hehehehehehh
Olha, com certeza é mais carro que aquela joça.
Só uma correção: Twizy teria o mesmo conceito do Motomachine : http://quatrorodas.abril.com.br/classicos/brasileiros/gurgel-motomachine-500921.shtml
Mas,também não deixa de ser uma Romi Isetta moderna.
Renault Twizy, a Romi-Isetta dos novos tempos
Autoesporte deu uma voltinha no modelo elétrico minimalista
JASON VOGEL, DE O GLOBO, ESPECIALMENTE PARA AUTOESPORTE
Renault Twizy quer ser um novo conceito de transporte urbano, mas ainda está sem previsão de venda no Brasil
Se automóvel fosse sapato, o Twizy seria uma sandália Crocs... Mais do que um novo modelo elétrico, este Renault repensa o transporte individual nas grandes cidades. E muita gente já embarcou na ideia: desde o lançamento, em março, mais de cinco mil desses carrinhos foram vendidos na Europa.
Aproveitando a conferência Rio+20, a Renault trouxe três Twizy para demonstrações em terras cariocas. No primeiro encontro, o modelo 36 cm mais curto do que um Smart pode parecer estranho. Mas lembre-se que seu uso é urbano — a ideia foi fazer algo prático como um scooter, porém mais confortável e seguro. O tamanho contido permite driblar o trânsito, reduzir engarrafamentos e estacionar com facilidade. O peso baixo (450 quilos) poupa a bateria.
Pensando bem, um carro elétrico assim faz muito mais sentido do que os "primos ricos" Nissan Leaf e Renault Fluence Z.E., que tentam imitar (em dimensões, luxo e comportamento), os automóveis movidos a gasolina. O Twizy é o minimalismo levado ao extremo. Essencialmente, é uma gaiola de aço bem sólida, coberta por painéis de plástico. Os carros trazidos ao Rio tinham as laterais abertas, contando com o calor carioca. Na Europa há uma versão com portas do tipo tesoura, daquelas que se abrem para o alto e avante. Vidro traseiro não há — e nem faz falta em um carrinho tão estreito, dotado de dois bons retrovisores laterais.
Falta de vidro traseiro não incomoda. Retrovisores dão conta nas manobras com o carrinho
São dois lugares, um à frente do outro. Na falta de portas, há dois cintos de segurança para o motorista: um três pontos convencional e outro que passa pelo ombro direito, evitando que o corpo seja arremessado para fora em caso de acidente. Dito assim, parece desconfortável — mas não há qualquer aperto ou contenção de movimentos enquanto se dirige. Outro item de proteção é o airbag.
Uma pessoa de 1,85 m viaja no assento traseiro sem bater a cabeça na estrutura do carro. Ela pode esticar as pernas em torno do banco do motorista. Em pequenos trajetos, viaja-se até muito bem. Às costas do passageiro há um porta-objetos onde cabe um laptop ou uma bolsa pequena.
Como as laterais são abertas, o acabamento é todo impermeável, de plástico e borracha. Simples, mas muito bem feito e encaixado. Pode molhar à vontade. A bateria de ion-lítio vai sob o banco dianteiro e o motorzinho elétrico de 13kW (o equivalente a 17,6cv) vai no eixo traseiro. Hmmm... tração traseira em um carro tão leve é promessa de diversão!
Painel é minimalista e informa principalmente a velocidade e a carga da bateria
Junto com os Twizy enviados ao Rio, chegou o Francisco, um colombiano escalado para tomar conta dos carrinhos. Foi ele quem deu as instruções. Gira-se uma chave convencional, libera-se o freio de mão (numa alavanquinha sob o painel, como nos velhos DKW), aperta-se a tecla drive à esquerda do volante e, depois, basta controlar os pedais de acelerador e freio. Em um carro tão diminuto, é algo tão simples que uma criança de dez anos daria conta num instante — não fosse necessária habilitação.
Cabe uma observação. Na Europa há duas versões do carro: uma que não passa de 45km/h (e, por isso, dispensa carteira de motorista) e a outra que alcança 80km/h e exige os papéis.
Temendo que "seus" Twizy 80 não chegassem inteiros ao fim das duas semanas de Rio+20, Francisco exagerou no zelo e fez uma pista, pequena e travadíssima, num estacionamento próximo ao Riocentro, onde acontecia a reunião de chefes de estado.
Uma volta, duas, três e fui tomando gosto. Volantinho pequeno, direção bem direta (e sem qualquer tipo de assistência) e, pasmem, ótima aceleração inicial. Como o diâmetro de giro é muito reduzido, manobrar o carro em pequenos espaços é facílimo. Francisco logo percebeu que aquela brincadeira a velocidades cada vez maiores, numa pistinha apertada por cones, não ia prestar. O colombiano então liberou a ida a um terreno ao lado, com mais espaço. "Mas nem pensar em ir pra rua!". Seu argumento foi de que o carro só tinha placa traseira — e de moto, seguindo a legislação francesa. Que pena...
Há apenas uma marcha à frente e uma a ré. Com o motor central colado ao eixo traseiro, quase não há desperdício de energia. E lembre que, num elétrico, o torque máximo já está disponível desde 1 rpm... Assim, é acelerar e curtir.
Uma retinha e o velocímetro digital já passa dos 50 km/h. O que se ouve é um suave "vuuuuu" do motor fabricado pela eslovena Iskra Avtoelektrika. Há também o ruído de rolagem dos pneus Continental EcoContact, mais estreitos na dianteira do que na traseira.
Espaço é confortável para uma pessoa da 1,85 m. Carga da bateria pode ser feita em 3 horas em 220 volts
Fim do terreno murado, é hora de fazer uma curva de 180 graus. E não é que o Twizy surpreende mais uma vez? Apesar de estreito, curto e alto, ele quase não inclina a carroceria. Mérito das parrudas barras estabilizadoras, na dianteira e na traseira.
Começa a chuviscar e ligo o limpador. Mesmo com as laterais abertas, não me molho. Como há um pouco de areia na pista, a diversão aumenta — o bichinho se presta a fazer "drift"! Deve ser arte da Renault Sport, que projetou o chassi.
Toda essa estabilidade tem uma contrapartida: a suspensão é duríssima... O motorista sente qualquer irregularidade do terreno, por mínima que seja. No asfalto europeu, va lá. No Brasil, é de soltar as obturações dos dentes. Outro problema é a autonomia de 70km a 100km, dependendo do uso. Numa tomada comum, de 220 volts, a recarga demora três horas. Agora imagine isso nas grandes cidades brasileiras. Mesmo que haja tomada na garagem do edifício, síndico algum autorizará a despesa extra na conta de luz do prédio...
Tração traseira combinada à leveza garante até diversão a bordo do Twizy
Na Europa, o Twizy 80 custa 7 mil euros, mas é preciso pagar um valor mensal entre 50 e 100 euros pelo leasing das baterias, fabricadas pelas sul-coreanas LG e NEC.
Após meia hora de curtição, é hora de devolver o veículo minimalista. É facílimo guardar o micro Renault na pequena tenda onde Francisco está abrigado da chuva. O modelo ocupa o espaço aproximado de duas motos postas lado a lado.
Ágil, econômico, silencioso e fácil de estacionar, o Twizy é uma espécie de Romi-Isetta dos novos tempos. Seria feliz em vir ao trabalho todos os dias com um bichinho desses, se já houvesse por aqui alguma estrutura para recarga e manutenção de carros elétricos.
Fonte: http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EMI312243-10142,00-RENAULT+TWIZY+A+ROMIISETTA+DOS+NOVOS+TEMPOS.html