Chrysler produzirá carros no Brasil com fábrica em Pernambuco
Murillo Camarotto e Marli Olmos| Valor
10/12/2010 11:07
RECIFE - A Chrysler está pronta para começar a produzir veículos em Pernambuco. O investimento, que pode chegar próximo de R$ 1 bilhão, será feito pela Fiat, que adquiriu o controle da montadora americana há pouco mais de um ano. A realização do projeto depende agora apenas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe assinar o decreto presidencial, pelo qual será autorizada a prorrogação da medida provisória 471/2009, que concede incentivos fiscais às montadoras que se instalarem nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Trata-se de uma espécie de reedição do regime automotivo do Nordeste. Esse pacote de incentivos foi criado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas o governo Lula o relançou há dois anos, em troca da promessa da Ford de investir na expansão da fábrica em Camaçari (BA).
A publicação do decreto permite a extensão, de dezembro de 2010 para dezembro 2015, para que os fabricantes localizados nas regiões onde vigora o regime automotivo especial e que apuram IR pelo regime do lucro presumido utilizem os créditos de IPI acumulados para quitar outros tributos federais, como o PIS e a Cofins.
No âmbito estadual, o governo de Pernambuco enquadra as montadoras de veículos na categoria especial de incentivos fiscais, que trata das indústrias cujos bens ainda não são produzidos no Estado. Diante disso, a Fiat deverá receber um desconto de 95% sobre os créditos presumidos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O benefício é válido por 12 anos e prorrogável por outros 12.
A Fiat confirmou ontem, por meio de uma nota, que está em fase de negociação com o governo de Pernambuco. Nos bastidores, fontes informam que a montadora italiana aguarda a publicação do decreto dos incentivos fiscais como condição para anunciar o investimento.
Em princípio, o prazo para o governo federal resolva a questão é terça-feira, quando o presidente Lula estará em Pernambuco e, espera-se, o investimento da multinacional possa vir a ser anunciado. Nas últimas duas semanas o governador esteve em Brasília e São Paulo negociando o acordo automotivo. O tema se transformou no principal item dos interesses do Estado nesta transição.
O investimento deverá ser no complexo portuário de Suape, a 60 quilômetros do Recife. O porto é a principal vitrine do desenvolvimento econômico de Pernambuco. O local já abriga projetos importantes, como o estaleiro Atlântico Sul e a refinaria Abreu e Lima (Petrobras).
A importância desse investimento atinge vários ângulos. Do lado empresarial, será o maior investimento em uma nova fábrica anunciado pelo setor automotivo em 2010. Do lado do governo pernambucano, demonstra o sucesso de mais uma investida de Eduardo Campos (PSB), o governador mais próximo do presidente Lula e também o mais votado do Brasil, é a principal liderança política do Nordeste. E Lula consagrará o final de seu mandato com a primeira montadora no Estado em que nasceu.
O projeto também representa o retorno da Chrysler ao Brasil. A última passagem da empresa pelo país foi há mais de dez anos. Em abril de 2001, a montadora fechou a fábrica da picape Dakota, em Campo Largo, no Paraná, que foi construída em 1998. À época, o grupo DaimlerChrysler, que também se desfez posteriormente, teve de devolver ao governo do Paraná os incentivos fiscais recebidos para a construção do empreendimento.
Mas a história da montadora americana no Brasil começou bem antes, em 1958, com a formação da Simca do Brasil. Em 1966, 92% do controle acionário da empresa foi comprado pela Chrysler. Três anos depois, o grupo inaugurou a fábrica de caminhões Dodge. Posteriormente, a Volkswagen começou a participar do controle da corporação, em 1979, em um processo que terminou com o surgimento da Volkswagen Caminhões, em 1981. Há pouco mais de dois anos a Volkswagen Caminhões foi comprada pela alemã MAN.
(Murillo Camarotto e Marli Olmos | Valor)
FONTE: http://www.valoronline.com.br/online/chrysler/4984/351483/chrysler-produzira-carros-no-brasil-com-fabrica-em-pernambuco?utm_source=newsletter&utm_medium=tarde_10122010&utm_campaign=informativo
COMENTÁRIOS: Parece que vai ser mesmo a Chrysler que vai ser pernambucaana e não a Fiat. Daí, vem algumas especulações:
- pode ser o tal crossover Fiat que, segundo a Car & Driver, vai ser vendido nos EUA como modelo Jeep e quer seria feito no México para toda a América;
- desde o fim do Neon, a Chrysler não tem um sedan médio, compacto para os americanos em seu portfólio, e com a nova plataforma Alfa estreando este ano, abrem-se algumas janelas para a produção de modelo médio, que concorreria aqui com Civic, Corolla, Elantra (alguém duvida de seu sucesso em nosso mercado), etc. Lembro aos colegas que a tal plataforma Alfa, como no caso do Uno, é nova, mas usa partes da plataforma do Stilo/Bravo, que tal plataforma pode receber suspensão traseira por eixo de torção ou independente multilink, como a VW vai fazer com o novo Jetta;
- Pode ser que tal fábrica gere um modelo Fiat e outro Chrysler (crossover) ou tudo Chrysler, quem sabe um novo Neon e um crossover.
Lamentável mesmo é ver a fábrica da Mercedes se tornar uma produtora de caminhões, sendo esta uma unidade moderna e a mão de obra treinada em produção com qualidade Mercedes Benz, o que não é pouca coisa. Bom seria se se concretizasse aquela reportagem da Motor Show, onde a revista afirma que aqui seria produzido um sedan do tamanho do Civic e congêneres, mas padrão "Merça", já derivado da nova família Classe A/B. Esta prorrogação de regime serviria para isso.
Murillo Camarotto e Marli Olmos| Valor
10/12/2010 11:07
RECIFE - A Chrysler está pronta para começar a produzir veículos em Pernambuco. O investimento, que pode chegar próximo de R$ 1 bilhão, será feito pela Fiat, que adquiriu o controle da montadora americana há pouco mais de um ano. A realização do projeto depende agora apenas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem cabe assinar o decreto presidencial, pelo qual será autorizada a prorrogação da medida provisória 471/2009, que concede incentivos fiscais às montadoras que se instalarem nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Trata-se de uma espécie de reedição do regime automotivo do Nordeste. Esse pacote de incentivos foi criado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas o governo Lula o relançou há dois anos, em troca da promessa da Ford de investir na expansão da fábrica em Camaçari (BA).
A publicação do decreto permite a extensão, de dezembro de 2010 para dezembro 2015, para que os fabricantes localizados nas regiões onde vigora o regime automotivo especial e que apuram IR pelo regime do lucro presumido utilizem os créditos de IPI acumulados para quitar outros tributos federais, como o PIS e a Cofins.
No âmbito estadual, o governo de Pernambuco enquadra as montadoras de veículos na categoria especial de incentivos fiscais, que trata das indústrias cujos bens ainda não são produzidos no Estado. Diante disso, a Fiat deverá receber um desconto de 95% sobre os créditos presumidos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O benefício é válido por 12 anos e prorrogável por outros 12.
A Fiat confirmou ontem, por meio de uma nota, que está em fase de negociação com o governo de Pernambuco. Nos bastidores, fontes informam que a montadora italiana aguarda a publicação do decreto dos incentivos fiscais como condição para anunciar o investimento.
Em princípio, o prazo para o governo federal resolva a questão é terça-feira, quando o presidente Lula estará em Pernambuco e, espera-se, o investimento da multinacional possa vir a ser anunciado. Nas últimas duas semanas o governador esteve em Brasília e São Paulo negociando o acordo automotivo. O tema se transformou no principal item dos interesses do Estado nesta transição.
O investimento deverá ser no complexo portuário de Suape, a 60 quilômetros do Recife. O porto é a principal vitrine do desenvolvimento econômico de Pernambuco. O local já abriga projetos importantes, como o estaleiro Atlântico Sul e a refinaria Abreu e Lima (Petrobras).
A importância desse investimento atinge vários ângulos. Do lado empresarial, será o maior investimento em uma nova fábrica anunciado pelo setor automotivo em 2010. Do lado do governo pernambucano, demonstra o sucesso de mais uma investida de Eduardo Campos (PSB), o governador mais próximo do presidente Lula e também o mais votado do Brasil, é a principal liderança política do Nordeste. E Lula consagrará o final de seu mandato com a primeira montadora no Estado em que nasceu.
O projeto também representa o retorno da Chrysler ao Brasil. A última passagem da empresa pelo país foi há mais de dez anos. Em abril de 2001, a montadora fechou a fábrica da picape Dakota, em Campo Largo, no Paraná, que foi construída em 1998. À época, o grupo DaimlerChrysler, que também se desfez posteriormente, teve de devolver ao governo do Paraná os incentivos fiscais recebidos para a construção do empreendimento.
Mas a história da montadora americana no Brasil começou bem antes, em 1958, com a formação da Simca do Brasil. Em 1966, 92% do controle acionário da empresa foi comprado pela Chrysler. Três anos depois, o grupo inaugurou a fábrica de caminhões Dodge. Posteriormente, a Volkswagen começou a participar do controle da corporação, em 1979, em um processo que terminou com o surgimento da Volkswagen Caminhões, em 1981. Há pouco mais de dois anos a Volkswagen Caminhões foi comprada pela alemã MAN.
(Murillo Camarotto e Marli Olmos | Valor)
FONTE: http://www.valoronline.com.br/online/chrysler/4984/351483/chrysler-produzira-carros-no-brasil-com-fabrica-em-pernambuco?utm_source=newsletter&utm_medium=tarde_10122010&utm_campaign=informativo
COMENTÁRIOS: Parece que vai ser mesmo a Chrysler que vai ser pernambucaana e não a Fiat. Daí, vem algumas especulações:
- pode ser o tal crossover Fiat que, segundo a Car & Driver, vai ser vendido nos EUA como modelo Jeep e quer seria feito no México para toda a América;
- desde o fim do Neon, a Chrysler não tem um sedan médio, compacto para os americanos em seu portfólio, e com a nova plataforma Alfa estreando este ano, abrem-se algumas janelas para a produção de modelo médio, que concorreria aqui com Civic, Corolla, Elantra (alguém duvida de seu sucesso em nosso mercado), etc. Lembro aos colegas que a tal plataforma Alfa, como no caso do Uno, é nova, mas usa partes da plataforma do Stilo/Bravo, que tal plataforma pode receber suspensão traseira por eixo de torção ou independente multilink, como a VW vai fazer com o novo Jetta;
- Pode ser que tal fábrica gere um modelo Fiat e outro Chrysler (crossover) ou tudo Chrysler, quem sabe um novo Neon e um crossover.
Lamentável mesmo é ver a fábrica da Mercedes se tornar uma produtora de caminhões, sendo esta uma unidade moderna e a mão de obra treinada em produção com qualidade Mercedes Benz, o que não é pouca coisa. Bom seria se se concretizasse aquela reportagem da Motor Show, onde a revista afirma que aqui seria produzido um sedan do tamanho do Civic e congêneres, mas padrão "Merça", já derivado da nova família Classe A/B. Esta prorrogação de regime serviria para isso.