianteiro fica com pouco espaço para as pernas, e, ao abrir o porta-luvas, a tampa do mesmo fica apoiada em sua perna.
A situação para os passageiros traseiros é ainda mais dramática. Mesmo com o banco dianteiro ajustado para um motorista de apenas 1,70 metro de altura, um passageiro de 1,70 metro de altura terá que ficar com as pernas abertas no banco traseiro, o que torna o modelo inviável, do ponto de vista físico, para transportar três passageiros adultos no banco traseiro.
O porta-malas é outro ponto que impressiona por sua exiguidade. Ao se abrir a tampa do porta-malas (totalmente de vidro), encontra-se um volume típico de um porta-luvas, de tão pequeno que é. E a situação fica agravada pois a Fiat quis criar um sistema concorrente ao S.A.V.E. do Up!, que é o chamado Cargo Box, que piorou a situação. Ao contrário do sistema da VW - que é uma plataforma, com um engenhoso e prático sistema de suporte - o Cargo Box não passa de uma caixa enorme que ocupa quase metade do volume do porta-malas.
O problema é que o Cargo Box não fica preso no interior do porta-malas, sua tampa cai e fica solta, configurando-se em uma verdadeira "mala sem alça" que ocupa volume no já reduzido porta-malas do Mobi. De qualquer forma, a solução para esse "problema" é simples: não pedir esse opcional, ou, no caso dos modelos que já vem com ele de série, retirá-lo e deixá-lo em casa, ocupado um espaço menos escasso.
O contra-ponto a essa abordagem da Fiat é o Volkswagen Up!: o modelo da Volkswagen é um carro projetado do zero para ser um sub-compacto.
Assim, seu cofre do motor só comporta motores de três cilindros, e, por isso, tem quase a metade do tamanho do observado no Mobi, permitindo que mesmo com reduzidas dimensões externas (o Up! é 4 cm maior que o Mobi), ele tenha um espaço interno para passageiros e bagagens muito superior ao do Mobi (pois "desperdiça" menos espaço com um cofre de motor menor).
Ou seja, em termos de espaço interno o Fiat Mobi é uma má surpresa, pois ele é pior até que o Fiat Uno, um modelo que já não era um exemplo de eficiência espacial.
Mecânica ineficiente: desempenho letárgico, consumo elevado Se no aspecto dimensional o Fiat Mobi é pior que o Uno, em termos mecânicos há um empate, já que motor, transmissão, direção, suspensão, freios são rigorosamente os mesmos do irmão mais velho, mas isso também não é uma boa notícia.
O Mobi, por ser um Uno encurtado, perdeu cerca de 40 Kg, mas isso é imperceptível em termos de desempenho.
Segundo testes da revista Quatro Rodas, o Mobi, quando abastecido com gasolina, apresentou uma aceleração de 0 a 100 Km/h em 17,5 segundos - mesmo tempo obtido pelo Uno. Em nossa avaliação, cujo vídeo reproduzimos abaixo, ficamos negativamente impressionados com a lentidão de respostas do Mobi.
Esse número de 17,5 segundos na aceleração de 0 a 100 Km/h o torna mais lento que o já lento
Hyundai HB20 1.0 aspirado (veja avaliação deste modelo aqui). Mais que isso, o Fiat Mobi é 1 segundo mais lento que o
VW Gol 2017 Comfortline (avaliação aqui) e que o Chevrolet Onix 1.0.
Quando comparado com modelos modernos, como Up! e Ka, a diferença fica ainda maior: O Ford Ka 1.0 é 2,3 segundos mais rápido que o Fiat Mobi, e o Volkswagen Up! 1.0 MPI é nada menos que 3,2 segundos mais rápido. O gráfico abaixo coloca esses números em perspectiva.
Essa inferioridade do Fiat Mobi em termos de desempenho mostrada pelos números é plenamente sentida ao se conduzir o carro logo nas primeiras aceleradas. Mesmo para quem está acostumado com a
lentidão da Fiat Toro 1.8 Flex (veja aqui), o Fiat Mobi surpreende negativamente, mostrando muita dificuldade de ganhar velocidade, com um comportamento amarrado e que evidencia a ineficiência do motor, que mesmo submetido a elevadas rotações não consegue entregar agilidade ao sub-compacto Mobi.
Consumo: Fiat Mobi é o menos econômico da categoria O problema da adoção de uma mecânica desatualizada por parte da Fiat no "novo" Mobi é que além do desempenho insuficiente, seus números de consumo, segundo o INMETRO, são os piores da categoria, ficando atrás até mesmo do Chery QQ 1.0, conforme mostramos nas tabelas abaixo.
Modelo | Consumo de gasolina | Consumo de etanol |
Cidade | Estrada | Média | Δ Mobi | Cidade | Estrada | Média | Δ Mobi |
Volkswagen Up! MPI | 13,5 | 14,6 | 14 | 11,7% | 9,2 | 10,2 | 9,65 | 10,2% |
Ford Ka 1.0 | 13 | 15,1 | 13,95 | 11,3% | 8,9 | 10,4 | 9,58 | 9,4% |
VW Gol 1.0 2017 | 12,9 | 14,5 | 13,62 | 8,7% | 8,8 | 10,3 | 9,48 | 8,2% |
Hyundai HB20 1.0 | 12,5 | 14,1 | 13,22 | 5,5% | 8,5 | 9,9 | 9,13 | 4,2% |
Chery QQ | 11,8 | 13,9 | 12,75 | 1,8% | N/A (não se aplica) |
Fiat Mobi 1.0 | 11,9 | 13,3 | 12,53 | N/A | 8,4 | 9,2 | 8,76 | N/A |
O quadro acima mostra que o Fiat Mobi, além de oferecer o pior desempenho entre seus concorrentes, é ainda o que apresenta o pior consumo, e isso é resultado direto das escolhas mecânicas feitas pela Fiat, que soma um motor antigo com recursos de assistência ultrapassados, como o direção hidráulica (que contribui para piorar o consumo e o desempenho do Mobi ao roubar potência do motor).
Comportamento dinâmico A Fiat adotou no Mobi um ajuste de suspensão que é mais firme que o usado no Uno e Palio (carros caracterizados por sua suspensão molenga), mas que ainda assim é mais macia que a observada em Volkswagen Up! e Ford Ka. Esse ajuste, apesar de prejudicar a estabilidade do Mobi em curvas, faz com que as irregularidades das vias sejam menos sentidas pelos passageiros que seus concorrentes.
Assim, ao se andar com o Mobi em vias esburacadas, com valetas e lombadas, o ajuste de suspensão que prioriza o conforto agrada bastante, visto que a suspensão filtra bem as imperfeições. Além disso, o conjunto mostra-se robusto, de modo que mesmo ao se passar inadvertidamente em uma lombada (como fizemos no vídeo) sem reduzir a velocidade a suspensão não apresenta sinal de batida seca (que indicaria fim de curso) e também não há impacto da parte inferior da carroceria. Ao contrário: ouve-se apenas o ruído seco dos amortecedores trabalhando.
Esse ajuste macio, associado com a leveza da direção hidráulica (que é muito leve mesmo sem assistência elétrica), faz com que o Mobi transmita conforto ao motorista, o que é reforçado pelo ruído interno baixo, mostrando um bom isolamento acústico.
É importante considerar, porém, que se sente a carroceria torcer ao superar obstáculos, o que indica que a mesma não conta com um nível de resistência à torção no mesmo nível apresentado pelo Volkswagen Up!.
A direção, porém, tem uma boa empunhadura, e o volante da versão Like On, com comandos multifuncionais, permite comandar o sistema de áudio e atender e fazer ligações telefônicas sem tirar as mãos do volante - aspecto que reforça a segurança dinâmica do carrinho.
Estética A estética do Fiat Mobi é outro aspecto que tem sido objeto de elogios de pessoas que estão chegando às concessionárias para conhecê-lo. A dianteira é o ponto que mais agrada, com seu visual agressivo, esportivo e imponente - e que sugere ter sido inspirada na frente do Range Rover Evoque.
Ao se observar o Fiat Mobi de frente tem-se a impressão de que ele é um carro bem maior do efetivamente é de fato, e isso é claramente um recurso estético para tentar contornar o preconceito do consumidor brasileiro com carros muito pequenos.
A lateral também agrada, com suas linhas recortadas e pronunciadas, mas, vista de perfil, a frente parecer ser excessivamente pesada para as reduzidas dimensões longitudinais do modelo.
Finamente a traseira busca também transmitir uma impressão de esportividade - com a porta do bagageiro totalmente preta e confeccionada em vidro estrutural. As lanternas de grandes dimensões reforçam a sensação dimensional.
O problema dessa estética agressiva e ousada do Fiat Mobi é que sua disposição dinâmica não traduz o que o design sugere. Ao se observar o Mobi com sua dianteira agressiva e esportiva, a decepção com a lentidão das respostas do motor fica ainda mais pronunciada, pois o carro não entrega o que o visual sugere.
De qualquer forma, é exatamente sua estética, mais que seus atributos dinâmicos, de desempenho e consumo, que se consubstanciará seu principal argumento de vendas.
Acabamento A Fiat Chrysler fez saber, antes do lançamento do Mobi, que o modelo teria padrão de montagem e acabamento "nível Toro", e que seria o carro mais bem montado que sairia da fábrica de Betim (MG).
Entretanto, ao se analisar mais detidamente os plásticos duros com aspecto de baixa qualidade do interior, peças plásticas com rebarbas e frequentemente mal encaixadas, revestimentos ásperos dos bancos, a impressão que se tem que não há qualquer avanço nesta área quando comparado aos demais modelos compactos da marca, como Uno e Palio.
A sensação de carro barato fica reforçada pela aparência de baixa qualidade dos plásticos - sem uniformidade - e que não é disfarçada nem mesmo pelas texturas aplicadas ao painel, compondo um interior que está muito longe do padrão de acabamento adotado em seu principal concorrente, o Up!.
Custo x benefício A ineficiência espacial e dinâmica do Fiat Mobi poderiam ser parcialmente compensadas se as economias de escala e de escopo que a Fiat conseguiu ao usar em seu "novo" carro componentes antiquados se refletissem em um preço extremamente competitivo frente à concorrência, mas isso não se verifica na prática.
O preço do Fiat Mobi Like (
OBS: o Mobi das imagens é um Mobi Like On, com preço de R$ 42.300 reais; clique aqui para ver o vídeo do Mobi Like de R$ 37.900 reais) tem preço sugerido de R$ 37.900 reais, sendo R$ 2.090 reais mais em conta que seu concorrente direto, o Volkswagen Up! Take Completo, mostrado no vídeo abaixo.
A questão é que o valor adicional do Up! é diluído ao longo de um período de três anos, pois o modelo da VW é mais econômico que o Mobi. Além disso, o Up! tem vantagens claras, como direção com assistência elétrica, ajustes de altura do banco e do volante (ausente no Mobi Like).
Já o preço da versão Like On (modelo mostrado nas imagens), de R$ 42.300 reais, coloca o Mobi em um nível de preço mais elevado que carros de categoria superior, como VW Gol 2017 Comfortline (R$ 42.690), Ford KA SE 1.0 (R$ 41.990 reais) e até mesmo do Hyundai HB20 1.0 (R$ 40.545 reais).
Todos esses modelos compactos apresentam desempenho superior ao Mobi, consumo menor, mais espaço interno.
É bom lembrar também que, em se tratando de um carro urbano (congestionamentos), a Volkswagen oferece o ótimo
Up! I-Motion (veja nosso teste de longa duração com esse modelo aqui) na versão Move (com os mesmos itens do Mobi Like On, incluindo o sistema de som) por R$ 44.890 reais. A transmissão I-Motion do Up!, ao isentar o motorista de trocar marchas e acionar a embreagem, resulta em um nível de conforto ao motorista muito elevado, especialmente em congestionamentos, como mostramos no vídeo abaixo.
Ademais, o motor do Up! é tão superior ao do Mobi, que mesmo o Up! equipado com transmissão de operação automática, ainda assim ele é mais rápido, veloz e econômico que o Fiat Mobi.
Dessa forma, em face dos preços apresentados pela Fiat para o Mobi, consideramos que ele não apresenta uma relação custo x benefício favorável frente aos concorrentes de mercado.
Conclusão O Fiat Mobi chega ao mercado para disputar o segmento de sub-compactos, trazendo uma estética ostensiva e esportiva, desempenho mais fraco que de todos os concorrentes e consumo mais elevado que todos eles também. O espaço interno e de porta-malas é o pior da categoria, assim como o acabamento interno não é melhor que o do Uno.
Ademais, a relação custo x benefício também não é favorável, já que o Mobi chega a ser mais carro que modelos compactos mais modernos e eficientes que ele.