NEGÓCIOS
[b class="section"]Nº edição: 823[/b] | Negócios | 19.JUL.13 - 21:09 | Atualizado em 19.07 - 21:09
Velocidade máxima
A Honda teve o melhor primeiro semestre de sua história no Brasil. A dúvida é se a montadora japonesa, que segue apostando em nichos de mercado, vai manter o desempenho
Por Rodrigo CAETANO
A Honda nunca vendeu tantos carros no Brasil – no primeiro semestre deste ano, a montadora japonesa emplacou 65.127 veículos. Trata-se do melhor resultado para esse período desde que a empresa chegou ao País, em 1998. Suas vendas tiveram um crescimento de 13,2%, mais do que o triplo da alta registrada pelo mercado de automóveis nos seis primeiros meses do ano, de pouco mais de 4%. O mês de junho marcou outro feito importante: o Civic, seu carro-chefe, retomou a liderança no segmento de sedãs médios, perdida para o arqui-inimigo Corolla, da também japonesa Toyota, no ano passado. O Fit e o City, os modelos mais em conta da Honda, também tiveram um papel importante nessa acelerada.
Volta ao topo: o Civic, principal carro da marca, recuperou a liderança no segmento de sedãs médios
Eles apresentaram crescimento nas vendas de 38,4% e 42,5%, respectivamente, entre janeiro e junho. O desempenho da montadora só não foi melhor porque ela ficou praticamente um trimestre inteiro sem vender o CRV, seu popular SUV. Fabricado no México, o veículo passou por uma remodelação, mas as primeiras unidades do modelo 2013 chegaram às concessionárias apenas em abril. Motivos para comemorar, pelo visto, não faltam. Mas, apesar dos números, a Honda, cujo comando na América Latina está nas mãos do japonês Masahiro Takedagawa, vai ter de se desdobrar para continuar com esse ritmo de crescimento. A questão surge porque a montadora tem mantido uma posição conservadora, sem apresentar novidades no mercado.
Ao contrário das suas principais rivais asiáticas, Toyota, Nissan e Hyundai, ela não entrou no concorrido mercado de compactos, liderado pelas quatro maiores fabricantes que operam no Brasil – Fiat, Volkswagen, GM e Ford. O segmento de SUVs, que vem apresentando crescimento acima da média neste ano, tampouco foi bem explorado, dada a demora em trazer a nova versão do CRV para o País. Ou seja, o salto nas vendas não veio acompanhado de uma maior agilidade nos lançamentos. “O ritmo da Honda sempre foi mais lento”, afirma André Beer, ex-vice-presidente da GM no Brasil e que hoje atua como consultor no mercado automotivo. “Ela procura manter os seus veículos em um patamar mais alto, por isso é mais seletiva quanto aos lançamentos.”
Linha de produção: a Honda está expandindo sua fábrica em Sumaré (SP) para fabricar
o compacto Brio e um novo SUV
A montadora japonesa, segundo Beer, se aproveitou de uma janela de oportunidade que surgiu por conta da falta de renovação e da saída de alguns modelos rivais do mercado. O Corolla, por exemplo, já está defasado em relação ao Civic, que recebeu uma nova roupagem e motor mais potente no começo deste ano. Já o City tirou proveito da retirada de linha do Vectra, da GM, que disputava a mesma faixa de preço. “Não será uma surpresa se o Civic perder a liderança quando o novo Corolla chegar às concessionárias”, afirma Roberto Barros, analista da consultoria americana IHS. “Vejo esse movimento da Honda como sazonal.”
Para não perder o embalo, a Honda prepara algumas novidades. Neste mês, voltará a vender o Accord, seu sedã de luxo, que estava fora do mercado desde o fim de 2010. O CRV, relançado em abril, também deve impulsionar as vendas da montadora no segundo semestre.
Mas as principais apostas só devem chegar ao mercado nos próximos anos. Em 2015, será lançado um SUV de menor porte, para concorrer com o Renault Duster e com o Ford Ecosport. Esse é o segmento que mais cresce atualmente no mercado brasileiro. Em 2017, será a vez do compacto Brio. Os dois carros serão produzidos na fábrica de Sumaré, no interior de São Paulo, que está sendo ampliada. Segundo Barros, com esses dois carros a empresa entra para valer na disputa com as quatro grandes. “Ela deve dar um salto na participação de mercado, principalmente por causa do Brio”, afirma o analista. Vale ressaltar que, nos últimos cinco anos, as líderes perderam 10% do mercado justamente para as asiáticas, entre elas a Honda. A questão é se esse ritmo mais lento da montadora será eficiente para vencer no disputado mercado de carros populares.
COMENTÁRIOS: A Honda está numa encruzilhada, pois já não é mais tão pequena, mas também ainda não é grande. É fato que o Brio não seria o melhor modelo para fazer volume para a montadora aqui. Já apareceram diversas especulações, em especial em sites, sobre um eventual compacto da marca para bater de frente com Gol e Etios, por exemplo, inclusive citando o uso da plataforma do Fit simplificada (como eu aposto que a Ford vai fazer com o Ka).