Aceleramos o chinês Lifan X60
Lifan X60 (Foto: Oswaldo Palermo)
Talvez seja pelo maior exército do mundo. Ou pela população que supera 1,3 bilhão de pessoas. Ou até pelo número de carros vendidos anualmente no mercado interno, nada menos que 19,3 milhões de automóveis. O fato é que, quando se fala em lançamento de um carro chinês, logo se imagina uma invasão daquelas de ameaçar as tropas automotivas nacionais. Calma, que o alvo do Lifan X60 é doméstico e atende pelo nome de Chery Tiggo. O crossover montado no Uruguai chega com a missão declarada de peitar o rival chinês, mas não dispensa alvos secundários entre as fileiras de utilitários nacionais.
Tática que tem algo de estratégico como uma partida de War. Para começar, a Lifan montou uma cabeça de ponte no Uruguai, onde tem fábrica em San José. Dali, os carros podem vir sem pagar Imposto de Importação, graças ao acordo do Mercosul. De lá virão o 520 reestilizado (ainda baseado sobre o projeto do Citroën ZX de 1991) e o 320, que pode virar flex. Claro que o objetivo é mais humilde do que conquistar dois territórios.
São planos simples, na realidade. A Lifan estabeleceu o objetivo de vender 5 mil unidades do X60 até o fim do ano no mercado brasileiro – ano que vem a projeção aumenta em 20%. A principal arma é conhecida do arsenal chinês: pacote completo. Entre os chamarizes estão itens triviais como ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico e chave canivete, além de airbags frontais e freios ABS, que se somam a revestimentos de couro sintético e central multimídia com GPS e câmera de ré.
Não espere por uma pechincha, contudo. O preço é R$ 52.777, bem inferior a previsão de algo entre R$ 55 e R$ 60 mil aventada pela marca anteriormente. Lembrando que o preço não chega a ser uma surpresa diante de um carro que na China é vendido pelo equivalente a R$ 26 mil.
Um ponto que pode jogar contra é a falta de câmbio automático – a empresa ainda testa caixas do tipo na China. A motorização é intermediária à dos rivais, que sairão com motor 1.6 nessa faixa de preço. O 1.8 16V gera 128 cv de potência a 6.000 rpm e 16,8 kgfm de torque a 4.200 rpm e será estendido a uma versão top do 620. Está apenas na medida para o porte médio e peso de 1.330 kg sem carga. Curiosamente, na pré-apresentação a Lifan divulgou 133 cv de potência e 17,1 kgfm de torque, o que baixou inexplicavelmente para o patarmar atual.
Afeito a rotações mais altas, o motor exige trabalho da caixa manual de cinco marchas e só passa a render bem acima dos 2.500 rpm.
O senão é que falta precisão aos engates, enquanto a alavanca tem curso longo. A envolvência de condução ainda é algo a ser trabalhado pela maioria dos fabricantes chineses, e o Lifan também fica devendo um ajuste fino. Da mesma forma, a direção dá aquela sensação imprecisa de centro de volante, como se houvesse uma pequena “zona morta”. Quem busca o off-road, não terá no X60 um bom companheiro, pois não há versão 4x4.
Sem muitas curvas, o percurso definido pelo fabricante na capital uruguaia dos cassinos foi limitado. Nessa experiência, o X60 mostrou-se na mão, mas sem convite a abuso dado o seu centro de gravidade elevado. Além disso, o ajuste apostou suas fichas no conforto. A absorção de irregularidades é suave, sem muito molejo. A suspensão é independente e o conjunto de rodas aro 16 calça pneus Bridgestone Dueler 215/65. Os pedais estão desalinhados em relação ao motorista e o freio poderia ser mais modulável: pede muito curso e pressão para parar.
O nome X60 lembra o de outro crossover, o Volvo XC60. Há pontos comuns com outros carros, em especial os faróis ao estilo do Ford Focus ou o para-choque cujas molduras das luzes auxiliares parecem ter sido retiradas do Kia Sorento. Olhando a traseira, vemos um pouco do Captiva europeu. Em outros detalhes, o Lifan aposta na robustez, como a enorme grade cromada ou os para-lamas bojudos.
Na hora da fita métrica, o X60 é maior que o EcoSport em comprimento e distância entre-eixos (8 centímetros em ambas), e ainda supera o Tiggo e o Duster. Por isso, o espaço é bom para o porte. Atrás, há lugar para dois adultos viajarem sem apertar demais um eventual passageiro central. Há o recurso de reclinar o encosto. Por sua vez, o porta-malas de 405 litros (declarados) não se destaca.
O motorista senta-se em posição elevada, mas sem contar com recursos como o volante ajustável em profundidade (há regulagem apenas de altura) para se acomodar melhor.
Se as acomodações são decentes, a ambientação fica a dever. A Lifan aposta em um aparentemente requintado interior preto e creme, mas alguns materiais não convencem, caso da onipresente pintura prata. Sem falar dos encaixes com frestas. Uma delas, entre o painel e a coluna dianteira, saltou aos olhos. Outro problema foi a maçaneta da porta do carona, que emperrou e travou algumas vezes. Lá foi o fotógrafo Oswaldo Luiz Palermo resolver essa para poder sair com a frequência que uma sessão de fotos exige: bastou baixar o vidro e empurrar a peça para ela voltar ao lugar.
Entre uma jogada e outra, o Lifan X60 mostra-se um rival capaz de atrapalhar os planos do reestilizado Tiggo, que chega também do Uruguai na mesma época com a vantagem do câmbio automático dando continuidade a uma partida que começou na terra natal. A questão é se ele vai conseguir vencer os rivais mais experientes nesse jogo.
Fonte: AutoEsporte
Lifan X60 (Foto: Oswaldo Palermo)
Talvez seja pelo maior exército do mundo. Ou pela população que supera 1,3 bilhão de pessoas. Ou até pelo número de carros vendidos anualmente no mercado interno, nada menos que 19,3 milhões de automóveis. O fato é que, quando se fala em lançamento de um carro chinês, logo se imagina uma invasão daquelas de ameaçar as tropas automotivas nacionais. Calma, que o alvo do Lifan X60 é doméstico e atende pelo nome de Chery Tiggo. O crossover montado no Uruguai chega com a missão declarada de peitar o rival chinês, mas não dispensa alvos secundários entre as fileiras de utilitários nacionais.
Tática que tem algo de estratégico como uma partida de War. Para começar, a Lifan montou uma cabeça de ponte no Uruguai, onde tem fábrica em San José. Dali, os carros podem vir sem pagar Imposto de Importação, graças ao acordo do Mercosul. De lá virão o 520 reestilizado (ainda baseado sobre o projeto do Citroën ZX de 1991) e o 320, que pode virar flex. Claro que o objetivo é mais humilde do que conquistar dois territórios.
São planos simples, na realidade. A Lifan estabeleceu o objetivo de vender 5 mil unidades do X60 até o fim do ano no mercado brasileiro – ano que vem a projeção aumenta em 20%. A principal arma é conhecida do arsenal chinês: pacote completo. Entre os chamarizes estão itens triviais como ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico e chave canivete, além de airbags frontais e freios ABS, que se somam a revestimentos de couro sintético e central multimídia com GPS e câmera de ré.
Não espere por uma pechincha, contudo. O preço é R$ 52.777, bem inferior a previsão de algo entre R$ 55 e R$ 60 mil aventada pela marca anteriormente. Lembrando que o preço não chega a ser uma surpresa diante de um carro que na China é vendido pelo equivalente a R$ 26 mil.
Um ponto que pode jogar contra é a falta de câmbio automático – a empresa ainda testa caixas do tipo na China. A motorização é intermediária à dos rivais, que sairão com motor 1.6 nessa faixa de preço. O 1.8 16V gera 128 cv de potência a 6.000 rpm e 16,8 kgfm de torque a 4.200 rpm e será estendido a uma versão top do 620. Está apenas na medida para o porte médio e peso de 1.330 kg sem carga. Curiosamente, na pré-apresentação a Lifan divulgou 133 cv de potência e 17,1 kgfm de torque, o que baixou inexplicavelmente para o patarmar atual.
Afeito a rotações mais altas, o motor exige trabalho da caixa manual de cinco marchas e só passa a render bem acima dos 2.500 rpm.
O senão é que falta precisão aos engates, enquanto a alavanca tem curso longo. A envolvência de condução ainda é algo a ser trabalhado pela maioria dos fabricantes chineses, e o Lifan também fica devendo um ajuste fino. Da mesma forma, a direção dá aquela sensação imprecisa de centro de volante, como se houvesse uma pequena “zona morta”. Quem busca o off-road, não terá no X60 um bom companheiro, pois não há versão 4x4.
Sem muitas curvas, o percurso definido pelo fabricante na capital uruguaia dos cassinos foi limitado. Nessa experiência, o X60 mostrou-se na mão, mas sem convite a abuso dado o seu centro de gravidade elevado. Além disso, o ajuste apostou suas fichas no conforto. A absorção de irregularidades é suave, sem muito molejo. A suspensão é independente e o conjunto de rodas aro 16 calça pneus Bridgestone Dueler 215/65. Os pedais estão desalinhados em relação ao motorista e o freio poderia ser mais modulável: pede muito curso e pressão para parar.
O nome X60 lembra o de outro crossover, o Volvo XC60. Há pontos comuns com outros carros, em especial os faróis ao estilo do Ford Focus ou o para-choque cujas molduras das luzes auxiliares parecem ter sido retiradas do Kia Sorento. Olhando a traseira, vemos um pouco do Captiva europeu. Em outros detalhes, o Lifan aposta na robustez, como a enorme grade cromada ou os para-lamas bojudos.
Na hora da fita métrica, o X60 é maior que o EcoSport em comprimento e distância entre-eixos (8 centímetros em ambas), e ainda supera o Tiggo e o Duster. Por isso, o espaço é bom para o porte. Atrás, há lugar para dois adultos viajarem sem apertar demais um eventual passageiro central. Há o recurso de reclinar o encosto. Por sua vez, o porta-malas de 405 litros (declarados) não se destaca.
O motorista senta-se em posição elevada, mas sem contar com recursos como o volante ajustável em profundidade (há regulagem apenas de altura) para se acomodar melhor.
Se as acomodações são decentes, a ambientação fica a dever. A Lifan aposta em um aparentemente requintado interior preto e creme, mas alguns materiais não convencem, caso da onipresente pintura prata. Sem falar dos encaixes com frestas. Uma delas, entre o painel e a coluna dianteira, saltou aos olhos. Outro problema foi a maçaneta da porta do carona, que emperrou e travou algumas vezes. Lá foi o fotógrafo Oswaldo Luiz Palermo resolver essa para poder sair com a frequência que uma sessão de fotos exige: bastou baixar o vidro e empurrar a peça para ela voltar ao lugar.
Entre uma jogada e outra, o Lifan X60 mostra-se um rival capaz de atrapalhar os planos do reestilizado Tiggo, que chega também do Uruguai na mesma época com a vantagem do câmbio automático dando continuidade a uma partida que começou na terra natal. A questão é se ele vai conseguir vencer os rivais mais experientes nesse jogo.
Fonte: AutoEsporte